EM NOME DO PAI

Na Idade Média, as crianças eram identificadas numa família ou comunidade apenas pelo primeiro nome, uma situação que se mantinha até à adolescência.

Mas desde os primeiros tempos da nossa história que um número cada vez maior de Portugueses usava um segundo nome, pois era cada vez mais necessário para uma melhor identificação pessoal.

Em Portugal o segundo elemento do nome foi sempre, de forma dominadora, constituído por um patronímico na forma genitiva, por exemplo, Gonçalves de Gonçalo, Ramires de Ramiro ou Álvares de Álvaro, ou nominativa, o nome próprio do pai. O patronímico era assim um elemento importante para a aceitação do seu portador dentro da comunidade.

Esta forma de identificação foi comum a todo o oeste europeu, mas foi na Península Ibérica, especialmente na faixa ocidental, que o fenómeno se desenvolveu com maior exuberância, atingindo até finais da Idade Média praticamente 90% dos casos.

Na família, todos os filhos e filhas recebiam de igual modo o patronímico, mesmo aqueles nascidos fora do casamento.

Criava-se e publicitava-se assim à sociedade a ligação do indivíduo ao pai e a todos os irmãos e irmãs nascidos desse progenitor. Uma família nuclear que se desdobrava em tantos núcleos quantos os indivíduos do sexo masculino que, por sua vez, viessem a ser pais.

(Partilhado da página Castelo de São Jorge. O texto original pode ser visto aqui: https://www.facebook.com/.../a.12820.../3183533675013502/...)

Referências

GONÇALVES, Iria, O Corpo - O nome in História da Vida Privada em Portugal, dir. por José Mattoso, 1- A Idade Média, coord. de Bernardo Vasconcelos e Sousa, Lisboa, Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2010, p. 207-209.

Imagem

Excerto de “L'arbre de consanguinité”, Somme rurale de Jean Boutillier, Século XV, França, Paris, BnF. 

Repensando a Idade Média