Realizou-se no passado dia 18 de Janeiro, no Grémio Literário de Lisboa, a apresentação do Projecto Arquivo e Estudos do Miguelismo, 1822-1866, pelos seus coordenadores: Armando Malheiro da Silva, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, investigador integrado do CITCEM da mesma universidade; Daniel Estudante Protásio, investigador doutorado integrado no Centro de História da Universidade de Lisboa, Técnico Superior do Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; e Pedro Villas Boas Tavares, Professor Auxiliar Aposentado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, investigador integrado do CITCEM, da mesma universidade.
Por eles foram sublinhadas as lacunas da historiografia contemporânea portuguesa quanto ao estudo do fenómeno do miguelismo, dos seus protagonistas, do seu desenvolvimento, da sua acção, quer na fase inicial de aparecimento entre 1822 e 1828 numa reacção fortíssima aos intuitos revolucionários do vintismo, quer no reinado de D. Miguel de 1828 a 1834, quer na fase de resistência como oposição ao liberalismo ao longo do século, e particularmente até à morte de D. Miguel. Contrariamente aos estudos do Carlismo, em Espanha, ou do Legitimismo bourbónico em França, em Portugal tem triunfado uma visão de apagamento da parte vencida, que não só apaga uma importantíssima parte da nossa história, como invalida qualquer análise que se faça do período – é para preencher essa metade do puzzle que este projecto pretende levar a cabo a recolha, inventariação e estudo dos arquivos ligados ao Miguelismo aos seus protagonistas, resgatando da impiedosa destruição muitos documentos – muitos deles inéditos – que se sabe existirem ainda pelo país.
Os coordenadores alertaram que um dos principais problemas da actualidade está no facto desses espólios estarem em risco, muitas das vezes desconhecendo mesmo os proprietários o que têm guardado, urgindo contactar herdeiros e descentes dos protagonistas do miguelismo e sensibilizá-los para este projecto, procurado recolher e digitalizar o mais depressa possível, o maior número de documentos, para que a história e a memória não se percam.
Aberto o debate estavam presentes alguns outros investigadores que no passado procuraram estudar o Miguelismo, que realçaram as dificuldades que sempre encontraram no estudo dos temas, seja pelas pressões para não publicação, seja pela inexistência de financiamentos para o estudo. Um cenário que ainda é o nosso e que este projecto quer alterar para que, finalmente, se possa fazer uma história crítica do século XIX português, e de como isso influenciou o século XX.
O Instituto Trezeno esteve presente e apela a todos que possam conhecer o paradeiro de espólios que contactem os promotores do projecto para que possam ser preservados e abertos ao estudo dos que se debruçam sobre estes temas.
Instituto Trezeno
O Instituto Trezeno é um think-tank conservador português inspirado em D. João II
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