1901- EL-Rei D.Carlos no Iate Amélia IV
D.
Carlos nasceu em Lisboa, no Palácio da Ajuda, a 28 de Setembro de 1863.
Filho de D. Maria de Sabóia e de D. Luís I, foi educado para ser rei,
tendo revelado desde muito cedo uma forte aptidão para as artes, para o
desporto e ainda para a observação da natureza. Herda de seu pai a
paixão pelo mar que se irá reflectir na sua obra artística e científica.
A
22 de Maio de 1886 casa com D. Amélia de Orleães, filha dos Condes de
Paris, de quem teve dois filhos: o Príncipe D. Luís Filipe e o infante
D. Manuel, que viria a ser o último rei de Portugal.
Com a morte
do pai, em 19 de Outubro de 1889, é confrontado com grandes dificuldades
sociais e políticas que encara com coragem e lucidez. No entanto,
apesar do destaque que adquiriu a nível científico, tanto nacional como
internacionalmente, não foi capaz de resolver os graves problemas
políticos resultantes, por um lado, de uma profunda crise interna, e por
outro, pelo ambiente internacional, favorável ao desaparecimento das
monarquias na Europa.
A 1 de Fevereiro de 1908, quando a Família
Real regressava de Vila Viçosa com destino a Lisboa, sofre um atentado
em pleno Terreiro do Paço.
D. Carlos é vitimado, bem como o seu
filho mais velho, o Príncipe herdeiro D. Luís Filipe. D. Manuel, o
segundo filho, é aclamado Rei de Portugal. Dois anos mais tarde é
implantada a República e a Família Real abandona o país com destino a
Inglaterra.
Campanhas Oceanográficas
D.
Carlos de Bragança, rei de Portugal entre 1889 e 1908, dedicou-se com
assinalável sucesso a um conjunto diversificado de actividades de que se
destacam a Arte e alguns ramos da Ciência, tal como a Ornitologia e a
Oceanografia. Neste campo pode mesmo considerar-se como um dos pioneiros
mundiais, tendo deixado uma obra de reconhecido mérito. Influenciado
pelo crescente interesse do Homem pelo estudo do mar registado no século
passado, D. Carlos decidiu explorar cientificamente o nosso mar.
Depois
de uma cuidadosa preparação, em 1 de Setembro de 1896, nasceu a
Oceanografia portuguesa, quando D. Carlos iniciou, a bordo do seu
primeiro iate “Amélia”, uma série de campanhas ao longo da costa
atlântica de Portugal que se prolongariam até 1906-1907.
Além do
interesse científico, D. Carlos preocupou-se também em estudar os
recursos marinhos vivos da costa portuguesa, tendo por objectivo
maximizar o rendimento da indústria e do comércio da pesca. Esta era uma
das mais significativas actividades económicas do país que,
atravessando uma crise política e financeira grave, herdara para
governar. Em 1898, dedicou-se, em especial, à investigação sobre pescas
marítimas, tendo inclusivamente publicado o seu estudo sobre “A Pesca do
Atum no Algarve”, editado pela Imprensa Nacional, Lisboa, em 1899.
A
vocação precoce de D. Carlos pela Oceanografia foi incentivada por
personalidades de renome internacional, entre as quais, o príncipe
Alberto do Mónaco, que adiante se falará mais detalhadamente, Júlio
Verne e a equipa notável de cientistas franceses do navio oceanográfico
“Travailleur”, de entre os quais se destaca Albert Girard.
Aos 19
anos, D. Carlos tinha lido todos os trabalhos de investigação
oceanográfica dessa famosa equipa francesa, constituída pelo marquês de
Folin, Léon Vaillant, Edmond Perrier, Alphonse Milne Edwards, Antoine
Marion e Paul Fischer, e tivera a oportunidade de a conhecer
pessoalmente numa recepção no paço real da Ajuda, aquando da terceira
campanha do “Travailleur” nas águas costeiras portuguesas, no Verão de
1882.
Conta-se que sendo ainda um jovem adolescente
conhecera também o escritor francês, Júlio Verne, quando este, já rico e
famoso, realizou, em 1876, uma série de viagens pelo Mundo, a bordo do
seu iate que fez escala em Lisboa.
Durante essa escala na capital, proporcionou-se uma recepção a Júlio Verne, no paço real da Ajuda.
Assim,
D. Carlos teve a oportunidade de ouvir deleitado e trocar impressões
com Júlio Verne, o autor de uma das suas obras preferidas, “As Vinte Mil
Léguas Submarinas”. Essa obra marcou-o profundamente, de tal forma que
veio a dar o nome de “Nautilus” à sua primeira embarcação à vela que
recebera como presente do rei D. Luís I, seu pai, e despontou nele a
motivação pelo estudo dos abismos oceânicos da costa portuguesa, como
veio a efectuar posteriormente ao largo de Setúbal.
É de recordar,
neste contexto, o facto pouco divulgado sobre a estadia de Júlio Verne
na casa de uma ilustre família portuguesa, no Dafundo. Aí, escreveu
precisamente “As Vinte Mil Léguas Submarinas”, em 1870, tendo por
horizonte a foz do Tejo. A sua anfitriã perguntou-lhe um dia, após ter
lido a obra já concluída, porque razão não fizera nenhuma alusão à casa,
onde se inspirara para escrever. Júlio Verne respondeu-lhe que lesse
com mais atenção na medida em que a mesa de camilha da sua sala de
estar, onde costumava escrever, não fora esquecida, sendo referida na
obra como peça de mobiliário do submarino “Nautilus”.
D. Carlos,
além dessa pequena embarcação à vela, berço dos seus sonhos de jovem
navegador, o referido “Nautilus”, teve, mais tarde, sucessivamente
quatro iates. Os três primeiros eram à vela e todos moviam-se por
máquinas a vapor, tendo sido devidamente adaptados para as campanhas
oceanográficas. Chamaram-se “Amélia” em homenagem à rainha, sua
consorte.
O “Amélia I” era pequeno e pouco estável; media 34
metros e deslocava 147 toneladas à velocidade de 9 a 10 nós. O “Amélia
II” fez as campanhas de 1897 a 1898; era um pouco maior, media 45 metros
e deslocava 301 toneladas à velocidade de 10 a 11 nós. O “Amélia III”
era grande e estável, tendo permitido as campanhas oceanográficas mais
prolongadas, as de 1899 a 1901. Dispunha inclusivamente de um
laboratório a bordo. Media 55 metros e deslocava 650 toneladas à
velocidade de 12 a 14 nós.
O último, o “Amélia IV”, sem velas mas o
maior, mais luxuoso e rápido de todos, realizou não só as visitas
régias, como aos Açores e à Madeira, como também as campanhas de 1901 a
1907. Media 70 metros, deslocava 1370 toneladas à velocidade de 15 nós.
Na sua categoria estava muito próximo do famoso “Princesse Alice II” do
príncipe Alberto de Mónaco, medindo esse iate 73 metros, deslocando 1394
toneladas e tendo efectuado as campanhas oceanográficas de 1898 a 1910.
Sempre
que partia para as campanhas oceanográficas, D. Carlos sentia-se
imensamente feliz ao leme desses iates “Amélia”, sulcando as águas
indómitas do Atlântico para desvendar, com a persistência própria de um
cientista, os segredos profundos do oceano. Então, era o rei digno da
gesta audaciosa de um povo de navegadores, granjeando também para
Portugal o pioneirismo da Oceanografia.
A fim de melhor realizar
as expedições científicas, D. Carlos adaptou os seus iates. Por exemplo,
no “Amélia III” mandou transformar a sala de fumo em laboratório,
pintado de branco e bem equipado. A bordo iam também instrumentos de
precisão para os seus estudos oceanográficos como, entre outros,
termómetros de inversão “Negretti & Zambra”, densímetros e
flutuadores derivantes para estudar as correntes marítimas. Os iates iam
munidos de armamento, como peças de artilharia, na medida em que nessa
época as expedições longínquas eram arriscadas, de espingardas de caça
para obtenção de espécies ornitológicas e de canhões lança-arpão para
captura de cetáceos.
A costa portuguesa é efectivamente uma das
mais atractivas para ser estudada, devido à presença de canhões
submarinos profundos a poucas milhas da terra, tendo inclusivamente
chegado a reconhecer a existência de profundos vales submarinos próximo
da costa, na região do Cabo Espichel.
Esta característica torna-a
quase única na Europa. D. Carlos estudou minuciosamente a topografia
desses canhões, respectivos sedimentos e temperaturas, como revela a
exactidão das suas notas e trabalhos escritos. O Rei é inclusivamente o
autor da primeira carta batimétrica da zona do canhão de Setúbal, à
escala 1/100 000, completada inclusivamente com a referência às espécies
locais por ele estudadas.
Em 1898, D. Carlos incentivou a criação
do Museu Oceanográfico, no Dafundo, junto ao rio Tejo e perto de
Lisboa, tendo sido completado pelo Aquário Vasco da Gama, sendo ambos
dos primeiros criados no Mundo. Além da exposição de espécies marinhas
vivas no referido Aquário, o Museu foi enriquecido com o legado do Rei,
ou seja, toda a sua colecção oceanográfica, bibliografia, documentação
diversa incluindo trabalhos escritos sobre cartografia, hidrografia e
ornitologia, apontamentos, notas pessoais, inventariação das espécies
marinhas portuguesas, preparações microscópicas e instrumentação
utilizada.
Divulgação científica
É
de salientar o extraordinário papel desempenhado por D. Carlos no
domínio da divulgação científica, fazendo chegar ao conhecimento público
os resultados das suas campanhas oceanográficas, organizando exposições
com o material zoológico recolhido ou ainda com instrumentos de uso
corrente em oceanografia e aparelhos de pesca.
El-Rei
senhor D. Carlos é justamente considerado uma individualidade artística,
homem de ciência e habilíssimo em todos os exercícios físicos, tais
como a caça, a pesca, equitação, etc. Espírito desde cedo muito culto,
tem pelas belas artes a paixão dum verdadeiro artista, distinguindo-se
especialmente na aguarela e no desenho a pastel. Em quase todas as
exposições nacionais tem apresentado os seus apreciados quadros,
alcançando as mais altas distinções. Ainda ultimamente, em 24 de Janeiro
de 1905, se dignou Sua Majestade aceitar o diploma de académico de
mérito que lhe conferiu a Academia Portuense de Belas Artes. Seria
difícil dar uma lista completa das medalhas e diplomas de honra que El-Rei
senhor D. Carlos tem recebido pelos seus trabalhos artísticos e
científicos. Aos estudos oceanográficos tem Sua Majestade dedicado a
mais particular atenção.
Os resultados
dessas investigações receberam rasgados elogios de alguns sábios
estrangeiros e constam dos quatro seguintes livros publicados: Yacht
«Amelia» – Campanha oceanographica de 1896, Lisboa, 1897. Resultados das
investigações scientificas feitas a bordo do yacht «Amelia» e sob a
direcção de D. Carlos de Bragança Pescas maritimas – I – A pesca do
atum no Algarve em 1898 (avec un resumé en français) – Lisboa 1899.
Buletin des Campagnes Scientifiques accomplies sur le yacht «Amelia» par
D. Carlos de Bragança ‑Vol. I – Rapport préliminaire sur les Campagnes
de 1896 à 1900 – Fascicule I – Introduction – Campagne de 1896 –
Lisbonne, 1902. Resultado das investigações scientificas feitas a bordo
do yacht «Amelia» e sob a direcção de D. Carlos de Bragança –
Ichthyologia – II – Esqualos obtidos nas costas de Portugal durante as
campanhas de 1896 a 1903 (Texto em portuguez e francez) Lisboa 1904.
O
mérito da sua obra foi internacionalmente reconhecido, como o
demonstram os numerosos diplomas que lhe foram conferidos pelas mais
prestigiadas instituições científicas da época.
Ao longo de doze
anos de campanhas, D. Carlos foi reunindo uma colecção zoológica de
incalculável valor histórico e científico que inclui animais conservados
em meio líquido e naturalizados. Constituindo um valoroso contributo
para o inventário faunístico da costa portuguesa, esta colecção tem
vindo a servir de base à realização de diversos estudos científicos,
nomeadamente sobre peixes e crustáceos.
A Colecção Oceanográfica
D. Carlos I inclui ainda instrumentos oceanográficos utilizados durante
as campanhas, bem como um extenso conjunto de documentação e
bibliografia referentes à actividade científica desenvolvida pelo
monarca.
Inicialmente foi sendo guardada no Palácio das
Necessidades, com vista à criação de um Museu Oceanográfico. Após a
morte do monarca, as colecções foram entregues em Fevereiro de 1910 à
Liga Naval Portuguesa, que inaugurou a Secção Oceanográfica D. Carlos I
do então Museu de Marinha, situado no Palácio dos Duques de Palmela, ao
Calhariz. Mais tarde, com a extinção da Liga Naval Portuguesa em 1929, a
colecção transita para o Museu Condes de Castro Guimarães, em Cascais,
sendo doada por escritura pública notarial e por decreto-lei de 11 de
Junho de 1935, ao Aquário Vasco da Gama de Biologia Marítima.
A
Biblioteca Científica do Rei, incluindo verdadeiras preciosidades
bibliográficas e constituindo um espólio de valor inimaginável, foi
também oferecida nessa mesma altura.
Desde então, o Aquário Vasco
da Gama tem sido responsável pela conservação deste fantástico
património, parcialmente em exposição permanente ao público visitante
desde 20 de Maio de 1943, por ocasião do 45º aniversário desta
instituição, altura em que reabriu ao público o Museu Oceanográfico D.
Carlos I.
A parte restante da Colecção mantém-se reservada, mas
disponível para a consulta a efectuar por especialistas, com vista à
realização de estudos científicos.
As sucessivas transferências da
Colecção, desde o primitivo Museu no Palácio das Necessidades até ao
Aquário Vasco da Gama, contribuíram para o desaparecimento de um número
significativo de exemplares e a deterioração de muitos outros.
A
parte da Colecção Oceanográfica D. Carlos I que hoje se encontra
depositada nesta instituição, embora seja uma pálida amostra daquilo que
deveria ter sido no tempo em que o monarca viveu, constitui um legado
de incalculável valor histórico e científico, estreitamente ligado ao
nascimento da moderna oceanografia em Portugal.
CARLOS I DE PORTUGAL E ALBERTO I DE MÓNACO A PAIXÃO PELO ATLÂNTICO
Em
1873, o príncipe soberano, Alberto I de Mónaco, com 25 anos de idade,
tinha adquirido o seu primeiro iate “Hirondelle”. Nesse mesmo ano, fez
escala em Lisboa e visitou a família real portuguesa, tendo conhecido o
príncipe D. Carlos, com 10 anos, e o infante D. Afonso, seu irmão, com 8
anos. Ambos eram crianças e excelentes ouvintes das odisseias do
príncipe de Mónaco.
Em 1879, quando o príncipe Alberto de Mónaco
fez outra escala em Lisboa, teve a oportunidade de trocar impressões
sobre os seus estudos oceanográficos com D. Carlos, que tinha 16 anos,
revelava um entusiasmo por tudo o que fosse relacionado com o mar, a par
do conhecimento excelente de várias línguas estrangeiras, sendo fluente
em francês e inglês, das ciências naturais e do talento para a pintura e
desenho. Durante essa escala, o jovem D.Carlos reproduziu correctamente
a “crayon” o iate “Hirondelle” ancorado no Tejo.
Em 1885, o
príncipe Alberto de Mónaco iniciou as suas campanhas oceanográficas que
se realizaram ao longo de trinta anos. Sulcou frequentemente as águas do
Mediterrâneo ao Atlântico, a bordo dos seus sucessivos quatro iates
designados respectivamente “Hirondelle”, “Princesse Alice”, “Princesse
Alice II” e “Hirondelle II”. Estes foram também convenientemente
adaptados, incluindo salas transformadas em laboratórios, bem
apetrechados com instrumentos específicos, os mais modernos de então,
que lhe permitiram assegurar o prestígio internacional das suas
investigações.
Em 1894, por ocasião de uma campanha oceanográfica
com o seu segundo iate o “Princesse Alice”, o príncipe Alberto de
Mónaco, acompanhado pela mulher, a princesa Alice, fez escala em Lisboa e
visitou o já então rei D. Carlos I e a sua mulher, a rainha D. Amélia,
que se encontravam no palácio da Pena, em Sintra.
Desse encontro
entre duas pessoas admiráveis pela sua inteligência e sensibilidade,
nasceu uma grande amizade, tendo em comum a paixão pelo mar, desporto,
fotografia, ciência e tecnologia. Essa empatia foi reforçada, ao longo
dos anos, através de uma troca de correspondência assídua entre D.
Carlos e o Príncipe Alberto, informando reciprocamente sobre os
progressos das respectivas investigações, nomeadamente no oceano
Atlântico.
Com o decorrer do tempo, o rigor e a qualidade
científica dos estudos de D. Carlos sobre a biodiversidade marinha, as
correntes do litoral e as cartas batimétricas do “mar português”,
permitiram-lhe o reconhecimento e a designação de “Monarca Sábio” pelo
príncipe Alberto de Mónaco. É de recordar que o príncipe de Mónaco
efectuou doze campanhas no Mar dos Açores que tanto o fascinava, numa
perspectiva científica, pela extraordinária variedade e riqueza da fauna
piscatória do Arquipélago açoriano. Por ali, navegou a bordo dos seus
iates “Hirondelle” e, mais tarde, “Princesse Alice”, permitindo-lhe o
conhecimento global da biodiversidade marinha, inclusive dos seus
aspectos biogeográficos. Neste contexto, é de salientar a sua descoberta
do banco “Princesse Alice”, a sul do Arquipélago dos Açores, pela
importância para a pesca.
No mar dos Açores estudou ainda os
grandes abismos oceânicos, como a famosa fossa “Hirondelle”, designada
como o seu iate, sendo a mais profunda do Atlântico e situando-se entre
as Ilhas de S. Jorge e Faial do Arquipélago açoriano.
Durante os
referidos anos, em que o príncipe Alberto navegou no mar dos Açores,
teve a oportunidade de fazer amizades no Arquipélago, nomeadamente na
Ilha de São Miguel.
Entre os seus amigos açorianos, incluía-se o
conde de Fonte Bella, Jacinto da Silveira de Andrade de Albuquerque Gago
da Camara, que o costumava acompanhar, seguindo a bordo do seu iate
”Áquila”. Este era uma das maiores escunas portuguesas, com dois
mastros, medindo 30 metros e deslocando 130 toneladas. Fora construído
nos estaleiros de Ponta Delgada, na Ilha supracitada. Dispunha de uma
decoração interior requintada e também de um laboratório.
O
“Áquila” entrara ao longo dos seus mais de 20 anos de existência não só
em campanhas oceanográficas mas também em regatas, sendo quase o único a
arvorar e a prestigiar nessas competições o pavilhão de Portugal. A sua
deslocação rápida, sulcando as águas com as velas enfunadas e deixando
um rasto de espuma, assemelhava-se ao voo de uma águia, daí o seu nome.
Era belo de se ver o ”Áquila” fundeado na baía de Cascais, tendo essa
imagem sido imortalizada pelo rei D. Carlos numa das suas famosas
aguarelas.
O príncipe Alberto de Mónaco rodeou-se também de uma
equipa de cientistas de renome internacional, entre os quais, muito
admirava, pelo seu saber e competência, um perito em Ciências Naturais,
açoriano da Ilha de São Miguel, o coronel Francisco Afonso de Chaves,
que fundou o Instituto de Meteorologia de Ponta Delgada. Este Instituto
ostenta, ainda hoje, o seu nome.
As fotos dessas campanhas do
príncipe Alberto acompanhado pelo conde de Fonte Bella e pelo coronel
Francisco Afonso de Chaves, no mar dos Açores e em pleno oceano
Atlântico, encontram-se presentemente expostas ao público no Museu
Oceanográfico de Monte Carlo, criado no Mónaco, em 1910.
Dessa
relação amistosa luso-monegasca perdura o nome de Açores numa das ruas
centrais de Monte Carlo e, por sua vez, o de Avenida Príncipe Alberto de
Mónaco, em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, e Observatório Príncipe
Alberto de Mónaco, na Horta, Ilha do Faial.
Em 1996, Portugal e o
Mónaco celebraram conjuntamente o centenário da Oceanografia, prestando
as devidas homenagens aos dois “Monarcas Sábios” que muito contribuíram
para desvendar os segredos dos oceanos e mares da superfície aos
abismos, neles procurando não só a origem da vida e a riqueza da
biodiversidade marinha, como também as possibilidades de sobrevivência
de náufragos e a previsão de tempestades em prol de uma navegação
segura.
Assim, Carlos I de Portugal e Alberto I de Mónaco fundaram
a Oceanografia e com ela abriram à Humanidade a última fronteira do
Planeta, os Oceanos.
A
bordo do Amélia II (da esquerda para a direita) D. Carlos I, Alberto
Girard e o conde de Mafra escolhem os exemplares acabados de recolher
numa das suas campanhas oceanográficas.
EL-REI D. Carlos I
Exposição de D. Carlos
Colecção de D. Carlos
Exposição de D. Carlos
Colecções de D. Carlos
“Campanha Oceanográfica de 1896”
Objectivos da Campanha
Objectivos da Campanha
1888- Primeiro iate “Amélia”
1897-Iate “Amélia” (II)
1899-Iate “Amélia” (III)
1901 - "Yacona" Iate Amélia IV
Interior de um navio oceanográfico, no início do século XX
Yacht-Amelia4