O
país rejubila e a popularidade da monarquia está em alta. Duas semanas
após o anúncio do casamento, uma sondagem da YouGov revelava que 70 por
cento dos britânicos querem ver a lei de sucessão alterada para que o
primogénito possa ser considerado rei (ou rainha) independentemente do
seu género. Muitos parlamentares têm feito pressão sobre o Governo para
que a lei, com séculos de existência, mude em breve, numa tentativa de
modernização da monarquia.
Afinal as monarquias provam ter maior capacidade de renovação do que se esperaria à primeira vista, para grande desespero da Causa Republicana em terras de Sua Majestade
Há 30 anos atrás, Lady Diana Spencer viajou do Palácio de
Buckingham para a Catadral St Paul para se casar com Charles, o
Príncipe de Wales. Naquela época, foi o maior evento televisivo da
história, visto por 750 milhões de pessoas no mundo inteiro. Em
comparação com a multidão que seu filho receberá em 29 de Abril, isso
não é nada. A cerimónia mudou muito pouco – a pompa e as circunstâncias
não evoluíram através dos séculos – mas existirão mudanças profundas
sobre a forma como o evento será gravado e consumido…muito aquém da
utilidade que a união terá para o futuro da Monarquia Britânica
A estimativa é que mais de 2 mil milhões de pessoas ligarão suas
televisões para ver o Príncipe William casar com a sua namorada de longa
data, Kate Middleton. Adicionemos mais os 400 milhões que verão pela
internet ou ouvirão pelo rádio e teremos 35% da população mundial. Ainda
há os 800.000 observadores que ficarão do lado de fora do Palácio de
Buckhingham no dia do evento, muitos deles ligados ao Twiter ou no
Facebook, ou tirando fotos com telemoveis.
Especialmente no Reino Unido (obviamente), mas também nos Estados
Unidos, o evento é uma explosão de mídia sem precendentes. Apesar de o
casamento real ser apenas sinos, beijos coreografados e chapéus altos em
tom pastel,( e durar apenas 6 horas) todas as principais emissoras
americanas então achando maneiras de introduzir em sua programação
coisas tão absurdas como reality showssobre o casamento, documentários, e
até dois filmes feitos especialmente para a TV.
A ligação á narrativa de cinderela é óbvia e atrai principalemente a
audiência feminina. Kate Middleton, uma reles “plebéia”, chegou a ser
apelidada de Waity Katy (Katy a espera), devido aos 8 anos de namoro com
o Príncipe William que pareciam não ir a lugar nenhum. Mas agora ela
será protagonista de um verdadeiro conto de fadas moderno, ao finalmente
se juntar a família real britânica, uma plebeia oriunda da classe média
entre a Alta Nobreza Britânica.Houvesse melhor publicidade na abertura
da Casa Real às aspirações de linear igualdade social e o Reino Unido
seria uma República
Nos EUA, a Republica mais poderosa do Planeta,onde há canais de TV a
cabo especializados em casamento, será exibida uma programação de 109
horas de duração, com direito a um guia de “Como Casar com um Príncipe”.
William e Kate são mais “celebridades”, no estilo americano, do que o
Príncipe Charles, por exemplo, que era percebido como mais discreto.
William é moderno e Kate, além de ser extremamente bonita, não pertence
originalmente a realeza. É uma história que as pessoas só estão
acostumadas a ver em filmes.
A obsessão americana vai tão longe que existe até um reality show
onde americanas “plebéias” são mandadas para uma espécie de acampamento
no Reino Unido, onde são treinadas para conquistar indivíduos de sangue
azul, e competem por um título real e uma dança com um verdadeiro
príncipe. A Sra. Middleton virou uma espécie de ex-oprimida, com a qual
os americanos conseguem se identificar. Sua família era rica e ela nunca
passou por nenhum tipo de dificuldade, mas mesmo assim, todos os
programas tendem a elogiar a sua “origem humilde” e sua “ascenção a
realeza”…um upgrade de Diana (que era aristocrata) em imagem ao comum
dos britânicos .A Casa Real nunca esteve tão próxiam dos plebeus.
A famosa rede CNN cobrirá o evento com nada menos do que 125 pessoas,
entre repórteres, câmeras e pessoal; o número fica ainda mais exagerado
quando se compara com os míseros 50 indivíduos enviados ao Japão,
Tunísia e Líbia.A realeza pode fascinar muitas pessoas, mas eles não são
incondicionalmente amados no seu próprio País onde 18% da população de
afirma republicana e as tendências separatistas de parte de regiões como
a Escócia ganham terreno de dia para dia Muitos britânicos já estão
reclamando da exagerada carga de cobertura da mídia, que está vendendo
até sacolas de vômito com a foto dos noivos
sorridentes. Sendo de conhecimento comum que a família real britânica
não tem relevância política efectiva, será que o evento justifica todo
esse circo midiático, e também, será que após todo o drama da Princesa
Daiana, ele ainda reflete o interesse do público?
Desgastado, o regime monárquico ganha o charme renovado de William e
Kate. Os dois formam um casal bonito, jovem e dos tempos atuais. A
noiva, nascida em berço simples, sem qualquer parente na aristocracia,
vai levar um pouco da Inglaterra comum para o Palácio de Buckingham. É
uma fábula que se repete depois de mais de 350 anos, quando James ,
duque de York, se casou com Anne Hyde.
O historiador inglês Andrew Roberts afirma que a realeza se beneficiou com aquela união. “Foi um tremendo sucesso. Anne Hyde trouxe à realeza uma nova espécie de determinação e bom senso”, declarou.
É Kate Middleton, agora, quem entra para a história. A britânica
arrebatou o coração do príncipe herdeiro, o segundo na linha de sucessão
ao trono, com os atributos que se espera de uma futura rainha: a
elegância e o estilo, o sorriso franco, a espontaneidade e
principalmente a firmeza. Imitada por milhares de jovens, perseguida
pelos paparazzi, Catherine Middleton produz continuamente noticia.O caso
não é novo para os portugueses..também o casamento em 1995 de D. Duarte
com D. Isabel de Herédia trouxe ímpeto renovado à Causa monárquica.O
povo gosta de festas Reis e princesas, mas o efeito politico vai muito
além do que a vista pode vislumbrar, basta vislumbrar a lista de
convidados para adivinhar que tudo se estende no terreno da politica
externa e interna especificamente britânicas, incluindo a desculpa
politicamente correcta de que não se trata de um casamento de Estado
para deixar de lado qualquer confusão
Não tenhamos qualquer sombra de ingenuidade o Príncipe
William passa de adolescente tímido a principal rosto da nova Coroa
Britânica e o Reino Unido ultrapassa airosamente a eminência de colapso
social que hoje ameaça a velha Europa das revoluções.Se hoje Irlandeses
,gregos ou portugueses desconfiam dos seus representantes, os britânicos
nunca se sentiram tão próximos da Casa Real …que pasme-se, não tem
qualquer poder politico efectivo.
Fonte: omantodorei
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