Apesar de originária das culturas e religiões pagãs que celebravam a
fertilidade da natureza recorrendo a árvores enfeitadas, a árvore de
Natal, tout cour, que chegou aos nossos dias, germinou nos costumes dos povos germânicos cristãos, a partir do século XVI.
Porém, só com a intervenção da realeza – sempre no momento certo -,
no século XIX, é que esta tradição de enfeitar o Pinheiro de Natal,
assim como demais decorações, se estendeu à restante Europa.
Preponderante na dispersão europeia do costume foi quando, em 1846, o
Príncipe germânico Albert de Saxe-Coburgo-Gotha (Dinastia Wettin),
marido da Rainha Vitória do Reino Unido, armou uma árvore de Natal no
Palácio de Windsor. Depois, bastou uma gravura da família real junto do
pinheiro de Natal, e que haveria de ser publicada na revista Illustrated London News, para a tradição se estender por todo o domínio do Império Britânico e por toda a Europa cristã.
Corria, ainda, o mesmo século XIX, quando o Rei consorte Dom Fernando
II, marido da Rainha Dona Maria II, e primo do Príncipe Albert, pois
nascera Prinz Ferdinand August von Sachsen-Coburg-Gotha-Koháry,
introduzir o mesmo costume no Reino de Portugal, país onde a tradição
natalícia decorativa abrangia apenas o Presépio. Com o nascimento do
Príncipe Real Dom Pedro e os infantes, Dom Fernando II – já Rei-consorte
– começou a festejar o Natal segundo o costume germânico que
experimentara durante a infância na gélida Alemanha. Para além da Árvore
de Natal que enfeitava com bolas de vidro translúcidas de variadas
cores e guloseimas, das coroas de advento, o próprio monarca se
fantasiava de São Nicolau e distribuía prendas à família – conforme o
confirmam gravuras a carvão ilustradas pelo Rei-artista. Depois, até o
costume se difundir pela nobreza foi um passo, disseminar-se-ia, então,
pela burguesia e, finalmente, pelo Povo, para durar até aos dias de
hoje.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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