Desde Novembro passado que a Tailândia
vive uma onda de grande contestação popular. O povo saiu à rua para
exigir a demissão da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, acusada pelo
Partido Democrático de agir no interesse do seu irmão e ex-primeiro
Ministro, Thaksin Shinawatra, acusado de corrupção, na sequência de um
projecto de lei de amnistia proposto supostamente para facilitar o seu
regresso do exílio ao país.
Numa tentativa de apaziguar os
manifestantes, o governo anunciou a realização de eleições para o dia 2
de Fevereiro, anúncio insuficiente para acalmar a população, que agora
exige a demissão de todo o governo e sua substituição por um conselho
não eleito que reforme o sistema político tailandês, considerado
corrupto, antes de ser convocado um novo acto eleitoral.
Apesar de toda instabilidade, a
população não põe em causa a figura do Rei Bhumibol Adulyadej (Rama IX),
tendo inclusive todos estes protestos sido suspensos por causa do seu
aniversário que ocorreu no dia 4 de Dezembro.
A título de curiosidade refira-se que os
próprios manifestantes procederam à limpeza de uma das avenidas que ia
servir de palco às comemorações do aniversário real, auxiliando os
funcionários incumbidos desta tarefa.
O rei, símbolo da identidade e da
unidade nacional, é respeitado pelo povo que muito considera a sua
autoridade moral, que diversas vezes foi usada para resolver crises
políticas atentatórias da estabilidade e coesão nacionais.
No discurso de celebração do seu
aniversário, o rei apelou á união de todos os tailandeses pelo bem do
país, apelo que aconteceu após vários dias de distúrbios em Banguecoque
entre manifestantes anti-governamentais e a polícia.
Em todo o lado há um profundo respeito pela sua figura, inspirando o monarca confiança à população tailandesa.
Aliás no aniversário real milhares de
pessoas, vestiram-se com t-shirts amarelas, cor da monarquia tailandesa,
e empunhavam bandeiras da mesma cor.
O rei foi saudado pela multidão com gritos de “longa vida ao rei” durante a passagem de uma longa caravana de veículos, que se dirigia ao local oficial das comemorações.
Embora seja um monarca constitucional,
já teve várias intervenções decisivas na vida do seu país, tendo
facilitado na década de 1990 a transição da Tailândia à democracia, para
além de ter usado a sua “venerável” influência para por cobro a golpes de Estado, designadamente em 1981 e 1985.
Devido em parte ao budismo é reverenciado como um semi-deus pelo povo.
Publicado por por José Aníbal Marinho Gomes, em Risco Contínuo
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