Isabel
Silveira Godinho sonha com um Museu da Ourivesaria da Casa Real “São 30
anos de luta com muitos resultados à vista”, disse à Lusa, recordando
que quando entrou o quadro de pessoal era composto por “seis senhoras da
limpeza, oito guardas e uma almoxarife”. Hoje além dos cerca de 30
voluntários – uma das suas iniciativas de marca – conta com 29
funcionários, entre eles oito conservadores. "Mas mais valem 29 com
vontade e brio que 40", enfatizou Isabel Silveira Godinho afirmou que
estar à frente do que foi um dos palácios reais é “um trabalho diário
árduo e difícil e é preciso que se entenda esta casa, esta família [os
Bragança]”. “Há que ter muita vontade e optimismo para combater as
dificuldades e eu nunca tive os meios máximos antes os mínimos, mas é
necessário imaginação e criatividade”, sentenciou. A par do
voluntariado, uma ideia inovadora que trouxe dos Estados Unidos, onde
trabalhou, o mecenato é outra marca sua, a par de “muitas outras coisas
que foi aqui [PNA] que se fizeram pela primeira vez, como a Loja do
Património”. Isabel Silveira Godinho recorre ao mecenato para adquirir
peças que pertenceram à Família Real e se encontram dispersas, bem como
para os restauros sucessivos das salas do PNA. Actualmente está em curso
o restauro da sala de baile que voltará a chamar-se de D. João VI e que
"não estará finalizada antes de Abril”, disse. A sala foi idealizada
pelo monarca ainda no Brasil. Dada a degradação das pinturas nas
paredes, a Rainha Maria Pia, no século XIX, optou por uma solução mais
económica, mandando-as revestir de seda. “Será a sala tal como D. João
VI a idealizou no Rio de Janeiro com a sua representação com a família
na parede principal”, disse. Questionada sobre o previsto remate poente
do Palácio, Isabel Silveira Godinho aconselha que se espere. “Tem sido a
minha política em tudo o que faço na área do restauro: esperar. O
remate deve ser feito quando houver circunstâncias de o fazer
correctamente”, aconselhou. “Qualquer intervenção, por pequena que seja,
deve ser compatível com a grandiosidade deste edifício. Já que
esperámos tanto tempo, podemos esperar mais um bocado pelo respeito que
esta arquitectura brilhante nos merece”, disse. A responsável cita o
“ano áureo de 1992 quando todas as instituições – Câmara de Lisboa, GNR,
etc. – estavam de acordo com o projecto apresentado pelo arquitecto
Gonçalo Byrne”." Um remate condigno dando ao Palácio a possibilidade de
fazer o grande museu da ourivesaria da Casa Real, expondo as jóias e as
pratas da coroa, o que o tornaria o museu mais visitado de Portugal”,
vaticinou. A directora do PNA “sonha” ainda um Museu de Artes
Decorativas onde se possam mostrar as colecções do Palácio, “e até
trazer as nossas carruagens que estão em Vila Viçosa [no Paço Ducal dos
Bragança]”. “Este edifício tem, como diz o povo, pano para mangas, é
preciso que as entidades que nos tutelam queiram”, rematou Isabel
Silveira Godinho.
(ES)
Fonte: Jornal HARDMUSICA
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