" D. João VI não foi o que se pode chamar um grande soberano, de
quem seja lícito referir brilhantes proezas militares ou golpes
audaciosos de administração, mas o que fez, o que conseguiu, e não foi
afinal pouco, fê-lo e conseguiu-o pelo exercício combinado de dois
predicados, que, cada um deles, denota superioridade: um de carácter, a
bondade, o outro de inteligência, o senso prático ou de governo - Cada
um dos seus ministros governava por si e o Rei governava a todos "
Oliveira Lima, « D. João VI no Brasil »
A sua boa índole, bonomia e pusilanimidade terão levado os inimigos da
monarquia tradicional, dominados já pelas seitas maçónicas - como se vê
claramente nas " Instruções maçónicas do Grande Oriente Espanhol ao
Grande Conselho de Portugal ", de 1823, publicadas na « Historischen
Politischen Blatz », citada no livro de Artur Herchen « Dom Miguel I,
König von Portugal » - a olhar D. João VI como alvo fácil, e chegaram
até ao Rei infiltrando-se no ânimo do filho primogénito, D. Pedro: " A
Revolução apoderava-se do Rei. Nobres, traidores à sua missão e ao seu
dever, eram na Corte instrumentos da Revolução satânica " Alfredo
Pimenta.
No livro « Erratas à História de Portugal, de D. João V a D. Miguel »,
de que é co-autor Rodrigues Cavalheiro, escreve João Ameal:
" Os monarcas tradicionais eram, pouco a pouco, reduzidos a meros
figurantes inertes, a quem se punha um dilema categórico: ceder, era o
primeiro passo no caminho da guilhotina, como para Luís XVI, dar
batalha, era sujeitar-se, caso a sorte fosse adversa, ao exílio honroso,
como aconteceria a um Carlos X e a um D. Miguel I ". Quando [
incentivado pelo duque de Palmela] o Rei regressou a Lisboa, " ficou
prisioneiro. ( ... ) Ao recapitular os factos, não se contém um autor
de bem provado liberalismo [ 6º Marquês de Lavradio, D. José de Almeida Corrêa de Sá ]:
' É deveras doloroso lembrar as medidas humilhantes que as Cortes
tomaram por esta ocasião, e que foram devidas à influência das
sociedades secretas; era evidente que se queria aniquilar [ na
Constituição de 22 ] o poder real, deixando ao Rei apenas um simulacro
de Majestade, sendo notória a tendência para a destruição da Realeza -
decretava-se uma Constituição republicana para reger uma monarquia '
Em resumo: D. João VI estava prisioneiro: - viera entregar os pulsos
às algemas forjadas pelos « emancipadores » a soldo da maçonaria. "
Cristina Ribeiro
Fonte: Estado Sentido
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