A 28 de Setembro de 1863, nascia Dom Carlos I de Portugal, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. De Seu nome completo Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon Saxe-Coburgo-Gotha, foi o penúltimo Rei de Portugal, mas como filho primogénito varão do Rei Dom Luís I e da Rainha Dona Maria Pia, e na qualidade de Príncipe herdeiro da coroa de Portugal, recebeu desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal (o 4.º) e Duque de Bragança (19.º), possuindo o usufruto dos rendimentos dessa grande e Sereníssima Casa, último morgadio que no seu tempo era ainda, legalmente, permitido em Portugal. O Ducado de Bragança é o único título real hereditário, atribuído sempre ao herdeiro presuntivo da coroa que, ao subir ao trono, por sua vez o passa para o seu próprio herdeiro.
Dom Carlos recebeu desde muito cedo uma esmerada educação, aquela
reservada aos herdeiros presuntivos. Os melhores preceptores instruíram
Dom Carlos nas mais variadas ciências e artes, e, também,
ministraram-lhe diversas línguas estrangeiras. Ainda jovem viajou pelas
diferentes cortes europeias.
Exímio pintor, oceanógrafo, atirador, etc., recebeu inúmeros prémios
internacionais pela sua pintura e ficaram para a posteridade os seus
estudos oceanográficos e ornitológicos.
‘Com uma instrução geral que o não deixava encontrar hóspede em
qualquer assunto de conversação; conhecedor e possuidor de línguas,
especialmente do francês e do inglês, por forma que delas se servia como
de sua própria; dado ao gosto e cultura das Belas-Artes, em uma das
quais, a Pintura, foi distintíssimo; habituado nos sports e, como
atirador, excepcionalmente forte – reunia a tudo isso ser o homem mais
bem-criado do seu País, dotado de um humor sempre igual, sem descair
nunca na vulgaridade, nem deixar perceber de si, em qualquer
circunstância, sinal de contrariedade, despeito ou irritação.’,
escreveu João Franco Castello-Branco, in Cartas D’El-Rei Dom Carlos I a
João Franco Castello-Branco, Seu Último Presidente do Conselho.
Em 28 de Setembro de 1865, durante o exílio da família real francesa,
em Inglaterra, nascia, em Twickenhem, Dona Maria Amélia Luísa Helena de
Bourbon-Orleães, princesa de França. Dona Amélia era a filha
primogénita do pretendente ao trono francês Luís Filipe, Conde de Paris,
neto do último Rei de França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de
Bourbon-Orleães-Montpensier, infanta de Espanha, filha do Príncipe
Antoine D’ Orleães, Duque de Montpensier e Infante de Espanha, por sua
vez filho do último Rei de França.
A princesa Dona Amélia passou parte da infância em Inglaterra, até à
queda do II.º Império. Então, a Casa Real de Orleães pode regressar ao
país, e, embora o seu pai apenas fosse pretendente à Coroa, a princesa
teve então uma esmerada educação.
Dona Amélia era uma jovem encantadora e culta, admiradora de ópera e
teatro, era leitora compulsiva da melhor literatura da época, chegando a
corresponder-se com os seus autores favoritos. Além disso possuía,
tal-qualmente, dotes para a pintura que ultrapassavam o elementar.
Tudo parecia predestinado para que o casamento da jovem Princesa
francesa ocorre-se com o herdeiro de uma coroa norte-europeia, mas uma
feliz coincidência impeliu os acontecimentos. De férias em Paris, o
Príncipe Real Dom Carlos de Portugal, Duque de Bragança, que procurava
esposa, num encontro organizado pela Infanta de Portugal Dona Maria
Antónia foi apresentado a Dona Amélia de Orleães e a seus pais. A
Princesa de França Dona Amélia era a filha primogénita do pretendente ao
trono francês Luís Filipe, Conde de Paris, neto do último Rei de
França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de Bourbon-Orleães-Montpensier,
infanta de Espanha, filha do Príncipe Antoine D’ Orleães, Duque de
Montpensier e Infante de Espanha, por sua vez filho do último Rei de
França. O encanto foi mútuo e o pedido oficial foi realizado por Dom
Carlos ao Conde de Paris, a 6 de Fevereiro de 1886, sendo lavrado
registo matrimonial nesse mesmo dia no Castelo d’ Eu.
A 17 de Maio de 1886, a princesa Dona Amélia, futura Duquesa de
Bragança partiu de França e chegou à Pampilhosa no dia seguinte. Em 19
de Maio, pelas 17 horas, a Princesa foi apresentada à Corte em Lisboa.
O casamento real entre Dom Carlos de Bragança, Príncipe Real,
Príncipe hereditário de Portugal e Duque de Bragança com Dona Maria
Amélia Luísa Helena de Bourbon-Orleães, princesa de França, foi
celebrado no dia 22 de Maio de 1886, na Igreja de São Domingos, e foi
acompanhado pela multidão que saiu às ruas de Lisboa para acompanhar o
cortejo nupcial.
Depois do casamento, e terminada a lua-de-mel, os Duques de Bragança mudaram-se para a sua nova residência, o Palácio de Belém.
O casamento foi abençoado pelo nascimento do Príncipe Real Dom Luís
Filipe de Bragança, o primogénito do presuntivo herdeiro do trono de
Portugal, e como tal Príncipe da Beira (4.º).
A 19 de Outubro de 1889 falece El-Rei Dom Luís I, e Dom Carlos é
entronizado e aclamado novo Rei de Portugal, passando o muito jovem
Príncipe da Beira, como presuntivo herdeiro, a ter o título de Sua
Alteza Real, o Príncipe Real Dom Luís Filipe, Duque de Bragança.
Depois, em 15 de Novembro de 1889, nasceu o Príncipe Dom Manuel de Bragança, Duque de Beja.
‘Foi uma coroa de espinhos a que o moço rei teve para colocar
sobre a cabeça, e nem o brio da juventude lhe permitiu um instante o
gozo da vaidade, a que se chama fortuna. (…) E antes, depois e sempre,
em todo o decurso deste já longo terramoto, cujo fim não vimos ainda, o
moço rei, sozinho, desajudado de homens prestigiosos que lhe amparassem o
trono, com partidos desconjunturados que na hora do perigo se demitem,
confessando meritoriamente a sua impotência, ouvia estalar os tiros
sediciosos do Porto e crescer a vozearia, confundindo os erros da
sociedade com a responsabilidade da Coroa, esperando a salvação da queda
da monarquia.’, escreveu Oliveira Martins sobre o Reinado de D. Carlos I.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
Belo texto de História!
ResponderEliminarNão há dúvida que é um gosto ler os belos escritos do Dr Villas-Boas.
Quanto pormenor nesta bela descrição, que faz com que o leitor tenha de ler tudo até final! Por mim falo, que gosto imenso destas passagens das vidas Reais, mais na sua privacidade, sem devassar a intimidade familiar.
Parabéns!
Edite Cecília Rodrigues