Na
teoria a república é mais justa e mais democrática que a monarquia e,
creio, a grande maioria dos defensores da república agarram-se a essa
ideia teórica. Mas, se nos agarrarmos a ideias teóricas, também temos de
dizer que o comunismo é uma ideia fantástica e muito mais democrática
que todas as outras ideologias políticas. E é, teoricamente é. A ideia
de uma sociedade igualitária, sem classes, na qual cada um trabalha,
igualmente, para o bem comum, é uma ideia linda! Mas não funciona. A
URSS, Cuba, China são bons exemplos da falta de democracia, da opressão,
pobreza e violência (física e psicológica) a que os povos estão
sujeitos na busca da “perfeição democrática” dos seus ditadores
comunistas.
Ao contrário do comunismo, no entanto, a república não
é um caso de tão grave falhanço, provas disso são repúblicas como a
Finlândia ou a Alemanha que funcionam lindamente. Ou os Estados Unidos
que, mesmo com falhas, têm o regime que ao seu povo se adequa. E é nesta
adequação do povo que está a chave do sucesso. Cada povo, seu regime.
Cada povo sua história.
Se me perguntarem se,
teoricamente, eu acho que é mais justo votar-se em alguém do que ver
alguém aclamado? Acho que é muito mais justo votar! Sem dúvida! Mas,
em Portugal, não funciona na prática. É muito bonito, é uma ideia
fantástica, mas não já provou, bem provado, que, no nosso cantinho à
beira mar, não funciona!
Então, qual a solução? A questão de os
monárquicos mencionarem a monarquia como solução está no facto de 100
anos de república (com 3 repúblicas distintas) já provaram que, a
república, não funciona. E, se nos dermos ao trabalho de ler livros (não
escolares) da história de Portugal, apercebemo-nos que, durante
a monarquia constitucional, Portugal, mesmo estando numa crise devido a
uma série de factores externos e internos (interno esse sendo o facto
de sermos constitucional há pouco tempo) estava a crescer. Portugal
estava na média da Europa e a crescer, a nível financeiro e democrático
e continuava português. Seguia uma governação que era a nossa
identidade, e não uma, como agora, que se identifica com os franceses e
não com os portugueses. Veio a 1ª República e começámos numa
decadência brutal a todos os níveis (democráticos, de valores,
financeiro). A 2ª república levantou-nos a nível financeiro e recuperou
alguns valores, mas democraticamente batemos no fundo e em termos de
patriotismo foi-se perdendo mais. A 3ª república é uma podridão! Fora
o "sufrágio universal", que por si só não constrói a democracia, e ao
qual as pessoas nem ligam por aí além, basta ver os números da
abstenção, não temos mais nada. Financeiramente estamos na cauda
da Europa, democraticamente também, a nível de valores nem falar, a
nível de patriotismo só piora. Foi aqui que chegámos em 100 anos.
Desculpabilizar a república é atirar areia para os olhos, negar o nosso
passado e permanecer no erro.
Se a monarquia é perfeita?
Não! Claro que não é. E não irão ouvir nenhum monárquico, minimamente
Realista, a afirmar o contrário. No entanto, segundo o índice de países
com melhores níveis democráticos, social e de estabilidade, os 2
primeiros são monarquias e nos 10 primeiros, 6 deles são monarquias.
Claro que também os há com falhas, mas se formos comparar com a
república, esta última perde e em muito (e se comparássemos a nível
percentual então a diferença era ainda mais brutal, pois existem muito
mais repúblicas que monarquias). Mas cada país sua sentença.
Jamais eu diria que a monarquia funcionaria, por exemplo, nos Estados
Unidos, assim como a república não ia funcionar no Reino Unido. Portugal
é mais monárquico na forma como funciona, na mentalidade, na
"portugalidade", do que republicano. Infelizmente foi feita uma grande
"lavagem cerebral" aos portugueses durante 1 século e as
pessoas, mesmo olhando, verificando que isto está mal (muito mal), vendo
que até esteve melhor na monarquia, percebendo que a estabilidade
política na monarquia é muito maior, etc., não conseguem desbloquear o
preconceito contra a ideia monárquica. Eu desbloqueei. Como
afirmei anteriormente, teoricamente a república é muito mais justa,
assim como por exemplo, teoricamente o comunismo é fantástico, na
prática não funcionam, enão nos podemos seguir por ideias
teóricas, temos de perceber o que funciona na prática e libertarmo-nos
de preconceitos para levar as coisas a bom porto.
Creio
que o problema essencial dos portugueses está na falta de "sermos
portugueses", na falta de orgulho, na falta de interesse e na falta de
patriotismo. Isso afecta a nossa forma de ser e os nossos valores
(entrando também estes em falta). Todas estas faltas afectam o estado
democrático e a crença no mesmo. A meu ver faltam-nos líderes.
Faltam-nos símbolos nos quais nos apoiemos e que nos unam num só
objectivo e no amor à pátria. Uma coisa leva à outra. Um povo seguro e orgulhoso de si não deixa que o pisem, não fica desmotivado e luta pelo que quer.
Isso, eu creio, tenho a convicção, que era mais fácil alcançar com um
rei imparcial, que funcionava como símbolo, líder e união, do que com um
presidente tão parcial como qualquer outro político, porque enquanto um
presidente, por exemplo social-democrata, tem tendência de beneficiar
sempre o PSD, um socialista sempre o PS não permitindo uma
imparcialidade política, o rei tem essa imparcialidade e o que
influencia é por crença pessoal e não por dever alguma coisa a alguém.
Porque ele já nasceu rei, não chegou lá com favores de ninguém. É-o
naturalmente e, naturalmente, e sem interesses, exerce essa função.
Todos
concordamos que isto está mal mas, dentro da república, qual a saída
que encontramos? Outra revolução? Eu francamente acho que nos faria mal
outra revolução porque os problemas não se resolvem de armas na mão (isso é como tratar uma perna partida com analgésico...) ...Pela
democracia? E como? Votando em quê e em quem? Alertando e
consciencializando os 90% de portugueses que se estão a borrifar e à
espera que "o outro" solucione as coisas? - Sim, este seria o caminho -
alertar e consciencializar esses 90% de apáticos, desmotivados,
desmoralizados, desportuguesados que cá andam. E como fazemos isso? Como
fazemos isso na nossa actual república?
Não podemos esperar 20 anos para que as consciências despertem, Portugal não tem 20 anos. Portugal tem 4 ou 5 (se tiver). É
neste contexto que o facto de se alterar a constituição permitindo um
referendo para a monarquia pode, rapidamente, consciencializar as
pessoas. O facto de aparecer um referendo (e nem é preciso que a
monarquia ganhe e se mude de regime), pode fazer com que a mente
apática de grande parte das pessoas desperte. Seja porque não querem a
monarquia e, como tal, têm de discutir o que está mal na república e
exigir essa mudança, seja porque querem a monarquia e, como tal, vão
escarafunchar no que está mal na república para mudar mentalidades. Seja
por que motivo for era bom um referendo, e era bom que a
comunicação social desse mais voz aos monárquicos porque eles,
aparentemente, são os únicos que não se limitam a levantar a voz para
criticar, também a levantam para apresentar soluções. Essa voz
devia ser ouvida, mas ouvida provocando o "medo" republicano e a
esperança monárquica. Quer se mudasse ou não, esse temor ou esperança de
que, o que temos pode não ser eterno, dariam novo folgo à mentalidade.
Agora, o outro caminho que vejo é o silencioso. O daqueles que, não
conseguindo mudar as mentalidades à velocidade necessária, agarram em
armas e tomam o poder pela ditadura e só nos enterram mais (porque,
eventualmente, a apatia e o "desaportuguesamento" vão continuar).
Os
portugueses, na verdade, já não se identificam com o que temos, mas
também têm medo da monarquia porque lhes fizeram imagens de monstros que
vivem à custa do povo em palácios e, como tal, também não se
identificam com ela (apesar de ser isso o que, na verdade, têm, mas na
república). Estamos com uma crise imensa de identidade e não creio que o
caminho seja permanecer aqui a tentar mentalizar as pessoas, e sim pegar numa fórmula tipicamente portuguesa e mostrar que é possível ser patriota, ter valores e continuar em democracia.
Parece-me mais difícil mentalizar as pessoas disso pelo caminho
republicano (completamente descredibilizado) do que pelo monárquico.
Basta que percebam que a monarquia não é absolutista. Porque acredito
que, neste momento, o Portugal descredibilizado facilmente aceitaria
outro “Salazar” e custa-me imenso perceber que as pessoas mais
facilmente aceitem o caminho da ditadura, do que da monarquia
constitucional democrática.
Vejo a monarquia como a única
actual saída democrática que permite a mudança de mentalidades e a
restauração dos valores tão necessária à nossa sociedade, porque, ao
haver a mudança iria haver uma reflexão do porquê do povo ter optado
pela monarquia e, logo aí, a mentalidade ia mudando.
Não é para meu proveito pessoal que eu apoio uma monarquia, porque nada ganharei, mais do que o resto do país com isso, é porque, pensando imparcialmente no bem do país, revendo a sua história, tenho de baixar os braços e dizer: A
república não funciona e vai continuar a não funcionar! Se queremos
salvar o país desta degradação permanente temos de largar os
preconceitos que existem, e tantos, relativamente à monarquia e aceitar
que esse é o único caminho possível a seguir se queremos ter alguma
hipótese.
Por: Sara Jofre
Os meus parabéns,é um belo texto recheado de verdades.Na minha opinião o que nos falta é acção,é visibilidade.Repare que tudo o que diz respeito ao nosso ideal Monárquico,ou se passa nos gabinetes ou aqui na Net.Podemos ir do Minho ao Algarve,e não há o mínimo sinal de nós existimos.Há aquele senhor Monárquico que é proprietário da maior editora de Portugal.Bem...então e que tal uns Outdoors de vez em quando? E que tal um pequeno jornal,diário ou semanal,com 2 ou 3 páginas,a ser distribuído gratuitamente,e onde se exaltem os valores da Monarquia,e se explique à população qual a diferença e vantagem entre a Republica e a Monarquia? Nada disto é proibido pelo actual regime,e são duas tarefas fáceis de executar.O que nos falta é UNIDADE,ACÇÃO e VISIBILIDADE.Se nada for feito neste sentido,bem podemos esperar mais 100 anos.Aceite os meus cordiais cumprimentos.
ResponderEliminarLopo