Não há coisa mais inapropriada que ver presidentes em palácios, galinhas em São Bento ou peixinhos fora de água.
Dei
por mim a tirar estas brilhantes conclusões enquanto ouvia um
mordomo-mor (ou coisa parecida) que muito compenetrado nos introduzia
na intimidade do palácio de Belém. Por estes dias residência oficial
do PR.
Eu
sei que o palácio é do povo mas as casas do povo não são assim; sei
também que ele é o eleito mas o sufrágio não nos pergunta se o eleito
deve habitar em palácios, nem tão pouco que se devam construir palácios
para o efeito. Além disso, não me parece boa ideia utilizar a casa, o
lar, onde viviam as régias pessoas para lá meter os seus adversários
políticos, quando não inimigos. Acho um abuso.
Entretanto,
a visita guiada prosseguiu até à sala de audiências. Aqui chegados, o
nosso cicerone anuncia solene: - esta é a divisão mais importante do
palácio!
Esperei
ver um trono, mas não. Imaginei um manto, uma coroa, também não.
Descansei, a novidade resumia-se a uma mesa redonda, com duas cadeiras,
uma mesa de trabalho para as habituais reuniões com o PM!
Não
vou discutir a utilidade das reuniões, mas se é para trabalhar, um
palácio parece-me um exagero. Se não é para trabalhar, se o palácio
serve apenas para receber outros chefes de estado, não havia
necessidade.
Explico:
- se os ilustres convidados forem presidentes de repúblicas continua a
não fazer sentido andarem a pavonear-se em palácios; se por outro lado
forem Reis (ou Rainhas) não vale a pena aparentar aquilo que não se é.
Os Reis compreendem perfeitamente e até ficam aliviados.
Uma
sugestão: sejam criativos, recebam as altas individualidades na doca
seca, junto às gravuras rupestres de Foz Côa, na bancada VIP do estádio
da Luz, eu sei lá, há tanto sítio representativo do Portugal
republicano.
Saudações monárquicas
JSM
JSM
Sem comentários:
Enviar um comentário