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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 4 de junho de 2010

FALECEU UM GRANDE MONÁRQUICO: JOÃO AGUIAR

Um grande Escritor e um grande Monárquico que desaparece. Que descanse em Paz. A Real Associação da Beira Litoral apresenta à sua familia votos de sentidos pêsames.

Além de livros históricos, escreveu séries infanto-juvenis e textos para a "Rua Sésamo". Morreu anteontem, aos 66 anos.


João Aguiar teve um percurso pouco lógico. No 4.o ano tirou 9 a Português, anos mais tarde tornou-se escritor. O primeiro livro veio depois dos 40; escreveu mais de 20. Ficou conhecido pelas séries infanto-juvenis como "O Bando dos Quatro", e tem mais livros para adolescentes que para adultos, apesar de ter começado a escrevê-los contra a sua vontade, de ser solteiro e de não ter filhos. Num texto que escreveu para o "Jornal de Letras" em 2005 dizia: "A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em compensação, o facto de os meus livros darem uma vida - boa ou má, não importa para o caso -, devo-o aos momentos de não-glória que acabo de relatar." E a verdade é que os livros fizeram a sua vida. João Aguiar era um escritor na verdadeira acepção da palavra e caso raro: vivia exclusivamente da escrita.

Numa das suas últimas viagens, João Aguiar confidenciou a Francisco José Viegas que já não devia conseguir escrever o livro que sempre quis fazer: um romance histórico sobre a revolução de 1383, que levou o Mestre de Avis, futuro D. João I, ao trono. Estava certo. O cancro que o venceu ontem, aos 66 anos, não lhe deixou tempo para cumprir a sua última vontade.

Quem o conheceu diz que nunca escrevia ao acaso. "Era muito disciplinado e só escrevia sobre factos que conhecia. Não partia para a obra sem um grande trabalho de pesquisa e de investigação", recorda o escritor e amigo Domingos Lobo, que lembra ainda como, num primeiro contacto, a timidez de João Aguiar lembrava uma pessoa "antipática, algo convencida". Era preciso passar o muro para descobrir o contador de histórias de humor apurado, o cavalheiro que Alice Vieira descreve como "um príncipe". "Era atencioso, culto e muito divertido. Era um prazer conversar com ele." A escritora conheceu-o ainda nos tempos do "Diário de Notícias". Nas redacções, Aguiar era uma excepção entre colegas formados pela tarimba: tinha estudado Jornalismo em Bruxelas depois de completar o curso de Filosofia em Lisboa.

"Era o que chamamos um homem fino: educado e elegantíssimo", conta Mário Zambujal, que integrou juntamente com João Aguiar e outros cinco escritores um projecto coordenado pela Oficina do Livro. Apesar de monárquico e conservador, não o incomodava que muitas das piadas lançadas pelos restantes seis republicanos girassem à volta disso.

Poucas coisas o aborreceriam tanto como "o escrever e falar mal português". Talvez por isso nunca tenha rejeitado um convite para debates em escolas. Com uma condição: só ia se os alunos tivessem lido pelo menos um dos seus livros e estivessem preparados para fazer perguntas. "Tenho a certeza que ajudou muita gente na casa dos 16, 17 anos, a interessar-se por literatura, pela sua vivacidade a contar histórias e por escrever sobre história", afirma José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores que conhecia o escritor há 30 anos.

Da "Rua Sésamo", projecto em que chegou a coordenar a equipa de escritores, guardou a sua experiência mais difícil. "Em três minutos tínhamos de escrever uma história com princípio, meio e fim, monopolizar a atenção da criança e ao mesmo tempo ensinar alguma coisa."

Nos últimos meses João Aguiar retirou-se como quem se prepara para a morte. Afastou-se dos amigos e fechou-se no seu círculo. Há cinco anos tinha sofrido um ataque cardíaco e tinha deixado o cachimbo, cujo cheiro o tornava conhecido à distância. "Sabíamos sempre quando o João tinha chegado à redacção", recorda Alice Vieira.

(Fonte: Jornal i-online)

Até sempre João!

Conheci o João Aguiar ainda na década de 80. O João fora assessor de Gonçalo Ribeiro Telles no Governo da AD e fomos companheiros durante anos no PPM. Mais tarde, estivemos juntos na candidatura de Miguel Esteves Cardoso ao Parlamento Europeu e na criação do Movimento Alfacinha. O João era, tal como eu, um monárquico e ecologista, com uma visão humanista do mundo. Foi várias vezes candidato a eleições pelo MPT - Partido da Terra com a generosidade que sempre colocava nos projectos em que acreditava. Ultimamente via-o pouco porque o João gostava de estar em casa, na quietude "da linha". Vinha pouco a Lisboa, apenas o necessário e quase só por motivos profissionais. Há quatro anos encontrei-o na Feira do Livro de Lisboa e, logo de imediato, combinámos uma iniciativa editorial conjunta. Por razões várias, de que me penitencio, não lhe conseguimos dar a velocidade pretendida. O João era um grande escritor, com uma obra que ficará na história da literatura portuguesa.

Nascido em Lisboa, viveu a infância entre a sua cidade natal e a Beira, em Moçambique. Muito novo a mãe ensinou-o a ler para mantê-lo sossegado na cama, período em que germinou a sua costela de escritor. Com apenas oito anos, tentou ditar um livro de aventuras à irmã Maria João mas, com um elevado sentido de autocrítica, repetidamente ia deitando para o lixo muitas das obras que escrevia.Só depois dos 40 anos publicou o primeiro romance "A Voz dos Deuses", uma ficção histórica centrada na figura de Viriato. Foi apenas um começo tardio mas o João soube, e bem, aproveitar para recuperar o tempo perdido. Seguiram-se duas dezenas de romances em que ficou patente o gosto do João pela história de Portugal. Licenciado em Jornalismo pela Universidade Livre de Bruxelas, João Aguiar deixou a meio muitos projectos inacabados. O que ambos deixámos por completar causa-me neste momento profundo arrependimento por não o ter conseguido fazer a tempo. Talvez mais tarde... quem sabe... Desculpa João e até sempre!

publicado por Pedro Quartin Graça
(Fonte: Blogue "Corta-fitas")

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