♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 25 de abril de 2023

♛ | A 24 DE ABRIL DE 1112 MORRIA O CONDE D. HENRIQUE DE PORTUCALE

Pode dizer-se, com toda a probidade, que o Conde de Portucale, D. Henrique, foi o Avô de Portugal.

Dom Henrique, pai d’El-Rei Dom Afonso I Henriques, era o 4.º filho de Henrique de Borgonha, pertencendo portanto à família ducal da Borgonha, e assim sendo era bisneto de Roberto I de França e sobrinho-neto do Abade S. Hugo de Cluny, e, irmão dos também duques Odo I e Hugo I.

D. Henrique, não sendo primogénito, fez vida como cruzado, sentindo-se atraído pelas zonas de maior perigo e daqui se compreende a sua vinda para a Península Ibérica, onde a Reconquista aos mouros era mais arriscada.

Portucale estava sob domínio sarraceno desde 711, e em 868, o galaico Vimara Peres, vassalo do Rei de Leão, Galiza e Astúrias reconquista a região entre Douro e Minho, incluindo Portucale, e funda o primeiro Condado de Portucale, assim designado para diferenciar do restante território.

A presúria de Vimara Peres prosperou e foi governada pelos seus descendentes, até à derrota de Nuno II Mendes pelo rei Garcia II da Galiza na Batalha de Pedroso, em 1071.

Falecido Garcia II, em 1091, o Rei Afonso VI de Leão e Castela retoma a unidade dos Estados Paternos. Porém, intensificaram-se as acometidas dos Almorávidas o que precipitou a distribuição dos poderes militares e por esta altura os territórios passaram para a administração de Raimundo de Borgonha casado com D. Urraca. Entregue a Raimundo, este, não conseguiu defender eficazmente a linha do Tejo - tendo perdido Lisboa que fora cedida aos Reis de Leão pelo califa de Badajoz. Assim Afonso VI decide fortalecer ainda mais a defesa militar ocidental, dividindo em duas a zona atribuída inicialmente a Raimundo, entregando a mais exposta a Henrique da Borgonha.

O nosso conde D. Henrique, que casara por volta dos trinta anos com D. Teresa de Leão - filha de D. Afonso VI de Leão e de Ximena Nunes –, já antes do seu casamento se distinguira na fronteira sul da Península, no combate aos Almorávidas. Agora casado com a Infanta Teresa, e apoiado pelos interesses políticos da Ordem de Cluny, imiscui-se estrategicamente e com ambição na política no Reino de Leão e Castela, conquistando a sua pretensão poder junto das cortes.

A fim de aumentar a população, valorizar o seu território e consolidar a sua autoridade, D. Henrique deu foral e fundou novas povoações, entre elas a vila de Guimarães, onde fixou a sua habitação, num Paço, dentro do Castelo que ali fora edificado no século anterior, atraindo para ali, com várias regalias, muitos dos seus compatriotas francos. Em, 1095, era, também, já Senhor de Braga, ou seja, D. Henrique e sua mulher tinham a tenência dos territórios que abrangiam Guimarães, Braga, Porto, Coimbra e Santarém.

A 9 de Dezembro de 1097, em Compostela, D. Henrique intitula-se ‘Comes Portucalensis – Conde de Portucale’.

Com a morte de D. Afonso VI de Leão, D. Henrique age como Soberano de uma potência e território independentes.

Continuou a ilustrar-se pelas armas, e, em 1100, batalha com os mouros Almorávidas, em Malagón.

Em Setembro de 1104 estabelece com D. Raimundo um Pacto Sucessório em que reconhece este último como único herdeiro de Afonso VI e se prometem mutuamente amizade e assistência. Como contrapartida deste acordo, Raimundo promete a D. Henrique a cidade de Toledo, com parte do seu tesouro, ou, em alternativa, a Galiza. Neste pacto não há qualquer referência a Portucale. Em 13 de Setembro de 1107 morre Raimundo e no ano seguinte o infante D. Sancho que lhe deveria suceder. Em Portucale, D. Henrique continua a sua senda conquistadora, submetendo os mouros em Sintra.

Na cidade de Coimbra doa à diocese o Mosteiro de Lorvão usando o mesmo formulário de chancelaria que 15 anos antes fora usado pelo herdeiro do trono em acto análogo, o que evidencia, que a partir daquele momento começou a agir como Soberano de uma potência independente. D. Henrique tomou partido contrário a D. Urraca como herdeira de Afonso VI e, em 1110, na batalha de Campo de la Espina, vence as tropas de D. Urraca; em Novembro do mesmo ano dá-se a conferência de Monzón entre D. Henrique e D. Urraca; em Novembro do mesmo ano D. Henrique cerca D. Afonso I em Peñafiel. Este cerco foi desfeito pela intervenção de D. Teresa que convence o marido a retirar o apoio a D. Urraca enquanto esta não definir claramente os termos da aliança. Em Fevereiro ou Março de 1111, D. Henrique cerca D. Urraca, que entretanto fizera as pazes com o Rei de Aragão. Na Primavera deste ano o perigo espreita em Portucale perante a ameaça almorávida sobre o Tejo. No inverno deste último ano D. Henrique dominou territórios dependentes quer de D. Urraca quer de Afonso I, tais como Zamora, Astorga e Oca. Em 1112 faz a Paz com D. Urraca que, por sua vez, também a fizera com o filho. D. Henrique falece, em Astorga, nos últimos dias de Abril de 1112, tendo determinado que fosse sepultado na Sé Catedral de Braga, e, durante a menoridade do seu filho o Infante Dom Afonso Henriques, a governação do Condado passa para a viúva Dona Teresa.

Em 1121, esta, auto intitula-se «Rainha», mas os conflitos com o Clero e a sua relação com o fidalgo galego Fernão Peres, a quem entregara o governo dos distritos do Porto e Coimbra, originou a insurreição dos Portucalenses e do próprio filho o Infante D. Afonso Henriques, invariavelmente afastados, por forasteiros, da gestão dos negócios públicos: a relação da ‘rainha’ - apesar de ser apenas Condessa, D. Teresa, que entendia que Portucale era seu e não do marido o Conde D. Henrique, e a partir de 1117 passa a assinar como “Ego Regina Taresia de Portucale regis Ildefonssis filia” - com o nobre galego acicata contra si a reprovação do filho, os ódios da nobreza portucalense afastada do círculo de poder, a antipatia do Povo que recordava com carinho D. Henrique e do clero que exigia outro tipo de comportamento à princesa da Hispânia. O seguinte... já teria estoutro protagonista e a Sua História já seria a de Portugal.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

‘Todo começo é involuntário.
Deus é o agente,
O herói a si assiste, vário
E inconsciente.
À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
«Que farei eu com esta espada?»
Ergueste-a, e fez-se.’

Fernando Pessoa | ‘Mensagem’


PLATAFORMA DE CIDADANIA MONÁRQUICA



Em 1096, recebe de D. Afonso VI o Condado Portucalense. Aderiu à Reconquista da Península Ibérica. Pai de D. Afonso Henriques. Terá falecido nos últimos dias de Abril de 1112.
Conde D. Henrique.




24 de Abril de 1112: Data provável da morte do Conde Dom Henrique, pai de Dom Afonso Henriques, PORTUCALE REX PRIMUS.
Henrique de Borgonha, conhecido em Portugal por Conde Dom Henrique, *Côte-d'-Or, Dijon, 1069 - †Leão, Astorga, 24.04.1112, era filho de Henrique, Duque da Borgonha (*1035 - †1071) e de Sibila (ou Beatriz ?) de Barcelona (*1035 - †1074); Neto paterno de Roberto I o Velho, Duque de Borgonha (*1011 - †1076) e de Hélie de Semur (*1015 - †1055) e neto materno de Berenguer Ramon el Curvo, Conde de Barcelona (*995 - †1035) e de Gisela de Llucá (*1012 - †1079).
Henrique de Borgonha, foi Conde de Portucale desde 1093 até à sua morte.
Pertencia à família Ducal da Borgonha, sendo filho de Henrique, herdeiro do Duque Roberto I com Sibila da Borgonha, e irmão dos também duques Odo I e Hugo I. Sendo um filho mais novo, Dom Henrique tinha poucas possibilidades de alcançar fortuna e títulos por herança, tendo por isso aderido à Reconquista da Península Ibérica. Ajudou o Rei Afonso VI de Leão a conquistar o Reino da Galiza, recebendo como recompensa pelos seus serviços casamento com a filha ilegítima do monarca, Teresa de Leão. Alguns anos mais tarde, em 1096, Dom Henrique recebeu de Afonso VI o Condado Portucalense, que passava prestar-lhe vassalagem directa. O Rei de Leão pretenderia assim limitar o poder do Conde Raimundo de Borgonha, casado com Urraca de Leão.
Dom Henrique morreu a 24 de Abril de 1112, tendo sido sepultado na Sé de Braga. Seu filho Dom Afonso Henriques sucedeu ao pai e tornou-se o segundo Conde de Portucale em 1112. No entanto, o jovem Dom Afonso Henriques rebelou-se contra a sua mãe em 1128, que pretendia manter-se no governo do condado. Por isso, em 1139 Dom Afonso reafirmou-se independente de Leão e proclamou-se Rei de Portugal, recebendo o reconhecimento oficial de Leão em 1143 através do tratado de Zamora. e do Papado em 1179 através da Bula Manifestis Probatum.
Biografia:
Ambiente familiar:
Nascido em 1066, em Dijon, o Conde Dom Henrique era o filho mais novo de Henrique de Borgonha, filho do Duque Roberto I por sua vez filho do Rei Roberto II de França. Dois dos seus irmãos mais velhos, Hugo e Odo I, herdaram o ducado. Apesar de sua mãe, chamada Beatriz (ou Sibila) de Barcelona, aparecer em genealogias tradicionais como filha dos Condes de BarcelonaBerenguer Ramon I e sua esposa Gisela de Lluçà.
Uma das tias do lado paterno era a Rainha Constança, esposa do Rei Afonso VI de Leão, e um tio-avô era Hugo, Abade de Cluny, irmão de sua avó Hélia de Semur e uma das personalidades mais poderosas e reverenciados do seu tempo. A sua família ostentava um grande poder e dominava várias cidades no reino da França, como Chalon, Auxerre, Autun, Nevers, Dijon, Mâcon e Semur. Ele era também primo afastado do Papa Calisto II.
Chegada ao Reino de Leão:
Após a derrota das tropas cristãs na batalha de Zalaca, travada a 23 de Outubro de 1086, o Rei Afonso VI pediu auxilio aos cristãos do outro lado dos Pirinéus nos primeiros meses do ano seguinte, chamada a que responderam muitos nobres e cavaleiros franceses, entre eles Raimundo de Borgonha, os seus primos-irmãos, o Duque Odo e Henrique de Borgonha, assim como Raimundo de Saint-Gilles. Apesar das alegações de que Henrique chegara na primeira expedição em 1087, a sua presença na Península só é atestada a partir de 1096 quando aparece confirmando os forais de Guimarães e de Constantim de Panóias.
Em 1 de Outubro de 1096 e em 19 Janeiro de 1097, o Conde Dom Henrique é mencionado em documentos como Conde de Tordesilhas.
Três destes nobres franceses contraíram matrimónio com filhas do Rei Afonso VI:
Raimundo com a Infanta Dona Urraca, que sucedeu a seu pai no trono leonês; Raimundo de Saint-Gilles com Elvira Afonso, e Henrique de Borgonha com Dona Teresa de Leão, filha nascida da relação extraconjugal de Afonso VI com Ximena Moniz.
Aliança com seu primo, o Conde Dom Raimundo da Borgonha:
Entre o primeiro trimestre de 1096 e o final de 1097, o Conde Dom Raimundo, ao ver a sua influência reduzida na corte, acordou com o seu primo Dom Henrique de Borgonha, que ainda não tinha sido nomeado Governador de Portugal, a partilha do poder, o tesouro real e o apoio mútuo. Através desta aliança, que teve a aprovação do Abade Hugo de Cluny, parente de ambos, Raimundo "prometia sob juramento a seu primo Henrique entregar o Reino de Toledo e um terço do tesouro real quando Afonso VI morresse". Se ele não pudesse entregar o Reino de Toledo, ele daria a Galiza. Dom Henrique, por sua vez, comprometeu-se a ajudar Dom Raimundo a obter "todos os domínios do Rei Afonso e dois terços do tesouro". O Rei Afonso VI parece ter tido conhecimento do acordo e para contrariar a iniciativa dos seus dois genros, nomeou Dom Henrique governador da região que se estende desde o rio Minho até ao rio Tejo, que até então era governada pelo Conde Raimundo. Este viu o seu poder reduzido apenas ao governo da Galiza.
Independência do Condado de Portugal:
Por questões políticas e estratégicas, após enviuvar, a Rainha Urraca de Leão — meia irmã de Teresa de Leão — casou-se com Afonso I de Aragão. Henrique de Borgonha, tirando partido dos conflitos familiares e políticos surgidos em torno da sua cunhada Urraca, declarou a independência do Condado Portucalense. Morreu em Astorga a 22 de Maio de 1112. O seu corpo foi transferido, como havia ordenado, para a cidade de Braga, onde foi sepultado na capela-mor da catedral que tinha fundado.
Após a sua morte, Dona Teresa governou o condado durante a menoridade do futuro Dom Afonso Henriques de Portugal, que tinha apenas três anos de idade à data da morte do pai.
Legado:
Conde Dom Henrique foi o líder de um grupo de cavaleiros, monges e clérigos de origem francesa, que exerceram uma grande influência na Península Ibérica e impulsionaram muitas reformas e a implementação de instituições transpirenaicas, como o costumes cluniacenses e o rito romano. Essas pessoas ocuparam postos eclesiásticos e políticos relevantes, o que provocou uma forte oposição durante os últimos anos do reinado de Afonso VI.
Do casamento entre o Conde Dom Henriques e Dona Teresa de Leão, em 1093, nasceram:
  • Dom Afonso Henriques (* 1094)
  • Dom Henrique (* 1106)
  • Dona Urraca Henriques, Infanta de Portugal (* 1095), c.c. Bermudo Pérez de Trava
  • Dona Sancha Henriques, Infanta de Portugal (* 1097), c.c. Sancho Nunes de Barbosa, Conde de Barbosa; e c.c. D. Fernão Mendes, Senhor de Bragança
  • Dom Afonso Henriques, Rei de Portugal (* 25.07.1109), c.c. Dona Mafalda de Sabóia; teve filhos de D. Elvira Gualter; e teve filhos com D. Chamoa Gomes de Pombeiro.
  • Dona Teresa Henriques, Infanta de Portugal (* 1098)
  • Dom Pedro Henriques (ou Dom Pedro Afonso), († 1165), monge no Mosteiro de Alcobaça onde foi sepultado.


(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, App.- Family Tree Maker 4.0, GeneAll e Wikipédia)

HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro

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