Anteontem,
no avião, li um texto da autoria de um desses auto-proclamados
"intelectuais" que tanta confusão têm semeado ao longo destas tristes
décadas de desnorte. Afirmava que a raiz da actual crise se deve à
"manutenção do espírito monárquico", Engana-se redondamente o confuso
escriba. Sou um realista e aquilo que destaco na monarquia é a continuidade: a monarquia é continuidade.
Sou um funcionalista e aquilo que destaco na democracia é o facto de ser
um dado de civilização e a melhor resposta à conflitualidade inerente à
vida política. Quem da democracia tem um entendimento diferente são os
intolerantes da tolerância e parece haver mais rabos-de-palha nos
totalitários que o negam que entre os velhos e empedernidos
liberticidas. Contudo, a democracia manifesta perigosas tendências que
importa controlar: a tendência oligárquica, a confiscação da vida
política por grupos de interesses, a demagogia, o populismo e a
incapacidade de consenso.
Logo, concebo a monarquia como um sistema não-democrático que permite
caucionar a mudança. A prová-lo, o facto da totalidade das monarquias
existentes constituírem no seu respectivo quadro geográfico exemplos de
adesão às cartas internacionais, modelos de tolerância e abertura à
mudança; contrastando com as repúblicas que são, têm sido desde a
revolução francesa, escolas de tirania e imposição.
A monarquia, ao contrário das ditaduras, melhor serve a mudança, pois
limita o apetite pelo poder nu daqueles que encaram a acção política
como arte (os revolucionários ou engenheiros sociais). Ora, em política,
os homens não devem submeter-se a teses; devem viver em sociedade.
Nas monarquias, ao contrário do que dizem os seus detratores, não se
colocam as estafadas superstições dicotómicas de razão/ sentimento,
progresso/reacção, ciência/fé, luzes/ supesrtição; em suma, a monarquia é
espelho da cultura, de progresso e estabilização. É uma escola de
moderação e uma força conjuntiva.
(Y)
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