O seu sarcófago, no braço norte do
transepto do Convento de São João de Tarouca, corresponde à sua grandeza
intelectual. Com 3,28m de comprimento, 1,78m de altura, 1,22m de
largura e o peso aproximado de 13 toneladas, é provavelmente a maior
arca tumular existente em Portugal. O jacente, de cara barbada, longo
manto e espada na mão impõe-se ao olhar nas suas dimensões gigantescas.
Obra rude e colossal, terá sido concebida pelo próprio D. Pedro Afonso,
num tempo em que as grandes figuras senhoriais começavam a afirmar a
sua individualidade e o seu poder, tentando libertar-se do anonimato da
morte pela monumentalidade e grandiosidade tumular.
Nesse
mesmo desígnio de afirmação e superação se inscrevem as cenas de caça ao
javali que preenchem os baixos-relevos dos frontais. A caça –
actividade de nobres e guerreiros – distinguia socialmente quem a
praticava. Simbolicamente, representava também a purificação da alma,
através da caça aos instintos, de que o cavalo, o javali ou porco-negro
são o símbolo**.
O cão aos pés – sinal de fidelidade – e as
armas de Portugal nos faciais constituem ainda figurações da grandeza do
personagem que, cultural e civilizacionalmente não desmereceu a nobreza
e dimensão de seu pai, Dinis, rei de Portugal.
Bibliografia:
* - José Augusto de Sotto Mayor Pizarro - D. Dinis. [Rio de Mouro], Círculo de Leitores, 2005, p. 240.
** – Paulo Pereira - Enigmas: lugares mágicos de Portugal, vol. II:
arquitecturas sagradas, [Rio de Mouro], Círculo de Leitores e autor,
2004, p. 144.
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