Não
param de crescer as dificuldades económicas para um número crescente de
famílias, muitas delas a braços com o desemprego, que se vêem sem
capacidade para satisfazer necessidades básicas da sua vida. O recurso à
ajuda das instituições de solidariedade social (IPSS), seja no acesso a
alimentação e a medicamentos, seja na gratuitidade da frequência de
creches e jardins-de-infância, tem estado a aumentar de forma alarmante.
O Estado não tem dinheiro para reforçar, muito pelo contrário, os
apoios sociais às famílias em situação de carência económica efectiva,
seja directamente às pessoas por via das prestações sociais, seja
indirectamente às instituições de solidariedade social através de
compensações financeiras.
Num
cenário em que o Estado deixou de cumprir com as suas responsabilidades
sociais de assegurar às famílias pobres e de baixos rendimentos e em
situação de carência económica os apoios mínimos, é incompreensível que esteja previsto no acordo da
Troika que as IPSS cobrem IVA nas ajudas que prestam e que, portanto,
estas famílias tenham que pagar IVA sobre as ajudas que recebem. Como é
possível admitir que os pobres paguem IVA sobre a "sopa social"? Sopa
social paga em parte com os dinheiros dos contribuintes e cada vez mais
com os donativos da sociedade civil.
Não
se invoque a bancarrota para justificar a imoralidade desta miserável
medida. Haja bom senso e dignidade. Talvez seja pedir muito, mas que por
uma vez os nossos governantes tenham um comportamento decente e não
exijam dos pobres o que o Estado não é capaz de lhes garantir. Acima de
tudo, haja humanidade e sensibilidade social.
Assim
se vê, como vai longa a nossa crise de valores e como anda ofuscada a
lucidez política. Esta história é má de mais para ser verdade. Que
Estado (anti)Social é este?
Fonte: 4R
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