Os meias brancas da nossa informação especializada em mexericos, dramas, terrores, adenovírus urbi et orbi, pés chatos, naperons
sobre a geleira e cachecol do clube emoldurando a TV, andam numa fona
com o que nas últimas vinte e quatro horas se passou em Espanha. A gente
de Balsemão - João Carlos I deveria ser mais selectivo quanto às
amizades que por cá mantém - fala de uma "maré republicana", para logo depois depararmos com a visão de uma modestíssima praça que dá pelo nome del Sol,
apinhada com 20.000 pessoas oriundas das sedes habituais. Em Barcelona,
foi ainda menos evidente a reclamação da república, reunindo apenas
5.000 furibundos. Tão modestas reuniões, fazem-nos logo recordar a ainda
muito recente festança da vitória do Real Madrid que em pouco mais de
meia hora, arrebanhou um milhão de entusiastas de "bandeira monárquica"
em riste. Perdão, há que chamar-lhe bandeira de Espanha.
Por cá os artifícios são sempre os
mesmos, procurando apontar o dedo a quem para lá da fronteira, vive num
país muito mais moderno, justo e progressivo que esta grotesca republica
de falsários, incompetentes institucionais, reservistas mentais e
reputados gatunos de comenda ao peito. Dir-se-ia que a gente da RTP, SIC
e TVI jamais deu conta dos Limites Materiais da revisão constitucional,
pecisamente no que estes apontam naquele infamante artigo que proibe os
portugueses de reporem no devido lugar, a legalidade histórica e
institucional roubada em 1910. Em Portugal, nada de referendos!, pois
vigora o princípio do facto consumado, seja este quanto à
república, "descolonização", adesão à CEE, Maastricht, adopção do Euro,
Tratado de Lisboa, etc. Como a propósito de Maastricht disse um dia o
Sr. Cavaco Silva, ..."os portugueses não estão preparados para este tipo
de decisões".
Quanto a Espanha, nada de preocupante. As entrevistas feitas in loco já demonstram a falta de convicção e de fibra daquela gente: já não se trata de João Carlos I o tal O Breve de quase quarenta anos de reinado. Já nenhum deles se ilude quanto à entronização de Filipe VI. Agora, a conversa é outra: ..."su hija jamás sera Reina!".
Já cá não estarei para comprovar ou não o dia da proclamação de Leonor I, mas tenho a certeza de que há coisas que dificilmente mudam.
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