Porque é que os portugueses andam descontentes e preocupados?
As
respostas são simples: não entendem o que lhes é dito (por acção ou por
omissão) e, consequentemente, não sabem em quem acreditar. Andamos sem
orientação.
O
cerne do problema reside no discurso, na linguagem entre: Regime e
Povo. A república, e os seus bastiões assentes numa estrutura
minoritária de cariz (pseudo) intelectual, sempre falou, através das
suas três fases, de forma encriptada com o povo português.
Por
isso o nosso desânimo, a nossa falta de reacção, a nossa resignação, o
negrume deste povo. Havia uma ligação comunicacional, um entendimento
que foi brutalmente interrompido no dia 5 de Outubro de 1910, por
intermédio da acção de uns contra a maioria. Ainda hoje somos geridos
por uma matriz de interesses minoritários, alheios aos interesses gerais
dos portugueses.
Desde aí, a ferida nunca mais sarou. Não andamos de bem connosco próprios, somos um País mal resolvido.
Com
os nossos Reis, tal nunca aconteceu. As nossas tradições originárias
(entenda-se provindas de outro 5 de Outubro…o de 1143), por um lado, e o
nosso verdadeiro progressismo, por outro, sempre foram o modo
comunicacional dos nossos Soberanos com os portugueses. Por outras
palavras, os nossos Reis sempre souberam falar a linguagem do nosso Povo
e este perceber os seus Reis, os seus legítimos representantes. Havia
uma harmonia, a harmonia que os países privilegiados hodiernamente com
monarquias constitucionais, vêem traduzir em progresso e desenvoltura
para lidar com os desafios que o futuro nos coloca. Falta-nos essa
capacidade hoje, a mesma que tivemos e perdemos em 1910.
Hoje,
em república, não temos nem nunca teremos essa harmonia…não se iludam. O
cariz partidário invade todos os tecidos comunicacionais, invade todas
as hierarquias, inclusive daquele que devia ser o nosso último reduto de
confiança e de neutralidade: o Chefe de Estado. A mancha advém do
simples facto que todos contaminaram-se com fenómenos partidários. Esse
cariz devia bastar-se apenas pelo Governo e pelas autarquias, mas não é o
que acontece, infelizmente. O fenómeno é similar a uma trepadeira de
Buganvília que apenas pontualmente - uma vez ao ano - dá alguma cor. Mas
no resto do ano, a maior parcela temporal desta planta, anda seca, sem
flor e sem cor. Traduz-se em algo meramente visual, aparentemente
fantástico mas desprovido de sustentabilidade, algo deveras
enganador…por (in)definição. Daí que, para assegurar essa “trepadeira”, é
necessário manter uma linguagem “técnica”, encriptada e codificada…para
que ninguém questione a sustentabilidade do seu crescimento. Sampaio
era prodigioso, quanto a esta matéria…reconheça-se.
Não
tenham a menor dúvida: o pior dos elitismos é o intelectual! Posto
isto, a associação é inevitável: recordem aquele restrito grupo que
“pensou” a república para uma Nação de 767 anos e concluam sobre aquilo
que hoje temos e somos…?
Ora,
mesmo que entre em funções um novo Governo da república, o que
certamente irá acontecer, pode este eventualmente melhorar a nossa
situação e imagem perante o estrangeiro. Contudo, será uma “nova”
política de remedeio, de concerto e arranjo. Nada mais do que isso…!
Para
voltarmos a ser nós próprios, para voltarmos à ribalta, aquela que há
mais de 100 anos já não estamos, isso, é mais que sabido, inclusive para
alguns pensadores portugueses da actualidade, que só com uma mudança de
ideias e de ideais, com uma mudança de Regime, que no meu modesto
entendimento seria mais facilmente enquadrável com: uma nova e moderna
Monarquia em Portugal.
PPA - A Incúria da Loja
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