"Como socialista, laico e
republicano dos sete costados, custa-me um bocado a engolir. (...). Não é
por aí que se vai resolver os problemas do País".
Mário Soares, ex-presidente da República
"Um Governo que toma uma decisão
destas é um Governo que não respeita a independência nem a República. É
um ato contra a História e contra a cultura. É um ato anti-história e
anticultura".
Manuel Alegre, ex- (e talvez futuro-presente) candidato presidencial
Alguns reparos. O primeiro consiste na
nossa ignorância acerca do significado "republicano dos sete costados".
Sete? Deve estar a fazer um reparo ao Buíça, ao Costa, ao Bernardino,
ao Abel Olímpio do Dente d'Ouro, ao Afonso Costa, à Formiga Branca e ao "herói bombista". Soares
referia-se exclusivamente ao 5 de Outubro, até porque o 1º de Dezembro é
coisa desprezível para um saudosista de Afonso Costa e do PRP
federalista "ibérico". Quanto a Manuel Alegre, quando declara ser esta
eliminação um acto contra a História e contra a cultura, devia
preocupar-se mais com o neo-português com que o Diário de Notícias
estampa as suas declarações: "ato" é um claro erro ortográfico digam os
alegretes o que quiseram. É, e para a maioria, continuará a ser.
Francamente, abastadíssima gente que
se esfrega de emoção pela data fundadora de um regime que dizia
pretender "salvar o património colonial", quando afinal para sempre o
liquidou da maneira que se conhece; avidíssima gente sempre com a
"liberdade" na ponta da língua, mas feroz defensora das iniquidades,
prepotências, esbulhos, morticínios e outras violências outubristas que
conduziram o país à ditadura; refasteladíssima gente sempre pronta para
as "coisas da cultura" mas entusiasta defensora destas novidades que
transformam factos em fatos, actos em atos, acções em ações, afecto em
afeto, objectivos em objetivos e por aí fora, devia desviar a sua fisga
para outras direcções. Sim, direcções e não direções.
Felizmente, o meu computador barra todas estas novidades a vermelho. Como convém.
Entretanto, vejam a coisa pelo lado
positivo: a eliminação do feriado poupa-lhes uma banquetada e ficamos
todos a ganhar. Os putativos convivas, poupam os respectivos organismos a
mais umas tantas vinhaças e gorduras, enquanto a ralé, "vulgo nós",
contenta-se em pagar menos uma conta.
publicado por Nuno Castelo-Branco em Estado Sentido
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