O
Rei Dom Luís foi ontem homenageado na Sociedade de Geografia pelos 150
anos passados desde a ascensão ao trono. Não foi inocente a escolha do
local, já que foi ele o fundador e primeiro protector daquela
instituição. Forma de ‘fazer uma vénia’ a um Homem que foi Chefe de
Estado de 11 de Novembro de 1861 a 19 de Outubro de 1889, data da sua
morte, em Cascais.
Luís
Aires Barros, presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, fez breve
introdução, falou dos grandes feitos do Rei Dom Luís, do Homem culto
que foi e da grande transformação que Portugal conheceu durante o
reinado.
Dom
Luís reinou durante 25 anos e na Sociedade de Geografia ficou a defesa
da ideia de que não era Rei sem poder e influência, como muitas vezes se
faz crer.
De Berlim a Londres
Rapidamente
se escutaram alguns exemplos: foi por esses anos que se aboliu a pena
de morte em Portugal, que se pôs fim à escravatura, que foi feito o
primeiro recenseamento da população ou se fundou a Caixa Geral de
Depósitos. E como não poderia deixar de ser, com o devido destaque nas
palavras do professor Luís Aires, fundou ainda da Sociedade de
Geografia, à imagem do que se fazia em Paris, Berlim ou Londres, numa
época em que a Europa se virou para África e começou a estudar terras
até então praticamente desconhecidas e ignoradas.
Marinha honrada
Chegara
então o momento de discursar o almirante Vieira Matias. Porque se
associou a Marinha a esta homenagem? Explicação simples, dada de
imediato.
«A
Marinha sente-se honrada por ter tido um marinheiro que foi Rei e que,
sendo Rei... não deixou de ser marinheiro», afirmou o almirante,
sublinhando os contributos para Portugal de um Homem de cultura e que
teve contributo decisivo para o grande crescimento da marinha de guerra.
Dom Duarte e a influência
E não poderia deixar de estar presente Dom Duarte Pio, rosto da Monarquia nos dias de hoje.
«Teve
educação esmerada, com muita influência alemã. Foi essa educação que o
preparou para ser um excelente Chefe de Estado, como na realidade foi.
Nessa fase da Monarquia o Rei não governava, é verdade, mas Dom Luís
teve uma influência enorme no desenvolvimento do País», disse.
Crescimento económico
O
senhor que se seguiu, o historiador Rui Matos, concorda com a ideia de
uma magistratura de influência activa, apesar de reconhecer que é um
período da história portuguesa que não está tão estudado como seria
desejável.
«Dom
Luís foi o segundo filho da Dona Maria II e não estava destinado a ser
Rei, mas a verdade é que foi o reinado constitucional em Portugal mais
longo da história... 28 anos. É inegável que não deixou memórias tão
fortes como o antecessor, o irmão Dom Pedro V, nem mesmo que o sucessor,
o filho Dom Carlos. Mas é injusta a tese que defende que a Monarquia se
prolongava unicamente porque o Rei não mandava. É evidente que não era
um homem incapaz ou ausente, talvez o que se passe é que tenha sido
incompreendido na época em que viveu. Durante o Governo de Fontes
Pereira de Melo tivemos uma das três épocas de maior crescimento
económico em Portugal e o seu papel foi muito activo.»
Assinalados
ficaram os 150 anos da subida ao trono do rei que ganhou o cognome de
‘O Popular’, diz-se que por ser apreciado pelo povo. Homem de cultura e,
como tal, nem faltou uma actuação notável do Quinteto Clássico da Banda
da Armada.
Por Luís Filipe Simões, 28 de Novemvro de 2011
FOTOS
S.A.R., Dom Duarte Pio destacou a personalidade de Dom Luís, cuja imagem se vê ao fundo (Foto António Azevedo/ASF)
Quinteto Clássico da Banda da Marinha teve actuação fantástica (Foto António Azevedo/ASF)
Sala bem composta num dia especial no Salão Nobre da Sociedade de Geografia (Foto António Azevedo/ASF)
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