O Gonçalo Ribeiro Telles é o homem que conheço com maior capacidade
de luta pelos seus ideais e de coerência no discurso político. Foi o
primeiro dos ecologistas em Portugal e é o primeiro entre os ecologistas
em Portugal. Professor na verdadeira acepção da palavra e um servidor
público de primeira linha. Irreverente, combativo e lutador, desde o
primeiro dia, contra a destruição da identidade e património natural e
cultural de Portugal.
Realista e democrata, fundou e presidiu
ao Partido Popular Monárquico, a única instituição monárquica que na
história da república portuguesa lhe fez verdadeiramente frente –
juntamente com nomes enormes da nossa história recente, como Henrique
Barrilaro Ruas, Augusto Ferreira do Amaral, João Camossa e Luís Filipe
Coimbra. No PPM foi deputado pela Aliança Democrática, onde também foi
Ministro da Qualidade de Vida.
Lisboeta e apaixonado por Lisboa, nessas
duas qualidades, fundou o Movimento Alfacinha em 1984, tendo sido
candidato à presidência da Câmara Municipal e eleito vereador. Tempos
mais tarde fundou também o MPT – Partido da Terra, do qual é presidente
honorário desde 2007, por obra e reposição da verdade do Pedro Quartin
Graça.
Actualmente, é a consciência crítica e lucida da praxis política portuguesa e dirigente do Instituto da Democracia Portuguesa.
Um dia, num jantar em casa de um amigo
em comum, disse-me: “João, sabes porque é que nunca restauramos a
monarquia em Portugal?”, encolhi os ombros e perguntei: “porquê
Arquitecto?”. Ele riu-se e do alto dos seu oitenta e muitos anos
respondeu: “quando estava no PPM nunca tive tempo de tomar um café com
cada português”. Dou-lhe inteira razão.
Esta homenagem é mais do que merecida,
mas mesmo assim nunca Portugal conseguirá dar ao Gonçalo aquilo que ele
já deu a Portugal.
Há homens que nos desafiam. Que nos fazem pensar, que reduzem a pó os
nossos preconceitos. Que persistem, com uma integridade inabalável,
naquilo que acreditam terem razão. E muitas vezes a tem, e muitas vezes
não são ouvidos. Gonçalo Ribeiro Telles e um desses homens, e
alegremo-nos, e português. Com um humor e uma generosidade
extraordinários, aliadas a uma profunda compreensão do tempo em que vive
e recusando passadismos de fancaria, este homem e uma excepção. Não
nasci monárquico: escolhi ser monárquico. E nessa escolha muito devo a
Ribeiro Telles. Uma homenagem, por mais justa e melhor que seja - como esta - nunca chegara. Mas não se pode ignorar. La estarei.
publicado por Nuno Miguel Guedes em 31 da Armada
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