Aires
de Ornelas foi filho do deputado e conselheiro Agostinho de Ornelas e
Vasconcelos Esmeraldo Rolim de Moura e Teive e de sua esposa Maria
Joaquina de Saldanha da Gama, pertencendo pelo lado paterno a uma das
mais antigas e distintas famílias madeirenses, a dos senhores do
morgadio do Caniço. Pelo lado materno era neto dos oitavos condes da
Ponte.
Foi
muito cedo para Lisboa, fazendo os seus estudos secundários no Colégio
de Campolide, um estabelecimento da Companhia de Jesus frequentado pelos
filhos da elite portuguesa. Concluídos os estudos secundários
frequentou os estudos preparatórios ministrados na Escola Politécnica de
Lisboa e ingressou no curso de Estado-Maior da Escola do Exército.
Concluiu o curso em 1889, ano em que foi despachado alferes da arma do
Estado-Maior do Exército Português.
Para além dos seus estudos militares, interessou-se pela escrita, tendo fundado em 1893 a
Revista do Exército e da Armada, em colaboração com outros alunos da
Escola do Exército, da Escola Naval e com militares no activo. Foi um
dos mais assíduos colaboradores daquele periódico. Foi também
colaborador e depois director do Jornal das Colónias.
Foi
promovido a tenente em 1892 e em 1895 foi enviado para Lourenço
Marques, integrado na expedição liderada por António Enes que naquele
ano foi enviada para a África Oriental. Em Moçambique, tomou parte nas
operações contra o régulo vátua Gungunhana, destacando-se na preparação
das colunas que tomaram Marracuene e Inhambane. Revelou-se um militar
exímio, alcançando grande reputação no Exército e junto da opinião
pública. Destacou-se no combate de Marracuene pela sua valentia e sangue
frio, qualidades que confirmou nos combates de Coolela.
Essas
qualidade fizeram com que Mouzinho de Albuquerque, nomeado para o cargo
de governador-geral de Moçambique, demonstrasse depois grande estima e
consideração por Aires de Ornelas, o que viria a resultar na sua
nomeação em 1896 para chefe do seu Estado-Maior. Mouzinho de Albuquerque
refere-se a Aires de Ornelas como sendo o oficial mais completo que
tinha conhecido, possuindo todas as qualidades de oficial de cavalaria
de campanha e de oficial de Estado-Maior. Estes louvores valeram-lhe a
promoção ao posto de capitão no ano de 1897.
Quando
em 1898, Mouzinho de Albuquerque terminou a sua comissão em Moçambique,
regressou a Portugal, onde reatou a sua colaboração na Revista do
Exército e da Armada e no Jornal das Colónias. Entretanto, a fama que
granjeara em África garantiu-lhe reconhecimento público e a sua
aceitação como detentor de grandes conhecimentos sobre assuntos
coloniais.
A 15 de Agosto de 1900 casou no Lumiar, em Lisboa, com D. Maria de Jesus Maria José de Sousa e Holstein Beck (Lisboa, Alcântara, 18 de Setembro de 1873 - ?), filha do qº Marquês de Sesimbra, de quem não teve descendência.
A 15 de Agosto de 1900 casou no Lumiar, em Lisboa, com D. Maria de Jesus Maria José de Sousa e Holstein Beck (Lisboa, Alcântara, 18 de Setembro de 1873 - ?), filha do qº Marquês de Sesimbra, de quem não teve descendência.
Esse
mesmo reconhecimento público levou a que em Abril de 1901 assumisse a
direcção política do Jornal das Colónias. Nesse mesmo ano foi feito par
do reino por direito hereditário, assumindo o seu lugar na Câmara dos
Pares.
Os
seus conhecimentos em matéria colonial fizeram com que fosse escolhido
para representar Portugal no Congresso Militar que decorreu em Madrid
por ocasião do centenário de Cristóvão Colombo. As mesmas razões levaram
a que fosse nomeado mais tarde delegado técnico na Conferência de Haia
de 1899 de onde saíram os primeiros tratados internacionais sobre leis e
crimes de guerra.
Quando
se levantou a questão das fronteiras orientais de Angola, no âmbito da
chamada questão do Barotze, foi escolhido, com o almirante Hermenegildo
Capelo e o capitão-de-fragata Ernesto de Vasconcelos, para em 1900
integrar a comissão técnica que discutiu com os britânicos os limites do
Barotze. Tão bem se houve nesta comissão que recebeu a comenda da Ordem
Militar de Santiago da Espada.
A
convite de João de Azevedo Coutinho, ao tempo governador-geral de
Moçambique, em 1905 desempenhou o cargo de governador do Distrito de
Lourenço Marques, cargo onde se manteve por apenas oito meses. Tendo
regressado a Lisboa, colaborou em diversos periódicos, assumindo a
direcção do Diário Nacional, cargo que manteve durante alguns anos.
Quando em Maio de 1906 o Partido Regenerador-Liberal, liderado por João Franco, foi chamado por D. Carlos I para formar governo, coube a Aires de Ornelas o cargo de Ministro da Marinha e Ultramar. Nestas funções, em 1907 acompanhou o Príncipe Real D. Luís Filipe numa viagem às colónias da África, visitando Cabo Verde, Angola e Moçambique.
Quando em Maio de 1906 o Partido Regenerador-Liberal, liderado por João Franco, foi chamado por D. Carlos I para formar governo, coube a Aires de Ornelas o cargo de Ministro da Marinha e Ultramar. Nestas funções, em 1907 acompanhou o Príncipe Real D. Luís Filipe numa viagem às colónias da África, visitando Cabo Verde, Angola e Moçambique.
Com
o regicídio de 1908 e a consequente queda do governo presidido por João
Franco, foi forçado a abandonar o cargo, o que contribuiu para o
descontentamento entre os militares, em particular os da Armada, e para a
degradação da imagem do regime monárquico perante as forças armadas e
em particular os círculos africanistas.
Monárquico
convicto, com a implantação da República Portuguesa demitiu-se do
Exército e abandonou Portugal, residindo em Londres durante algum tempo.
Quando as condições políticas permitiram o seu regresso a Lisboa, foi
um dos obreiros da reorganização da causa monárquica, sendo nomeado
lugar-tenente do rei D. Manuel II de Portugal, então exilado em Londres,
substituindo no cargo, por iniciativa do monarca, o seu amigo João de
Azevedo Coutinho.
Envolvido
na tentativa de restauração monárquica de 1919, o episódio da Monarquia
do Norte, liderada pelo seu correlegionário Henrique Mitchell de Paiva
Couceiro, foi preso durante alguns meses na Penitenciária e no Forte de
São Julião da Barra, de onde saiu graças a uma amnistia oferecida aos
revoltosos de 1919.
Reingressou na vida política, e em 1918 e 1922 foi, respectivamente, deputado pela Madeira e por outro círculo.
Erigiu
em 1927, às suas custas e num terreno do seu morgadio sito na Ponta do
Garajau, ilha da Madeira, um monumento ao Sagrado Coração de Jesus,
actualmente conhecido como o Cristo Rei da Madeira.
Foi
um dos militares mais condecorados do seu tempo, sendo detentor, entre
outras condecorações, do grau de grande-oficial da Ordem Militar da
Torre e Espada, concedida pelos serviços em campanha de Moçambique no
ano de 1895), a comenda da Ordem Militar de Avis e três medalhas de
prata de valor militar (Moçambique, 1895; Campanha dos
Namarrais,1896-1897 e Gaza, 1897).
Faleceu
em Lisboa a 14 de Dezembro de 1930, sendo os seus restos mortais
transferidos para o cemitério das Angústias no Funchal, no ano de 1934.
Encontra-se em sua memória, uma estátua no Largo da Achada, freguesia da
Camacha. É também lembrado na toponímia de diversas localidades, entre
elas a cidade de Lisboa.
Na
varanda da residência do Comissário Régio. Sentados da esq p/dir:
Vieira da Rocha, Baltazar Cabral; Luiz Gaivão; Maria José Mouzinho de
Albuquerque e Joaquim Mouzinho de Albuquerque. De pé: Conde da Fonte;
Aires de Ornelas; ordenanças e criados
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