O
chefe da Casa Real portuguesa, D. Duarte Pio, considera que a
eliminação do feriado de 05 de Outubro do calendário de celebrações
nacionais foi uma “boa medida” tomada pelo Governo e alerta que Portugal
está a enfrentar “a segunda falência da República” da qual só poderá
sair se apostar nos seus sectores produtivos. Segundo o herdeiro da Casa
Real, o 5 de Outubro marcava “um episódio triste da história de
Portugal, um golpe de Estado contra o regime democrático vigente na
época, onde havia eleições, parlamento e que funcionava de uma forma
muito parecida com o que hoje acontece”.
Em declarações ao Correio do Ribatejo, à margem do IX ‘Almoço
do Rei’, realizado sábado no Santarém Hotel, D. Duarte de Bragança
observou que o 05 de Outubro foi “uma data em que portugueses combateram
portugueses: andámo-nos a matar entre nós. Por isso, sempre defendi que
não devia ser festejada”, disse. “Não ponho em causa o idealismo dos
republicanos. Ponho em causa é a celebração de uma guerra civil, de luta
entre portugueses”, concretizou o chefe da Casa Real portuguesa.
Já em relação ao feriado de 01 de Dezembro, D. Duarte Pio referiu que a
data “afirma a independência e a liberdade de Portugal” e “passada a
actual crise, não há razão para que o feriado não volte a assinalar-se”.
Contudo, ressalvou, “quem quer assinalar quaisquer destas datas, poderá
continuar a fazê-lo”, embora reconheça que a supressão das efemérides
do calendário de comemorações nacionais possa enfraquecer o simbolismo
que lhes está associado. Por outro lado, diz D. Duarte Pio, “há muita
gente com influência em Portugal que, desde 1910, apostou na extinção de
Portugal como país”.
“Este foi um dos grandes projectos dos revolucionários do 05 de Outubro.
E a bandeira verde e vermelha representa precisamente essa união
ibérica que julga que ao arruinar Portugal está a provar que o país não é
viável”, afirmou. “É fundamental que se reaja contra isso: devíamos
convidar intelectuais catalães, bascos e galegos para que nos explicarem
como é bom sermos governados por castelhanos”, ironizou. Considerando
que “há outros caminhos”, D. Duarte de Bragança defende que Portugal
deve aprofundar relações com países do arco do atlântico como a Holanda,
Bélgica, Dinamarca ou mesmo a Irlanda.
Necessidade de rever modelos
Em relação à actual crise que o País atravessa, o herdeiro da casa real,
considera que esta é resultado das sucessivas políticas que foram
implementadas pelos governos da República. “Desde há muito tempo que
venho a denunciar o modelo errado de desenvolvimento que estávamos a
seguir. Chegou a grande oportunidade de rever totalmente o nosso
posicionamento”, afirmou. “A nossa sustentação tem de ter por base a
economia produtiva. Não podemos continuar a viver à custa de subsídios
estrangeiros e da especulação imobiliária de grandes obras públicas que
não produzem riqueza”, defendeu. “Quase todos os últimos Governos
caminharam exactamente no sentido do desperdício de recursos para coisas
que não eram primordiais. Hoje, temos um país que parece muito rico mas
que na verdade é pobre”, observou. “Espero que este Governo tenha a
coragem de sacrificar o interesse partidário e tomar as medidas
necessárias. Nós temos que aceitar os sacrifícios, desde que sejam úteis
para o país”, declarou D. Duarte Pio. Lembrando que esta é “a segunda
falência da República”, D. Duarte de Bragança considerou ainda
“desastrosa” a revolução de 1974, na qual “um golpe militar republicano
teve por consequência a destruição da economia portuguesa”. “Para
restaurar a democracia, destruíram a economia e essa data [25 de Abril] é
outra que se começa a perguntar se merece ser celebrada ou mais vale
esquecer “, afirmou. “O restabelecimento das liberdades democráticas
podia ter feito de muitas maneiras, dessa é que não. Sobretudo não
entregando os territórios ultramarinos a grupos violentos e armados
ineptos, que levaram os seus povos para guerras civis onde morreram
milhões de pessoas”, expôs. “Agora, toda a gente diz que teria sido
muito melhor ter-se criado uma confederação de Estados Lusófonos do que
termos deixado cair Angola, Moçambique, Guiné e Timor numa situação de
caos e de miséria. Foram 30 anos perdidos”, lamentou D. Duarte Pio.
Fonte: Casa Real Portuguesa
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