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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 22 de junho de 2023

A IGREJA E O CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO NO RIO DE JANEIRO: 402 ANOS

Os Franciscanos chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral. Eram oito e seu superior, Frei Henrique Soares de Coimbra, celebrou a Primeira Missa em terras brasileiras. Desde então, os Franciscanos são a única Ordem que jamais deixou o Brasil. Os primeiros Frades chegaram ao Rio de Janeiro em 1592 e se domiciliaram numa ermida perto da Praia de Santa Luzia. De lá passaram ao Morro de Santo António (assim chamado, porque nele havia uma capelinha dedicada ao Santo).
No início era vasto o Morro de Santo António, que os Frades receberam do governador Martim Afonso de Sá “com todas as pedreiras e águas, assim de poças como de fontes, que nele se acharem”. De fato, o convento e a igreja foram construídos com pedras do próprio morro. Nele havia ao menos três fartas fontes de água.
A primeira cessão de terra foi à Ordem Terceira da Penitência, fundada pelos Frades para os leigos que quisessem viver no século o carisma franciscano. No terreno doado, eles construíram a atual Igreja de São Francisco, um hospital e outras benfeitorias.
Grande parte do morro foi vendida em 1852, não só para saldar dívidas do convento, mas também por força de invasões, já que a cidade crescia para todos os lados. Mas o histórico desmonte começou em 1948. Com a terra retirada se fez o aterro da Praia do Flamengo, inaugurado em 1955 com o Congresso Eucarístico Internacional.
A pedra fundamental do convento e da igreja foi posta no dia 4 de Junho de 1608, na presença de todas as autoridades e de “grande multidão de povo”. A entrada dos Frades no novo Convento se deu no dia 7 de Fevereiro de 1615. Esse convento, de um só piso, foi-se tornando insuficientes pelo número de Frades. Em 1748, foi substituído pelo actual, terminado em 1780.
Em torno do grande claustro havia sete capelas internas. Delas existem hoje cinco: a de Nossa Senhora das Dores, com belíssimo retábulo de sete pinturas com as sete dores de Maria; a de Nossa Senhora da Consolação; a do nascimento de São Francisco, com grupo escultórico religioso em barro cozido; a da morte de São Francisco, também com um belo grupo escultórico em terracota; a de São Joaquim, em cujo nicho há uma pintura representando o Morro Dois Irmãos, vista do Arpoador.
Desapareceram as Capelas da Sagrada Família e do Bom Jesus. Ainda no claustro encontramos um Crucificado grande, diante do qual se faziam as encomendações dos corpos dos Frades, que eram sepultados no chão do corredor.
No primeiro andar existe a Capela dos Três Corações, também conhecida como Capela das Relíquias, porque nela se conservam muitos relicários e incrustações de relíquias de santos e mártires. Em estilo barroco, com azulejos.
No térreo encontra-se espaçosa sala, chamada Sala do Capítulo, onde, actualmente os religiosos atendem as Confissões. O tecto canta os louvores da Senhora Sant’Ana. Nas paredes vemos quadros que representam Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Jerónimo, São Boaventura, São Tomás de Aquino, São Gregório Magno, Santa Cecília e Santa Margarida.
Nesse salão eram dadas as aulas, quando, no dia 11 de Junho de 1776, foi instituída no Convento a Universidade, com 13 cadeiras. Da Universidade temos notícias até 1820. Os excelentes professores prestaram muitos serviços também à Corte de Dom João VI e muitos deles participaram intensamente dos conchavos para a Independência do Brasil. Precioso crucifixo, com dossel e duas pinturas (a Virgem dolorosa e João Evangelista) presidem o fundo do salão, visto da actual porta de entrada.
Ainda no andar térreo temos o refeitório, de 25,15 por 6,26 metros. Ainda podemos ver a escada que conduzia ao púlpito de onde eram feitas as leituras durante as refeições dos Frades. À esquerda de quem entra pendem cinco grandes pinturas a óleo sobre tela ou sobre madeira.
Representam Santo António e Nossa Senhora da Glória, o Bem-aventurado Duns Scotus e a Imaculada, a Santa Ceia; a exaltação da Imaculada Conceição e sua nomeação para Rainha de Portugal, São José e Santo António. São todos de autores desconhecidos. Desapareceram do refeitório primitivo as lages que cobriam o piso e os azulejos das paredes, que representavam cenas de caça. O refeitório dá acesso ao antigo cárcere, que tinha duas serventias: uma para castigar os Frades ou Padres delinquentes condenados pela justiça; outra, para a penitência de Frades que quisessem passar a Quaresma (ou outro tempo) a pão e água.
No lado sul do Convento (que olha para a Av. Chile) temos ainda os últimos 15 ou 20 metros do antigo aqueduto, que vinha de Santa Teresa, passando pelos Arcos da Lapa, pelo Morro de Santo António e despejava a água no Largo da Carioca, onde a iam buscar os moradores e onde as mulheres lavavam a roupa.
O aqueduto está soterrado, evidentemente seco, e dá passagem fácil a um homem em pé. No lado norte, no pequeno claustro do Mausoléu, temos um poço, ainda hoje de água límpida, mas não mais usada, que estava em uso já em 1697. Tem oito metros de fundo e seis de diâmetro e está todo revestido de cantaria. Deste poço tirava água Frei Fabiano de Cristo com sua famosa moringa e com ela curava os doentes ou lhes aliviava as dores. O Convento se servia de três poços. Os outros dois foram aterrados há mais de cem anos.
A DECADÊNCIA DO CONVENTO
Em 1796 moravam no Convento Santo António 88 Frades, com um leque imenso de actividades que iam do atendimento local às missões pelo então chamado Recôncavo, actual Baixada Fluminense; que ia do atendimento aos hospitais à assistência em fortalezas e navios; que ia das pregações ao atendimento às muitas Ordens Terceiras em Minas Gerais.
Uma série de circunstância ocasionou a decadência do Convento, sendo a maior a portaria do governo imperial de 19 de Março de 1855, proibindo a entrada de noviços em todas as Ordens religiosas.
Em 1878 tínhamos um único franciscano no Convento, aliás, em toda a Província da Imaculada Conceição, que abrangia o Brasil da Bahia para baixo. Com a vinda da República e a separação entre Igreja e Estado, os Franciscanos alemães vieram restaurar as duas Províncias brasileiras, uma com sede em Salvador da Bahia e a outra com sede justamente no Convento de Santo António. Recomeça então uma história nova, uma verdadeira primavera que se prolonga até os dias de hoje.
Com o esvaziamento do Convento, ele foi sendo povoado por outra gente estranha à Ordem. Em 1854 foi instalado no Convento o Arquivo Público, que permaneceu até 1872. Em 1855, o Ministério da Justiça ocupou várias salas para nelas instalar o Júri. Em 1885, aquartelou-se no Convento o Sétimo Batalhão de Intendência, ocupando boa parte do Convento.
Este batalhão permaneceu no Convento até 1901. Muitas celas foram ocupadas por escritórios de advocacia. No dia 4 de Setembro de 1911, sem prévio aviso, o segundo Procurador da República e o Diretor do Património Nacional tentaram despejar os frades e sequestrar o Convento. Deram aos frades 24 horas para se retirarem. O povo cercou o Convento para segurar e proteger os frades. O Procurador tentou, então, a via judiciária, mas perdeu o processo e foi condenado a pagar as custas. Ainda recorreu ao Supremo, que lhe negou por unanimidade o provimento.






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