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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 24 de junho de 2023

PASSAM HOJE 741 ANOS SOBRE O CASAMENTO DE D. DINIS E D. ISABEL DE ARAGÃO

O casamento real foi celebrado na vila de Trancoso em 24 de Junho de 1282.

D. Dinis, o sexto rei português, filho de D. Afonso III e da infanta D. Beatriz de Castela, ficou conhecido na História de Portugal como o rei lavrador, entre outras coisas, ligado ao pinhal de Leiria. Já D. Isabel veio a celebrizar-se como a Rainha Santa, ligada à popular lenda do "milagre das rosas". Foi beatificada e canonizada, sendo por isso venerada como Santa Isabel e é uma das figuras mais conhecidas da nossa História.

Esculturas em granito, na entrada da cidade de Trancoso, a lembrar o casamento de D. Dinis e D. Isabel de Aragão.

JOSÉ DE ALMEIDA BASTO



24 de Junho de 1282: Em Trancoso, realiza-se o Casamento de Dona Isabel de Aragão(Rainha Santa Isabel) com Dom Dinis
Dom Dinis, de seu nome Dinis Afonso, sexto Rei de Portugal, filho de Dom Afonso III e de Dona Beatriz de Castela, nasceu a 9 de Outubro de 1261 e faleceu a 7 de Janeiro de 1325. Foi aclamado rei em Lisboa, em 1279, tendo governado durante 46 anos. Casou dia 24 de Junho de 1282 com Dona Isabel de Aragão (a Rainha Santa Isabel); a rainha teria também um papel importante ao longo deste reinado, não só pelas suas acções de caridade mas, sobretudo, pela sua actuação ao lado do rei na política externa, e entre ele e o filho aquando das lutas entre ambos.
Foi o primeiro rei a não ter que se preocupar com a expansão territorial. Procurou lutar contra os privilégios que, de alguma forma, iam contra a sua autoridade. Em 1282 estabeleceu que todas as apelações de quaisquer juízes só poderiam fazer-se para o rei. Recorreu a inquirições em 1284, tendo havido outras ao longo do seu reinado. Procurou um acordo com a Igreja, acordo que viria a ser estabelecido por concordata em 1290. Proibiu às Ordens e aos clérigos a aquisição de bens de raiz, mas procurou também defender a Igreja dos abusos resultantes do sistema do padroado. Apoiou os cavaleiros da Ordem de Santiago ao separarem-se do seu mestre castelhano, e salvou a dos Templários em Portugal, dando-lhe nova existência sob o nome de Ordem de Cristo.
Entrou em guerra com Castela em 1295, a qual só veio a terminar pelo Tratado de Alcanises, lavrado na vila castelhana do mesmo nome em 12 de Setembro de 1297. Por este tratado previa-se uma paz de 40 anos, amizade e defesa mútuas. Foram também estabilizadas as fronteiras em zonas nevrálgicas como a Beira e o Alentejo, com excepção de pequenas áreas que rapidamente se viriam a integrar no reino.
Desenvolveu as feiras, criando as chamadas feiras francas ao conceder a várias povoações diversos privilégios e isenções. Protegeu as exportações para os portos da Flandres, Inglaterra e França; em 1308 celebrou um tratado de comércio com o rei de Inglaterra e instituiu definitivamente a marinha portuguesa.
Foi, no entanto, a agricultura que mais o interessou (daí o seu cognome, "o Lavrador"). Procurou interessar toda a população na exploração das terras, facilitando a sua distribuição. No Entre Douro e Minho dividiu as terras em casais, cada casal vindo mais tarde a dar origem a uma povoação. Em Trás-os-Montes o rei adoptou um regime colectivista; as terras eram entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados serviços e edifícios eram comunitários, tais como o forno do pão, o moinho e a guarda do rebanho. Na Estremadura a forma de povoamento dominante foi a que teve por base "o imposto da jugada"; outros tipos de divisão foram também utilizados, como, por exemplo, a parceria.
Ele próprio poeta, Dom Dinis deu também um grande impulso à cultura. Ordenou o uso exclusivo da língua portuguesa nos documentos oficiais. Fundou em Lisboa, em 1290, um Estudo Geral (Universidade) no qual foram desde logo ensinadas as Artes, o Direito Civil, o Direito Canónico e a Medicina. Mandou traduzir importantes obras, tendo sido a sua Corte um dos maiores centros literários da Península.
"Túmulo do Rei D. Dinis foi aberto em 1938
(Domingo, 16 Novembro, 2014 )
O Rei D. Dinis escolheu a Igreja do Mosteiro Cisterciense de Odivelas para sua última morada. Indicou mesmo o local – a meio, entre a capela-mor e o coro. Para que a sua vontade fosse cumprida, fez essa declaração no seu testamento. Assim se cumpriu. Naquele local e naquele Igreja foi depositado o seu corpo quando o cortejo fúnebre chegou, vindo de Santarém. Era um mausoléu majestoso. O primeiro a ter uma estátua jacente. O primeiro a ficar dentro de um lugar sagrado. Estava cercado de grades altas de ferro terminando em escudetes nas pontas dos balaústres com as armas de Portugal, e cruzes da Ordem de Cristo. Um dossel cobria-o em toda a sua dimensão.
O sismo de 1755 precipitou sobre o túmulo do Rei D. Dinis a abóbada da igreja do Mosteiro Cisterciense de Odivelas deixando-o gravemente arruinado.
Reconstruída a Igreja, foi o túmulo encostado à teia do corredor lateral direito e ali esteve até 1938, ano em que se fizeram novamente obras na Igreja. Em consequência dessas obras, foi necessário mudá-lo de lugar e para facilitar o trabalho transportaram primeiro a tampa, pelo que, logo que a levantaram, ficaram à vista os restos mortais do Rei.
Removida a tampa viu-se um manto de brocada vermelho a cobrir o corpo do Rei, da cabeça aos pés. Este manto era tecido com fios de ouro. A todo o cumprimento tinha faixas alternadas, separadas com fios dourados e onde se tinham executado bordados com os seguintes motivos: numa das faixas estavam bordadas pinhas em toda a sua extensão; na faixa seguinte bordaram açores e na última viam-se flores de Liz.
Na opinião dos que assistiram a este acontecimento, as pinhas são uma referência ao pinhal de Leiria. Os açores, sendo o Rei um amante da caça de volataria, lembram-nos a aves de caça que muito estimava. Conta-se que até mandou construir uma capela a São Luís em Beja, porque este santo lhe ressuscitou um falcão.
As flores de Liz são uma afirmação da sua ascendência real francesa.
Retirado o manto, ficou à vista o esqueleto do Rei, que estava completo e coberto pela pele ressequida. Tinha vestido um colete de lã branca muito macia, sobre a túnica.
A cabeça repousava numa almofada e estava inclinada como quem dorme sobre o lado esquerdo, posição que o corpo acompanhava ligeiramente. O braço direito dobrado sobre o peito e o esquerdo descaído ao longo do corpo. Apenas os ossos dos pés estavam separados uns dos outros. Nos maxilares a pele estava um pouco separada e apresentava uma longa barba ruiva. Na cabeça a pele não se apresentava solta do crânio e tinha tufos de cabelos ruivos. O Rei tinha 64 anos quando faleceu, o que para a época era uma idade avançada. Apesar da idade, conservava todos os dentes.
Perante os restos mortais do Rei, os pintores dos seus retratos não se podiam ter enganado mais. Foi uma surpresa a verificação que era ruivo, o que se deve ao facto de ter antecedentes germânicos.
Afirma-se que soldados franceses terão tentado profanar o túmulo pensando que o Rei teria sido sepultado com esporas de ouro. De facto alguém partiu o túmulo no sítio dos pés , e terão introduzido um objecto que puxasse as esporas. Não garanto que tivesse sido assim, mas o facto de os ossos dos pés estarem espalhados pode ter essa explicação.
Não há sinais de ter sido aberto o túmulo antes de 1938, nem notícia de ter sido aberto depois.
O rei tinha 1,65m de altura:
Posteriormente foi levado para o segundo absidíolo esquerdo, por decisão dos técnicos das obras, decisão que não foi aprovada pelo presidente do Conselho, que ordenou a sua remoção para dentro da Igreja, por saber que essa era a vontade do Monarca. Foi então colocado onde hoje se encontra – na capela do lado do Evangelho.
Para que conste que o Rei D. Dinis está sepultado no seu túmulo, depositado na Igreja do Mosteiro Cisterciense feminino de São Dinis e São Bernardo em Odivelas, o que tenho vindo a afirmar continuadamente desde 1980.
«Por Terras de D. Dinis», crónica de Maria Máxima Vaz " (Capeia Arraiana - 7/12/2018)
Cronologia (Geneall):
24.04.1281 Assinam-se as bases do contrato de esponsais entre Dona Isabel, filha de Pedro III de Aragão e D. Dinis.
24.06.1282 Em Trancoso, casamento de D. Isabel de Aragão com D. Dinis.
13.12.1287 Tratado de paz e amizade entre D. Dinis e Afonso X de Castela, de uma parte, e o Infante D. Afonso, irmão de D. Dinis, de outra.
21.01.1296 Liga de Bordalva entre D. Dinis e Jaime II de Aragão, seu irmão Pedro de Aragão e o infante João de Castela, contra Fernando IV de Castela.
01.02.1297 Tratado de casamento dos filhos de D. Dinis: o Infante D. Afonso com D. Brites de Castela e da Infanta D. Constança com Fernando IV de Castela.
12.09.1297 Tratado de Alcanizes entre D. Dinis e Fernando IV de Castela, pelo qual se fixaram os limites definitivos de Portugal.
31.05.1302 A Vila de Alenquer recebe o foral de D. Dinis.
02.02.1303 Tratado de Liga entre D. Dinis e Fernando IV de Castela.
09.08.1304 Em Agreda é assinado um Tratado de confederação entre D. Dinis, Jaime II de Aragão e Fernando IV de Castela.
03.10.1308 Carta de Eduardo II, rei de Inglaterra a el-rei D. Dinis confirmando o Tratado em vigor entre os mercadores das duas nações.
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Dona Isabel de Aragão (Rainha Santa Isabel), *Saragoça, Zaragoza, 1271 - †Évora, Estremoz, 04.07.1336, era filha de Pedro III, Rei de Aragão e Sicília (*1236 - †1285) e de Constança de Hohenstauffen, rainha da Sicília (*1249 - †1302); Neta paterna de Jaime I el Conquistador, rei de Aragão, Valencia y Mayorca (*1208 - †1276) e de Iolanda, princesa da Hungria (*1215 - †1251) e neta materna de Manfredo, rei da Sicilia (*1232 - †1266) e de Beatriz de Sabóia (*1230 - †1259). A Rainha Santa Isabel era descendente do Profeta Maomé.
Dona Isabel de Aragão, filha de Pedro III de Aragão e de Dona Constança de Navarra, e neta de Jaime I, "o Conquistador", terá nascido em Saragoça por volta de 1270 e morrido em Estremoz a 4 de Julho no ano de 1336. Foi Rainha de Portugal pelo seu casamento com Dom Dinis, tendo ficado conhecida por Rainha Santa Isabel.
Desde nova mostrou tendência para a meditação e solidão, rezas e jejuns. Entre os seus pretendentes contavam-se Eduardo I de Inglaterra, Roberto de Anjou e Dom Dinis de Portugal. Foi este quem o seu pai escolheu pois oferecia-lhe desde logo um trono. O contrato de casamento foi concertado em 24 de Abril de 1281 e tinha a particularidade de ser o primeiro celebrado em Portugal com escritura antenupcial, segundo o direito romano. Por ele, a nova rainha recebeu Óbidos, Abrantes, Porto de Mós com todas as suas rendas, e ainda 12 castelos. O seu pai, por seu turno, dotou-a com 10 mil maravedis e jóias. Ficou célebre o cortejo que acompanhou a nova rainha a Portugal depois do casamento, realizado por procuração na cidade de Barcelona em 1288. De Bragança, onde era aguardada pelo infante Dom Afonso, a comitiva, onde se incorporavam nobres portugueses, seguiu para Trancoso onde Dom Dinis a esperava e onde, a 24 de Junho, se realizou a cerimónia de casamento que os cronistas celebrizaram.
Em 1304 regressou à sua terra natal quando Dom Dinis aí teve de se deslocar como medianeiro do conflito entre Fernando IV de Castela e Jaime II de Aragão. Também em Portugal era constante a sua presença junto do marido nas deslocações que este fazia pelo reino; esse facto trouxe-lhe grande popularidade junto do povo, pois nessas alturas dava esmolas aos pobres, a raparigas pobres e distribuía alimentos. Não se alheou dos problemas políticos nacionais, interferindo na guerra civil que opôs o rei ao príncipe herdeiro Dom Afonso; acusada pelo marido de favorecer os interesses do filho foi mandada sob custódia para Alenquer. No entanto, continuou a interessar-se pelo problema e foi por sua influência directa que se assinou a paz de 1322; no ano seguinte evita o reacender da luta colocando-se entre os exércitos preparados para a batalha. Depois da morte de Dom Dinis (1325) recolheu-se nos Paços de Santa Ana, junto a Santa Clara de Coimbra.
Até à sua morte promoveu uma série de obras pias fundando ou ajudando à fundação de hospitais (Coimbra, Santarém, Leiria), asilos e albergarias (Leiria, Odivelas), mosteiros, capelas (Convento da Trindade em Lisboa, claustro em Alcobaça, capelas em Leiria e Óbidos). Deixou em testamento grandes legados a muitas destas instituições. Foi sepultada por sua vontade no Convento de Santa Clara e, no século XVII, o seu corpo foi trasladado para o novo mosteiro fundado por Dom João IV em substituição do antigo, ameaçado pelas águas do Mondego, e depositada num cofre de prata e cristal.
O povo, desde cedo, considerou-a santa, atribuindo-lhe inúmeros milagres. A pedido de Dom Manuel I, foi beatificada por Leão X (15-4-1516) e, em 1625, foi canonizada por Urbano VIII.
Lenda do Milagre das Rosas:
Conta a lenda que o Rei Dom Dinis foi informado sobre as acções de caridade da rainha Dona Isabel e das despesas que implicavam para o tesouro real. Um dia, o rei decidiu surpreender a rainha numa das suas habituais caminhadas para distribuir esmolas e pão aos necessitados. Reparou que ela procurava disfarçar o que levava no regaço. Dom Dinis perguntou à rainha onde ia e ela respondeu que se dirigia ao mosteiro para ornamentar os altares. Não satisfeito com a resposta, o rei mostrou curiosidade sobre o que ela levava no regaço. Após alguns momentos de atrapalhação, Dona Isabel respondeu: "São rosas, meu senhor!". Desconfiado, o rei acusou-a de estar a mentir, uma vez que não era possível haver rosas em Janeiro. Obrigou-a, então, a abrir o manto e revelar o que estava lá escondido. A rainha Isabel mostrou, perante os olhos espantados de todos, as belíssimas rosas que guardava no regaço. Por milagre, o pão que levava escondido tinha-se transformado em rosas. O rei ficou sem palavras e acabou por pedir perdão à rainha que prosseguiu com a sua intenção. A notícia do milagre correu a cidade de Coimbra e o povo proclamou santa a rainha Isabel de Portugal.
QUANDO O HÁBITO NÃO FAZ A MONJA: A RAINHA SANTA
(por, Gonçalo Portocarrero de Almada).
Se se tiver presente que a Rainha Santa viveu em finais do século XIII e princípios do seguinte, é impressionante verificar a autonomia que, já então, tinha uma mulher e rainha cristã, sobretudo se se tiver presente que, na actualidade, as mulheres que vivem nalguns países islâmicos nem sequer podem tirar a carta de condução. Mesmo a actual mulher do rei de Marrocos, não só não partilha com o marido o exercício da realeza, como nem sequer tem o título ou a condição de rainha…
É estranho que os que tanto reclamam a ordenação sacerdotal de mulheres na Igreja católica, ainda não se lembraram de reivindicar, para as mulheres muçulmanas, o que nessa mesma Igreja, há pelo menos oito séculos, já era reconhecido às mulheres cristãs… As activistas seminuas que, a 18 de Abril de 2013, encharcaram o arcebispo de Bruxelas, Mons. Léonard, ao mesmo tempo que o insultavam e gritavam slogans feministas, nunca ousaram fazer, que se saiba, um tal protesto num país islâmico. Não será, decerto, por falta de razões objectivas, mas talvez por défice de coerência, ou de coragem …
Aliás, a Rainha Santa Isabel não é um caso único de emancipação feminina na Idade Média cristã: são paradigmáticos os exemplos de S. Joana d‘Arc e os de muitas outras mulheres que, nesse tempo, foram consortes reais, por vezes até encarregues, como regentes, do governo do reino. Também houve quem fosse, por direito próprio, rainha, como Isabel a Católica e, como tal, exercesse as funções inerentes à realeza, como autêntica chefe de Estado, que era de pleno direito. E todas as ordens religiosas femininas já então eram governadas, a todos os níveis, apenas por mulheres, em igualdade de condições com as suas congéneres masculinas.
D. Dinis era consciente de que a sua mulher não só não lhe era inferior como, até, tanto ou mais merecedora da dignidade real. Por isso, num seu inspirado poema, que se supõe dedicado à Rainha Santa Isabel, não tem pejo em afirmar: “Pois que vos Deus fez, mia senhor/ fazer do bem sempr’o melhor/ e vos en fez tam sabedor,/ uma verdade vos direi:/ se mi valha Nostro Senhor/ érades boa pera rei!”.
Cronologia (Geneall):
24.04.1281 Assinam-se as bases do contrato de esponsais entre Dona Isabel, filha de Pedro III de Aragão e D. Dinis.
24.06.1282 Em Trancoso, casamento de D. Isabel de Aragão com D. Dinis.
25.05.1625 A Rainha Santa Isabel é canonizada pela papa Urbano VIII.



(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, Estórias da História, Capeia Arraiana, Público, GeneAll e Wikipédia)

HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro 

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