Bradava Manuel Alegre, na-sua-costumeira-expressão-ética-de-que m-utiliza-a-viatura-do-Estado-para ir-à-caça, que "nem Salazar se atreveu a mexer no feriado da República".
Pois
não. A Salazar, republicano sabidola, convinha um regime em que o
prestígio de uma Chefia de Estado dinástica não fizesse sombra aos seus
propósitos autocráticos.
Convergem
- Alegre e Salazar - na crença em algo, julgo que não um Ideal, mas
seguramente um apetrecho - de ascenção e perpetuação dos poderosos da
classe política.
Desta feita, a
manutenção do feriado comemorativo da implantação da República (em
preterição do da Restauração) é, simplesmente, uma afronta à
Nacionalidade.
Mas há bom remédio
para o ultraje: comemoremos, nós portugueses, nessa data, como sempre, a
Fundação de Portugal. E veremos quais as cerimónias mais participadas:
se as anquilosadas e esclerosadas idas aos pés de bronze de António José
de Almeida, se as nossas manifestações em Guimarães, Coimbra ou em
qualquer outro lugar onde queiramos festejar oito séculos de História e
esquecer cem anos de descalabro.
João Afonso Machado
Fonte: Corta-fitas
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