Os monárquicos democráticos(os verdadeiros) nunca tiveram condições
para organizar-se como uma estrutura clandestina.Lutaram contra o
salazarismo ao lado de anti-salazaristas como Mário Soares e até houve
(e há) monárquicos no PCP. Até anarquistas monárquicos houve sendo o
caso flagrante o de João Camossa, mas houve mais ilustres descohecidos…
Por razões óbvias isso foi abafado: a tentativa de Salazar ocultar do
conhecimento dos Portugueses a existência de uma oposição monárquica (um
continuar da república do 5 de Outubro de 1910); E outra razão bem mais
grave: A dita causa monárquica “aristocratizada” ser colaboracionista
com Salazar. Um pouco como aconteceu com a implantação da república em
Portugal em que o adesivismo foi bem mais determinante que a nojenta
carbonária.
Tenho a certeza que é só esse facto e nada prende-se com
características retrógradas ou saudosistas.Basta intercalar com a
experiência liberal Portuguesa desde 1820 até 1933, em que, o outorgar
da carta constitucional de 1826, como uma infeliz iniciativa de D. Pedro
IV, permitiu a permanência de uma elite preocupada unicamente em
satisfazer os seus interesses. A literatura de Eça de Queiroz é muito
evidente! Essa característica continua a fazer-se sentir na actualidade.
Assim, o movimento que originou o PPM original é apenas obra de meia
dúzia de homens sérios e sábios que continuaram a luta das
personalidades que refiro acima.
Com a leitura do documento torna-se evidente que a implantação da
república interessou a muitos sectores da dita “nobreza” monárquica para
defender interesses monopolistas nas possessões ultramarinas. Isto,
contra a política do governo de D. Carlos de não ceder ao lobby
colonialista do século XIX. Será sempre a ideia do império colonial que
orientará a política da república do Estado Novo.
Lanço mais uma critica à falta de inteligência política de D. João VI
em gerir as consequências da sua ida para o Brasil em 1808, cujas
consequências ainda hoje sofremos actualmente.
O adesivismo de uma certa aristocracia que se originou por títulos
dados ao desbarato no século XIX foi a razão da deformação da ideia de
um Rei representante e defensor dos cidadãos contra os interesses de uma
certa parte desssa mesma parte nobreza amante de interesses económicos
de origem nova-rica e uns poucos tradicionais.
Isto aconteceu nos bailes e recepções de gala da república do Estado
Novo, em que muitos desses aristocratas eram presença constante. Isto,
em contraste com Paiva Couceiro que era preso e depois expulso do país
sem documentos, na expectativa que uma patrulha espanhola o matasse.
Isto em plena guerra civil Espanhola.
Partindo da ideia que Salazar é uma consequência da 1ª república e
que a forma republicana do seu poder, apelidada de Estado Novo, serviu
apenas para a sua satisfação pessoal, não acho estranho que este
tentasse fazer crer que era monárquico e que todo o seu elenco
governamental estava com a monarquia.
Não concordo com o facto de se referir em certas fontes que a
justificação da adesão de monárquicos à União Nacional se prender com o
facto de 60 ou 70% dos deputados desse partido se dizer monárquicos e
isso contribuir para a restauração. Se essa variável fosse verdade, a
presença de D. Manuel II em Portugal seria inevitável. Porque é que esse
“grupo” não contribuiu para o regresso do Rei?
Temos de ver que essas ideias foram a propaganda do partido
republicano português em 1908-1910 e único programa político depois de
1910.
Por isso, o Estado Novo , sendo uma consequência do 5 de Outubro de
1910, não me parece estranho que aproveitasse essas ideias e
desprestigiasse ainda mais a ideia monárquica.
Isto, porque tenho a certeza que Salazar tinha consciência da
possibilidade da restauração monárquica após 1926, porque, o golpe do 28
de Maio foi o fracasso das ideais republicanas de 5 de Outubro de 1910,
apesar, de o 28 de Maio ser mais um pronunciamento militar que
caracterizou Portugal, desde a implementação do liberalismo.
Assim há certeza que a primeira república só acaba em 1933 e que a
ditadura militar e o reviralho republicano são invenções políticas,
depois perpetuadas pela historiografia republicana.
O Estado Novo continuou com a política, seguida pela primeira
república, de silenciar a oposição monárquica, tentando ocultar a sua
existência. Enquanto à oposição de carácter republicano era reconhecida a
sua existência, à de carácter monárquico não era reconhecida. E assim
se explica porque é que se criou o mito da república do 5 de Outubro
como uma época de liberdades e garantias democráticas.
Ou seja, a ideia que os republicanos do Estado Novo tentaram vincular
era que todos os monárquicos estavam conotados com o salazarismo. E
quem fosse da oposição era comunista ou republicano-histórico.
Tal como hoje acontece, alguns monárquicos de brasão, desde 1910, são
os que têm mais ganho com a república. Usam a ideia monárquica como uma
questão de status para lhes dar o passaporte a recepções oficiais e a
“tachos” republicanos. Os monárquicos da segunda fase do Integralismo
Lusitano e a sua luta pela liberdade surgiram da vontade de cidadãos
empenhados em salvar a população de um republicanismo burguês, na
verdade devoto aos interesses particulares.
É mais que óbvio que Salazar tinha noção da força da ideia monárquica
na consciência social. Porque não esqueçamos toda a instabilidade do
período de 1910-1933: Crimes, repressão, fome, guerra, desemprego,
partidarização. Esses factos são um contra-senso das ideias republicanas
apregoadas desde 1908.
Mas qual era o ponto fraco da causa? As elites.
Certos condes, barões, e outras pessoas que rodearam em vida D.
Duarte Nuno, com o objectivo de obter favorecimentos. Com essa
mentalidade, não seria muito difícil a Salazar aliciar as elites
monárquicas com o partido da União Nacional.
Mas a oposição monárquica foi silenciada! O que é bem diferente de
não existir. O movimento de monárquicos democratas (herdeiros legítimos
do regime monárquico constitucional antes de 5 de Outubro de 1910), que
deu origem ao PPM surgiu da fusão de várias correntes monárquicas depois
da 2ª Guerra Mundial. É com o primeiro manifesto monárquico de Outubro
de 1957, durante a “campanha eleitoral” desse ano que começa a formar
uma estrutura permanente.
Só este parágrafo põe em causa toda a historiografia desde 1910. Por
isso, sabendo o leitor que a oposição monárquica existe desde 1910, acho
que se deve estar a perguntar: Porque é que as Reais Associações não
continuam com este excelente trabalho?
Por uma razão muito simples: os continuadores do PPM original, onde
Gonçalo Ribeiro Telles pontificou, são as Reais Associações que
trabalham e não se vergam á vontade da oligarquia aristocretina e as
forças vivas independentes que querem a mudança de regime resultantes,
mas alguns pseudo- monárquicos de brasão procuram tirar benefícios com a
república a querer usar algumas reais como feudos pessoais e das
famílias.
O trabalho da Restauração envolve todos os monárquicos de todas as
classes, não uma elite que não faz nem deixa fazer e que só integra
membros que acha que devem pertencer á sua família de interesses e os
outros que não interessam é para rejeitar. Para quem se diz tão nobre,
agem como se fossem dirigentes de colectividades de bairro.Lutar pela
democracia monárquica é um trabalho de equipa não exclusivo de certas
pessoas. A verdadeira aristocracia está do lado da sociedade civil e não
precisa do Geneall para se legitimar, pois são seguros da sua
identidade e tradições centenárias e até milenares, logo são humildes.
O Movimento de Unidade Monárquica tenta dizer que a juventude e a
sociedade civil monárquica pensam e queremos provar que a esmagadora
maioria dos monárquicos não estão interessados nos “cheques” da
república. Acreditamos sim, nos benefícios sociais de uma Monarquia e de
uma verdadeira democracia para Portugal. E não venham certos críticos
dizer que somos contra a nobreza, porque no MUM há jovens de origem
humilde e de origem nobre, mas acima de tudo somos humanos e iguais. A
monarquia é do povo e para o povo, seja a classe social, cor política,
religião, orientação sexual, etnia etc. Precisamos do Rei e o Rei de
todos nós, os portugueses, em nome da dignidade da Pátria.
Daniel Nunes Mateus
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