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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 15 de novembro de 2022

EM 12 DE NOVEMBRO DE 1855 NASCIA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE



Mouzinho de Albuquerque foi um heroico oficial de cavalaria português do século XIX e uma das mais brilhantes figuras militares portuguesas, que se notabilizaria durante as gloriosas campanhas de África (1894/95), e que ganhou grande fama em Portugal por ter protagonizado, em 1895, enquanto Comandante do esquadrão de Lanceiros n.º 2, a captura do imperador nguni Gungunhana, na terra de Chaimite, e pela condução da ulterior campanha de pacificação das populações locais de Chaimite e de Gaza que afiançariam lealdade à administração colonial portuguesa, no território que viria a constituir o presente Moçambique.

Joaquim Augusto Pereira da Silva Mouzinho de Albuquerque, *Leiria, Batalha, Quinta da Várzea, 12.11.1855 - † Lisboa, Lisboa, 08.01.1902, era filho de José Diogo Mascarenhas Mouzinho de Albuquerque (*1824 - †1872) e de D. Maria Emília Pereira da Silva e Bourbon (*1824 - †1906).

A 23 de Novembro de 1871, assentou praça como voluntário no Regimento de Cavalaria Nº 4, com apenas 16 anos de idade. Depois ingressou no Colégio Militar da Luz, terminando o curso na Escola do Exército em 1878, sendo promovido a Alferes.

No ano seguinte matriculou-se nas Faculdades de Matemática e Filosofia da Universidade de Coimbra, tendo aí casado com sua prima, D. Maria José Mascarenhas de Mendonça Gaivão. Em 1882, Mouzinho de Albuquerque adoeceu, facto que o impediu de frequentar o 4º ano da Universidade e o obrigou a regressar a Lisboa, onde permaneceu dois anos em inactividade. No ano de 1884 foi promovido a Tenente e nomeado regente de estudos no Colégio Militar. Dois anos depois, partiu para a Índia, ocupando um lugar na fiscalização do Caminho-de-Ferro de Mormugão e, em 1888, foi nomeado secretário-geral do governo do Estado da Índia. Em 1890, foi promovido a Capitão e nomeado governador do distrito de Lourenço Marques, cargo que ocupou até 1892, altura em que regressou a Lisboa.

O ano de 1894 marca o regresso de Mouzinho de Albuquerque às colónias, desta vez comandando um esquadrão de Lanceiros que se iriam juntar às forças de expedição militar que tinha por objectivo dominar as rebeliões indígenas no sul de Moçambique. Foi aí que Mouzinho de Albuquerque se destacou nas campanhas de África, nomeadamente, a que levaria à prisão do chefe vátua Gungunhana em 28 de Dezembro de 1895, em Chaimite. A 11 de Novembro de 1895, as tropas comandadas por António Enes, entre as quais se encontrava Mouzinho, tomaram e incendiaram Manjacaze, a residência principal de Gungunhana, levando à fuga deste.

Após uma intrépida marcha de três dias em direcção a Chaimite, as tropas comandadas por Mouzinho cercaram a povoação, aprisionando o chefe vátua e a maior parte da sua família.

No dia 6 de Janeiro do ano seguinte, Gungunhana e os restantes prisioneiros foram entregues, em Lourenço Marques, por Mouzinho de Albuquerque ao governador-geral da colónia para, dias mais tarde, serem enviados para Lisboa por ordem expressa de Jacinto Cândido da Silva, então Ministro da Marinha e Ultramar. Depois daquele êxito militar, que granjeou numerosas manifestações de apoio em Portugal e ampla cobertura na imprensa internacional, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador-geral de Moçambique, em 1896. A 27 de Novembro, do mesmo ano, foi nomeado Comissário Régio.

Para o temerário Mouzinho os êxitos militares prosseguem, pois comandou ainda diversas campanhas de afirmação territorial de Portugal em África: Naguema (3 de Março), Mocutumudo (6 de Março) e Macontene (21 de Julho), todas em 1897.

Em 15 de Dezembro de 1897, Mouzinho de Albuquerque aporta em Lisboa onde é, qual triunfador romano, recebido em apoteose, tendo inclusive direito a uma espécie de desfile triunfal pelas ruas da Capital.

A 28 de Setembro de 1898, o herói Mouzinho de Albuquerque assume funções como oficial às ordens do Rei e é designado ajudante de campo efectivo d’El-Rei Dom Carlos I de Portugal, oficial-mor da Casa Real e nomeado pelo Rei para a mais importante das tarefas, a de aio do Príncipe Real Dom Luís Filipe de Bragança, então com treze anos, para a sua instrução passar a ter mais uma componente militar e a ser uma preparação para reinar. ‘Faz dele um Rei’, disse-lhe Dom Carlos. Ficou célebre a Carta que Mouzinho escreveu então ao Príncipe Real e Duque de Bragança:

'Quando Vossa Alteza chegou à idade em que a superintendência da sua educação tinha que ser entregue a um homem houve por bem El-Rei nomear-me Aio do Príncipe Real (...) Por esse motivo, o primeiro dos meus deveres é fazer de Vossa Alteza um soldado. É Vossa Alteza Príncipe, há-de ser Rei; ora, Príncipe e Rei que não comece por ser soldado, é menos que nada, é um ente híbrido cuja existência se não justifica. (…) Aprenderá a sê-lo na história de seus avós. Este Reino é obra de soldados. Destacou-o da Espanha, conquistou-o palmo a palmo, um príncipe aventureiro que passou a vida com a espada segura entre os dentes, escalando muralhas pela calada da noite, expondo-se à morte a cada momento, tão queimado do sol, tão curtido dos vendavais como o ínfimo dos peões que o seguia. Firmou-lhe a independência o Rei de "Boa Memória" (…)”

Mas as intrigas da Corte não eram o terreno belígero indicado para o temperamento de Mouzinho, que apontara os problemas da política da época e tecia fortes críticas à partidocracia vigente que com o clima de indecisão política agonizava a própria Monarquia. Este ambiente repugnava o próprio Dom Carlos I. A inveja dos áulicos e dos políticos tecem então uma teia de suspeições e maledicências a que o carácter do herói Mouzinho de Albuquerque não foi imune. Atribuíram-lhe as mais vis mentiras e os inuendos, as detracções, as calúnias e as infâmias avolumam-se e acossam o herói contra uma posição para si insustentável, e, impossibilitado de lidar com toda essa insídia, quer pelo seu carácter de homem impoluto quer pela sua própria espartana formação militar, a 8 de Janeiro de 1902, opta pelo suicídio - como os grandes romanos que renunciavam a morrer corrompidos pela lassidão do poder e do sistema, mas faziam desse gesto o derradeiro de uma honra que não estavam dispostos a perder, corromper ou sequer ceder. Partia um dos derradeiros grandes portugueses perante a consternação geral do País, que chorou a partida do Herói de Chaimite.

Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica

‘Mouzinho de Albuquerque (…) não pôde desempenhar neste país um grande papel político. Trouxe de África um sonho desmedido de um Portugal maior e julgou encontrar no Paço e no Rei o apoio necessário para o realizar. Deparou com os políticos e a Corte, com a força obstinada e cega da mediocridade e da inércia. Havia de acabar dominado pelos homens, que não são santos nem heróis. Foi a realidade que lhe fracturou o crânio, por incapacidade de se submeter à mentira do Paço e da vida. No Paço todos me tratam bem, dizia ele. A Rainha faz-me a honra de ser muito minha amiga, mas o meu meio não é aquele. Se as circunstâncias aparecerem, safo-me outra vez para África ou para a Índia. Chegamos ao nó da acção.

Mouzinho era um soldado com o sonho de uma Pátria a realizar. Se o pudesse resolver com um destes golpes de decisão e de audácia em que se joga o destino e a vida, e que exigem exaltação e ao mesmo tempo serenidade, Mouzinho teria subjugado os acontecimentos e os homens. Caiu num meio em que o triunfo só se alcança com astúcia, em que os nervos se gastam todos os dias, em que o cérebro se há-de, por força, amoldar à mediocridade alheia, em que é preciso fingir, sorrir e calcular cada paço no chão movediço. Dum lado, a mentira e a fórmula e, dum outro, um orgulho desmedido, uma decisão rápida e um sonho de glória. A morte de Mouzinho está explicada neste descalabro dum criador de heroísmo incompreendido e inutilizado’.

Raúl Brandão | Excerto dedicado a Mouzinho de Albuquerque in “Raul Brandão -Memórias”, 1.º Volume, Renascença Portuguesa, Porto, 1919

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