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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 20 de maio de 2023

“É FARTAR VILANAGEM “ - 20.05.1449, BATALHA DE ALFARROBEIRA


 

A Batalha de Alfarrobeira foi o recontro travado entre o jovem rei D. Afonso V e o Infante D. Pedro, seu tio, em 20 de maio de 1449, junto da ribeira do lugar de Alfarrobeira, em Vialonga, perto de Alverca. No princípio do ano de 1448, aconselhado por seu tio bastardo, D. Afonso, Duque de Bragança, pelo filho do anterior, o Conde de Ourém e pelo arcebispo de Lisboa, decidiu D. Afonso V afastar do governo do reino, o seu tio, tutor e sogro, que abandonou a corte, a pretexto da administração das suas terras e se instalou na casa ducal de Coimbra.
A intriga surtiu efeito no espírito do monarca que não atendeu às tentativas de conciliação quer do próprio D. Pedro, que lhe escreveu renovando a sua obediência e defendendo-se das calúnias, quer do Infante D. Henrique e do conde de Avranches, que pretenderam evitar o drama.

O rei escreve no final deste ano ao duque de Bragança requisitando-o à corte mas acompanhado de escolta uma vez que teria de atravessar terras de Coimbra. D. Pedro, sabedor da vinda do seu inimigo, proíbe-lhe a passagem por suas terras e é considerado súbdito desleal ao rei. Logo se publicam éditos contra o Infante e os seus aliados e o rei investe, com as suas tropas, na tentativa de submetê-los, instalando-se em Santarém; por sua vez D. Pedro desce de Coimbra em direcção a Lisboa e encontra as tropas reais no lugar de Alfarrobeira, em Vialonga.

Travada a batalha, as tropas do monarca saem vitoriosas e o Infante morre no combate e com ele vários fidalgos que o acompanhavam, nomeadamente o seu "braço direito", D. Álvaro Vaz de Almada, sob o grito "Meu corpo sinto que não podes mais, e tu, minh'alma já tarda; é fartar vilanagem".

Foi geral a reprovação europeia, perante a conduta de D. Afonso V, e D. Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha, recolhe na corte da Borgonha os sobrinhos órfãos D. Jaime, mais tarde arcebispo de Lisboa e cardeal, D. Pedro, mais tarde conde de Barcelona, D. João, futuro príncipe de Antioquia e D. Isabel.

Em resumo, Alfarrobeira representa o triunfo da corrente senhorial sobre os princípios de centralização régia que já anunciam a Idade Moderna. Contudo, convém lembrar que este embate, em parte, foi um conflito entre as duas grandes casas senhoriais da altura, Coimbra e Bragança, numa querela originada nos inícios da Regência, logo após a morte do Rei D. Duarte.
Fonte: Wikipédia


Pedro, Infante de Portugal. Príncipe da dinastia de Avis. Filho do Rei D. João I e de Filipa de Lencastre. Regente de Portugal entre 1439 e 1448. Morre a 20 de Maio de 1449 na Batalha de Alfarrobeira. Foi donatário de Aveiro.



⚔️ ♕ | 20 de Maio de 1449 - Batalha de Alfarrobeira

Assinala-se hoje o 574.º aniversário da Batalha de Alfarrobeira, ocorrida a 20 de Maio de 1449.

O Infante D. Pedro de Avis, O Regente e Duque de Coimbra, filho D’El-Rei D. João I e irmão D’El-Rei D. Duarte, assumira a Regência plena do Reino desde 1439, durante a menoridade do moço Rei D. Afonso V. Foi um governante esclarecido, pois era um Infante preclaro, chamado o “O Príncipe das Sete Partidas”, biógrafo e peregrino de Jerusalém, mas a sua Regedoria foi tudo menos pacífica, pois a necessidade de aumento de tributos para despesas militares face à ameaça externa, e a opção pela expansão marítima ao longo da costa africana, foram muito custosas para o povo, o que lhe granjeou o ódio dos procuradores dos concelhos; e a atribuição dos principais cargos a pessoas da sua confiança como o seu amigo e valoroso D. Álvaro Vaz de Almada, Conde de Abranches (Avranches no original), que nomeou Alcaide-Mor de Lisboa, como forma de manter o centralismo régio, desagradava muito à alta nobreza, como o seu meio-irmão D. Afonso, Conde de Barcelos (futuro Duque de Bragança), com visão tendencialmente senhorial e mesmo feudal. D. Afonso, homem ambicioso, conspirou sempre contra o meio-irmão durante a regência, não obstante ter visto o seu património sempre reforçado pelo Infante, e na breve reconciliação dos dois, em 1442, ser-lhe atribuído o Ducado de Bragança, mas que nunca foi suficiente para afastar o ressentimento do recém Duque de Bragança em relação aos irmãos, pelo facto de ser filho ilegítimo de D. João I com uma mulher solteira, Inês Pires.

Quando D. Afonso V atinge a maioridade, em 1446, convocam-se as Cortes de Lisboa, e começa a governar de pleno direito. O ex-regente D. Pedro fica, então, numa situação precária, cercado por todos lados de inimigos à procura de um ajuste de contas, e conspirando e envenenando o Rei contra si.

‘E tanto, que fizeram entender a El-Rei meu senhor que eu nunca lhe havia de entregar o regimento de seus reinos, que sempre o havia de trazer em meu poder, que fizeram com que o dito senhor me requeresse o dito regimento’, escreveu D. Pedro ao Conde de Arraiolos.

Isso, não impediu que D. Afonso V casasse com D. Isabel de Avis, filha do Infante D. Pedro, mas por Carta Régia de 15 de Setembro de 1448, Dom Afonso V condena declaradamente a política do Ex-regente e ordena inquirições aos beneficiados com a outorga de bens por D. Pedro e desmantela todo o sistema político administrativo do Infante. O Conde de Avranches é um dos partidários do Infante que é destituído, outros são mesmo presos. No sentido inverso o arquirrival do Infante, o 1° Duque de Bragança é nomeado Fronteiro-mor de Entre-Douro-e-Minho, com poderes militares superiores ao Condestável do Reino, o filho do Infante.

Foi um assalto ao poder, o que D. Afonso fez.

Perseguido e acossado, D. Pedro tinha de reagir, embora fazê-lo fosse uma sentença de morte anunciada, pois bater-se com forças desproporcionais às reais, engrossadas pelas do Duque de Bragança, era no mínimo uma acção típica do romanceado Cavaleiro Medieval. Outro exemplo do ideal de cavalaria aristocrático era o Conde de Avranches, ideal esse plasmado no seu discurso a quando da partida para recontro fatal em Alfarrobeira:

‘Antes morrer grande e honrado, que viver pequeno e desonrado, e que para isso vestissem todos, os corpos de suas armas, e os corações armassem principalmente de muita fortaleza, e que se fossem caminho de Santarém não como gente sem regra desesperada nem leal, mas como homens d’acordo, e que iam sob governança e mando, de um tal príncipe e tal Capitão, que a El-Rei seu Senhor sobre todos era mais leal e servidor mais verdadeiro, e que mandasse a El-Rei pedir e requerer, que com justiça o ouvisse com seus amigos, que lhe tão sem causa tanto mal ordenavam, ou lhe desse com eles campo, em que de suas falsidades e enganos, ele por sua limpeza e lealdade faria que se conhecessem e desdissessem. E que quando El-Rei alguma destas cousas nom houvesse por bem, e todavia quisessem. E que quando El-Rei alguma destas cousas nom houvesse por bem, e todavia quisesse vir sobre ele, que então defendendo-se morressem no campo como bons homens e esforçados cavaleiros.’

A 20 de Maio de 1449, junto à ribeira do lugar de Alfarrobeira, em Vialonga, perto de Alverca, extramuros da capital do Reino, as duas forças dispuseram-se frente a frente. Ao ver os seus homens a tombarem vítimas dos virotes dos besteiros reais e às balas dos espingardeiros, D. Pedro ordena o disparo das suas bombardas, sendo que um projéctil cai junto da tenda d’el-rei; isso traçou o destino do Infante e dos seus homens, caindo sobre eles toda a cólera do exército real. D. Pedro cai ferido de morte por uma flecha no coração. D. Álvaro Vaz de Almada varava à espadeirada a horda de vilãos que sobre tão nobre cavaleiro da Jarreteira se lançavam. Parecia que fora ontem quando o mesmo homem, bravo cavaleiro, no meio, também, de vagas de soldados franceses, quando decorria a Guerra dos Cem Anos contra a França, auxiliara o Rei inglês Henrique VI na conquista da Normandia e fizera cair a seus pés Avranches, razão pela qual foi agraciado pelo monarca inglês com o título de Conde de Avranches (Earl of Avranches), a favor de D. Álvaro Vaz de Almada e seus descendentes, por carta de 4 de Agosto de 1445. Entende-se que já antes, em 1415, tinha participado na batalha de Azincourt ao lado dos Plantageneta. Por isso, também, foi dos poucos estrangeiros e o único português que não da realeza a ser agraciado cavaleiro da Ordem da Jarreteira, a mais nobre ordem da Inglaterra, da qual é o 162° Cavaleiro. Foi ainda um dos míticos ‘Doze de Inglaterra’, Alferes-mor do Reino e Capitão-mor do Reino e do Mar.

Pelo pacto de sangue com o seu Senhor, o Infante, e o cavaleirismo de que era o epítome, sabia que estava ali para morrer, cercado dos corpos exangues dos seus homens e dos inimigos que matara, com a espada na mão, caindo aos golpes dos infanções reais que o feriam e suspirando:

- Meu corpo sinto que não podes mais; e tu, minh’alma, já tarda!

Levanta-se e de espada em riste, solta o último grito de guerra e lança-se para a morte:

- É fartar vilanagem, rapazes!

Morre o Infante D. Pedro e o primeiro dos Condes de Avranches e último rico-homem de Portugal, e com eles uma certa ideia de justiça maior. O exército real de 30.000 soldados esmagou completamente os 6.000 homens do Infante D. Pedro de Avis, Duque de Coimbra, um dos da Ínclita Geração.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

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