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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 27 de maio de 2023

OS PORTUGUESES E O VIETNAME

A relevância da presença dos Portugueses na história do Vietname, não suscita o destaque que usualmente é reconhecido pelos historiadores comparativamente ao que sucede relativamente a outros países do Sudeste Asiático, não obstante tal presença ter efetivamente evidenciado alguma “importância” durante um determinado período da história daquele país.
Os Portugueses foram os primeiros Europeus a chegar ao Vietname
Com efeito, uma frota de navios capitaneada por Fernão Peres de Andrade, que havia largado de Malaca rumo à China em 12 de Agosto de 1516, foi acometida por uma forte tempestade nas costas da Cochinchina aonde chegariam acidentalmente sãos e salvos
Segundo reza o grande cronista João de Barros, essa foi a primeira visita de navios Portugueses ao Vietname.
No entanto, seria a Duarte Coelho que caberia a glória de ter sido o enviado oficial de Jorge de Albuquerque, governador Português de Malaca a "descobrir" o Vietname, tendo partido de Malaca com tal incumbência em 1524, ano em que desembarcou nas costas do actual Vietname e onde segundo o cronista João de Barros, ergueu os padrões da sua “descoberta”.
Como é do domínio comum, os “Padrões” eram "colunas" de pedra com cerca de 2 metros de altura encimadas pelo brasão de Portugal, a esfera armilar e a cruz de Cristo que serviam para assinalar uma “descoberta” e que visavam afirmar a soberania Portuguesa nos “locais” onde eram depostos.
Embora haja alguns historiadores que questionam se houve na realidade alguma vez a intenção por parte dos Portugueses de se instalarem nas costas do Vietname tal como a deposição desses padrões em rigor usualmente infere, pode-se asseverar que ao longo de um período da sua história assistiu-se efetivamente a uma presença e consequente estabelecimento de Portugueses naquela “nação”.
Essa presença manifestou-se essencialmente no decurso dos séculos XVI a XVII e compreendeu sobretudo uma determinada intervenção na conjuntura religiosa e comercial deste país.
Outro aspecto fundamental associado a essa presença foi a cedência de apoio militar, mormente de tecnologia militar, fornecimento de armamento (sobretudo canhões), instrução militar e em alguns casos inclusive de homens e até de apoio naval, prestado pelos Portugueses á dinastia dos Nguyên.
Aquando da chegada dos Portugueses á costa do atual Vietname, a geografia política da época abarcava entidades políticas distintas.
A Norte, achava-se o reino de Tonquim, cuja capital situava-se na foz do Rio Vermelho na atual Hanói e que era regido pela dinastia Trinh.
A sul ficava a Cochinchina, cuja capital era Hué, que era regida pela dinastia Nguyên e onde situava-se Faifo que era o principal porto.
Os frequentes conflitos e o eclodir de lutas internas pelo poder entre as dinastias Trinh (do Norte) e Nguyên (do Sul) iria motivar um pedido de ajuda aos Portugueses por parte dos Nguyên
Fruto dessas ajudas que seriam prestadas aos Nguyên, várias seriam as “concessões” que iriam ser “cedidas” aos Portugueses
Em 1535, os Portugueses liderados pelo Capitão António Faria estabeleceram-se em Faifo (actual Hoi An), cidade onde instalariam uma feitoria e na qual chegariam a “fundar” um bairro ou povoação onde habitavam com suas esposas Vietnamitas sob a evangelização dos Jesuítas Portugueses que possuíam uma igreja na cidade.
Embora se cogitasse que com o decurso do tempo os Portugueses viessem a assentar com sucesso um enclave Português permanente em Faifo como sucederia em Goa e Macau, tal não haveria contudo de ocorrer pois esse estabelecimento nunca haveria de prosperar suficientemente a esse ponto.
Contudo, essa presença foi suficientemente marcante ao ponto de presentemente ainda ser possível contemplar na cidade alguns vestígios da influência Portuguesa na sua arquitectura
Numa outra ocasião, conjecturou-se a fundação de uma cidade Portuguesa em território Vietnamita e esse plano esteve implícito quando no início do século XVII o rei da Cochinchina Nguyên-Phúc-Nguyên disponibilizou 3 ou 4 léguas da parte mais fértil em Tourane (actual Da Nang) aos Portugueses para que estes ali construíssem uma cidade com todas as suas comodidades
O emérito professor, historiador, etnólogo e arqueólogo Pierre Yves Manguin, autor daquele que é provavelmente o mais notável estudo efetuado até ao presente sobre a presença dos Portugueses no Vietname, reportou, que “é possível detectar a construção de uma fortaleza em Da-Nang / Tourane nos anos de 1615-1620" como parte de um projecto a longo prazo que deveria também englobar a fundação de uma “verdadeira povoação” que contudo não chegaria a florescer.
Outros exemplos de estabelecimentos de Portugueses no Vietname foram os casos de Pulo Cambi (actual Quy Nhon) e Hung-Yen (a Norte)
Um dos aspectos marcantes da expansão da presença Portuguesa no Vietname foi a correlação do comércio com a religião.
Para que a evangelização surtisse resultados profícuos tornava-se essencial que fosse pregada na língua local.
O Jesuíta Português Francisco de Pina foi o primeiro Europeu a dedicar-se ao estudo da língua Vietnamita e a falá-la fluentemente.
O contacto com os falantes nativos na missão de Hoi An suscitou-lhe uma paixão pela língua Vietnamita pelo que se auto-propôs a concretizar uma tarefa absolutamente pioneira e extremamente exigente; romanizar a língua escrita do Vietname, que até então caracterizava-se por se ortografar baseada em ideogramas de feição Chinesa.
Pelo que Pina foi o pioneiro no método de registo da língua Vietnamita com caracteres Latinos, que constitui a base do alfabeto Vietnamita moderno.
Francisco de Pina compilou um primeiro vocabulário da língua Vietnamita em 1619 e reportou aos seus superiores ter composto um tratado sobre ortografia e fonética em 1622 ou 1623
Um dos aspectos relevantes relacionados com a língua Vietnamita é ainda o facto de terem sido Portugueses (Gaspar do Amaral e António Barbosa) os autores dos primeiros dicionários “bilingues” Português-Anamita-Latim e Anamita-Português-Latim
Acresce salientar que nessa época a língua utilizada pelos mercadores Europeus nas suas transacções no Vietname era o Português visto ser a única conhecida pelos intérpretes
Em suma, a influência da presença dos Portugueses num determinado período da história do Vietname foi tal que extrapolou os aspectos relacionados com Comércio, Religião e militares, tendo também abrangido aspectos relacionados com a etnologia, língua e arquitectura.


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