♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 21 de maio de 2023

TÂNGER E A SUA INDELÉVEL LIGAÇÃO AO ALGARVE


A maioria não o saberá, mas haverá poucos algarvios que não tenham antepassados vindos de Tânger, que retornados à Metrópole a quando do abandono da dita Praça Forte se fixaram em massa no Algarve.

E por isso recordo que faz hoje precisamente 549 anos que Portugal a tomou, aos 29 dias de Agosto do ano da graça do Senhor de 1471, e que haveria de ficar na sua posse durante quase dois séculos.

Tal acontecimento, altamente relevante na História da Expansão Ultramarina Portuguesa, iria ter repercussões directas no percurso de vida de vários ramos de antepassados maternos dos meus filhos, já que os ditos, originários de vários pontos do país, iriam rumar e permanecer em Tânger ao serviço da Coroa durante três gerações, até ao fim da ocupação portuguesa que durou até 1661, ano que tornariam à Metrópole, para o Reino do Algarve, onde se fixaram a maioria dos "tangerinos".

Tânger era um próspero porto comercial do Norte de África, importantíssimo pela sua privilegiada localização geoestratégica na costa meridional do Estreito de Gibraltar.

Quem a dominasse, como os portugueses a vieram a dominar, controlava todo o fluxo de navegação marítima nessa zona do Mar Mediterrâneo, sustinha a actividade corsária islâmica que muito afectava a costa algarvia e passaria a contar com uma Praça Forte no continente africano, preciosa plataforma logística de apoio às novas conquistas que se seguiriam.

Não seria nada fácil, porém, a vida na Tânger portuguesa.

A cidade vivia em permanente estado de guerra e na iminência constante de ataques árabes e berberes. O dia-a-dia cingia-se praticamente ao reduto muralhado, só sendo possível sair, durante o dia, para uma pequena faixa de território protegida por um sistema de torres de vigia, onde se pastava o gado e se recolhia a lenha. Em tudo o resto, era a cidade totalmente dependente do exterior, de onde chegavam por via marítima, essencialmente da Metrópole, os bens essenciais que a sustentavam.

Por essa circunstância, as pessoas de condição social superior que rumavam a Tânger eram recompensadas pela Coroa com nobilitações, tenças e outros privilégios para aí permanecerem.

Os de condição inferior, geralmente cadastrados, viam as suas penas perdoadas com a ida para esta Praça Forte do Norte de África.

Só dessa forma, dando em troca, se conseguia manter uma efectiva presença portuguesa na cidade.

Só assim para lá iam ordas de portugueses, de todas as condições sociais, com o fito de melhorarem as suas vidas, não obstante os inúmeros perigos.

Após 190 anos de ocupação portuguesa e na sequência do contrato de casamento da Princesa D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, a cidade foi entregue à coroa britânica como parte do dote nupcial, tendo os portugueses que lá viviam sido forçados a abandoná-la num curto espaço de tempo, rumando a grande maioria ao Algarve, o território nacional mais próximo.

Assim, o grande fluxo migratório de portugueses de territórios ultramarinos para Portugal continental verificado no pós 25 de Abril de 1974 não foi o único fenómeno desta natureza na nossa História. Mais de 300 anos antes, em 1661, aconteceu o mesmo com os portugueses de Tânger.

Neste tipo de deslocações era comum chamar-se “retornados” a estes migrantes - a estes, vindos de Tânger, chamavam-lhes também “tangerinos”.

Todavia, nem sempre tal qualificação espelhava com rigor a real situação dessa gente, já que retornado só pode ser aquele que torna a um lugar de onde em tempos partiu. Ora quem vai pela primeira vez para uma determinada terra, como aconteceu com os portugueses de Tânger de segunda, terceira e quarta geração que se viram forçados a rumar ao Algarve - não pode a ela retornar, pela lógica razão de nela nunca ter estado antes. 


Sem comentários:

Enviar um comentário