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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 25 de maio de 2023

AS IGREJAS GÉMEAS DO CARMO E DOS CARMELITAS DESCALÇOS NO PORTO E A CASA ESCONDIDA

[A da esquerda é a das Carmelitas e a da direita a Igreja do Carmo. Ao centro temos a Casa Escondida, também conhecida pela casa mais estreita do Mundo - Porto.]

Localizadas na baixa do Porto, na esquina da Praça de Carlos Alberto com a Rua do Carmo, as igrejas do Carmo e dos Carmelitas são uma construção impressionante pelos seus inúmeros mosaicos e azulejos.
Estas duas igrejas geminadas parecem ser apenas uma e a maior igreja da cidade, mas o que parece ser uma enorme igreja, são na verdade dois edifícios separados por uma casa escondida entre as duas igrejas com apenas um metro de largura, uma das casas mais estreitas do mundo, e tão estreita que é fácil confundi-la com uma parede.
Estas 2 Igrejas são um conjunto religioso único classificado como Monumento Nacional em 2013, agora também como monumento património mundial da UNESCO tal como o resto do centro histórico da cidade, e encontram-se localizadas perto de outros monumentos famosos da cidade do Porto, como a Torre dos Clérigos, os Jardins da Cordoaria, o Palácio do Visconde de Balsemão, e a Livraria Lello.
A Igreja dos Carmelitas Descalços
A Ordem dos Carmelitas Descalços, ou simplesmente, Carmelitas Descalços, que estão na origem da edificação da Igreja dos Carmelitas, foi formado em 1593 e é um ramo oriundo da Ordem do Carmo resultante de uma reforma feita ao carisma carmelita por Santa Teresa de Avila e São João da Cruz, sendo originalmente de cariz contemplativa.
A Ordem instalou-se na cidade do Porto em 1616, e com o patrocínio do Duque de Lerma o rei D. Filipe II emitiu a autorização régia para a sua construção nesse mesmo ano, e embora a primeira pedra tenha sido colocada apenas em 1619, a Igreja dos Carmelitas é a mais antiga das duas igrejas e ocupa o lado esquerdo do complexo religioso.
A Igreja dos Carmelitas começou a ser construída em 1619 e foi terminada em 1628, mas a sua decoração interior só viria a ficar pronta em 1650, apresenta uma fachada tipicamente clássica esculpida em granito, e tem três entradas com arcos encimadas por três nichos, com imagens de S. José, Santa Teresa de Jesus e Nossa Senhora do Carmo ao centro.
O seu interior é ricamente dourado nos estilos barroco e rococó, bem iluminado por inúmeras janelas grandes com um tecto de cores vivas, a sua nave única abriga seis capelas laterais ricamente decoradas, e o seu órgão, recentemente restaurado, é uma obra prima de arte com caracteristicas bastante incomuns, um dos mais emblemáticos órgãos da cidade, mas para restaurar esse órgão foi preciso pedir a ajuda dos fiéis para contribuírem com a sua boa vontade para financiar o seu restauro.
Este órgão de tubos foi construído originalmente em 1784 pelo organeiro bracarense Jozé António de Souza em estilo Ibérico, tem um total de 1.067 tubos, e a empresa responsável pelo restauro do órgão dos Carmelitas, que se encontrava em avançado estado de degradação, foi a Orguian, criada por Georg Jann, e o seu restauro foi parcialmente pago por um ciclo de concertos que a igreja dos Carmelitas organizou.
No exterior da igreja, ao pé da porta, ainda pode ser vista uma caixa para lá se meter as moedas, de quem quiser ajudar a pagar a enorme factura que representou o seu restauro.
A Igreja do Carmo
A Ordem do Carmo ou Ordem dos Carmelitas, originalmente chamada Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, que está na origem da edificação da Igreja do Carmo, é uma ordem religiosa católica que surgiu no final do século XI, na região do Monte Carmelo, uma cadeia de colinas próxima à actual cidade de Haifa, antiga Porfíria, no actual Estado de Israel.
A Igreja do Carmo é uma igreja do século XVIII, também conhecida como Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, ocupa o lado direito do complexo e foi construída entre 1756 e 1768 sob a orientação do arquitecto José de Figueiredo Seixas, discípulo de Nicolau Nasoni.
A sua característica mais famosa é a parede ricamente decorada com um mosaico de Azulejos azuis representando a fundação da Ordem Carmelita e do Monte Carmelo, este mosaico que adorna todo o flanco nascente da igreja foi desenhado por Silvestre Silvestri e pintado por Carlos Branco em Vila Nova de Gaia em 1912.
A sua fachada ricamente trabalhada apresenta em lugar de relevo Santa Ana, a quem a Ordem do Carmo professava grande devoção, porque, segundo as crónicas, nos seus primeiros tempos a Santa teria aparecido a um grupo de frades da Ordem,
O portal de entrada da Igreja é rectangular e ladeado por duas estátuas dos profetas Elias e Eliseu esculpidas na Itália, e no corpo superior da frontaria encontram-se as esculturas das figuras dos quatro evangelistas,
O seu interior é finamente decorado nos estilos barroco e rococó, talhas douradas embelezam o altar, várias belas pinturas a óleo encontram-se penduradas nas paredes, e da nave central saem sete sumptuosos altares de talha dourada, obra do escultor Francisco Pereira Campanha.
A Casa Escondida
A chamada casa escondida apesar dos seus 250 anos de existência ainda é deconhecida por uma grande maioria da população portuguesa e mesmo por grande parte dos habitantes do Porto, esta casa que foi habitada até a década de 1980, servia de residência aos capelães mas também abrigava os artistas que trabalhavam na decoração de interiores e exteriores das igrejas.
Existem uma série de lendas e histórias populares locais sobre a razão dessas igrejas estarem lado a lado, a lenda mais comum diz que foi porque como os arcebispos não se davam bem, então cada um construiu uma igreja ao lado da do outro, numa competição arquitectónico de desafio e despeito.
Outra, é devido ao facto da grande maioria dos turistas que passam por esta, ou melhor, por estas fachadas, não perceber à primeira vista que estão diante de duas igrejas, os guias locais geralmente apresentam duas razões diferentes, mais ou menos romanescas e fantasiosas, para a existência daquela casa tão estreita, uns atribuem isso a uma antiga lei que estipulava que duas igrejas não podiam ter paredes meias, outros dizem que a estranha casa foi erguida para evitar que freiras e monges mantivessem relações amorosas proibídas.
No entanto, a Ordem do Carmo afirma que se tratam apenas de mitos e apresenta uma versão, mais prosaica e provavelmente mais correcta, explica que quando a Igreja do Carmo foi construída no terreno contíguo já lá se encontrava erigida a Igreja dos Carmelitas, cujas capelas interiores, nas suas traseiras, formavam saliências que impossibilitavam que a Igreja do Carmo fosse construída a paredes meias com ela.
Contudo, após a construção das duas igreja foi notório a existência de um espaço vazio entre ambas as igrejas, agora muito mais visível na parte frontal da fachadas, assim, e por questões estéticas, para acabar com a área vazia edificou-se ali uma estreita casa entre as paredes das duas Igrejas, o que serviu para ocultar o espaço vazio e que passou a servir como residência dos capelães.
Reuniões secretas também foram ali realizadas nos tempos das Invasões Francesas entre 1807 e 1811, no período do Liberalismo entre 1828 e 1834, durante o Cerco do Porto entre 1832 e 1833, depois da Proclamação da República em 1910, e também durante o período de perseguição às Ordens religiosas.






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