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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 6 de maio de 2023

OS PORTUGUESES E O SURINAME

O Suriname é o país mais pequeno da América do Sul, situa-se no Nordeste daquele subcontinente e faz fronteira a Sul com o Brasil, a Oeste com a República Cooperativa da Guiana e a Leste com a Guiana Francesa sendo limitado a norte pelo oceano Atlântico.

Este país que outrora fora conhecido como Guiana Holandesa insere-se numa região geopolítica própria (as Guianas) de onde também fazem parte a República Cooperativa da Guiana e a Guiana Francesa.

Navegadores Portugueses e Espanhóis que foram os primeiros a explorar as costas dessa região coibiram-se de as ocupar permanentemente tendo a primazia de tal tarefa cabido aos Holandeses que inicialmente iriam contudo apenas fixarem-se na zona costeira daquilo que hoje corresponde ao território do Suriname.

Quando os Holandeses fixaram-se no Suriname estima-se que então o seu domínio extendia-se apenas pelos primeiros 100 quilómetros a partir da costa rumo ao interior daquele que é hoje o território do Suriname sendo que o restante alongava-se por aquilo que era na época território do Brasil sob domínio dos Portugueses.

A exemplo do que sucedeu em muitas outras latitudes, o audacioso espírito aventureiro dos Portugueses desempenhou um papel pioneiro fundamental para um melhor conhecimento e consequente mapeamento do território correspondente áquilo que é a região das Guianas e seu complexo hidrográfico.

A atividade dos Portugueses, visando o domínio e o conhecimento daquela região, é um dos capítulos fascinantes mas pouco divulgados da história da expansão de Portugal no Mundo.

Várias foram as viagens e expedições encetadas na época pelos Portugueses com o intuito de reconhecer e explorar aquela região e áreas adjacentes.

A primeira que foi documentada ocorreu nas primeiras décadas do seculo XVIII e foi levada a cabo por Manuel da Silva Rosa que efetuou uma viagem pelo Rio Branco, o Tacutú, o Mahú e o Pirara tendo-se estabelecido em Essequibo onde faleceu anos mais tarde.

Sucederam-se várias outras expedições tais como as encabeçadas por Francisco Ferreira e Cristóvão Aires Botelho em 1736, Lourenço Belfort e Francisco Xavier de Andrade em 1740, José Miguel Aires em 1748, José Agostinho Diniz em 1766, Ricardo Franco D'Almeida Serra e António Pires Pontes em 1778 , Alexandre Rodrigues Ferreira, Ricardo Franco de Almeida Serra e António Pires da Silva Pontes em 1781 e a de Manoel da Gama Lobo de Almada em 1787

A mais intrépida de todas foi contudo provavelmente aquela encetada pelo porta bandeira Francisco José Rodrigues Barata Freire que, ao serviço da Rainha D. Maria I, partiu de Belém do Pará em 30 de Março de 1798, tendo subido o Amazonas até Manaus, logrando passar a foz do Rio Branco no Rio Negro e penetrando no alto Rio Branco, subiu o Tacutú e passou ao Essequibo, havendo alcançado Demerara em 12 de Setembro desse mesmo ano de onde finalmente partiu para o Suriname onde chegou em 23 de Setembro do ano 1798.

O primeiro grupo não autóctone a colonizar o Suriname foram os Judeus Portugueses que em 1620 chegaram ao Suriname e em 1629 fundaram a cidade de Thorarica / Torarica ( "corruptela" de Torá Rica ) que se seria a primeira capital do território cujo "estatuto" manteria até 1667.

Em 1659/60 um outro grupo de Judeus Portugueses que havia chegado sete anos antes ao Suriname fundou em Cassipora perto do Rio Suriname uma nova vila autónoma.

Posteriormente, em 1664, chegou um terceiro grupo, liderado por José Nunes da Fonseca que juntamente com os "Portugueses" de Torarica e de Cassipora deslocaram-se para cerca de 50 km a sul de Paramaribo onde nas margens do rio Suriname "fundaram" um assentamento que ficaria conhecido como "Jodensavanne".

É dado assente que esses Judeus Portugueses foram pioneiros em desmatar a floresta afim de criarem plantações de açúcar, café, cacau e algodão no Suriname.

Contudo esses "Portugueses" de origem Judaica levaram para o Suriname mais do que a sua experiência agrária.

Levaram também as suas tradições, cultura, costumes e inclusive a língua Portuguesa, que exerceu grande influência sobre o Saramakaans que é uma lingua crioula falada no Suriname tendo o espírito empreendedor desses homens sido responsável pela fundação de uma sinagoga em Paramaribo, um Teatro, uma sociedade literária (Decando Docenur) e usufruíram também do direito de ter o seu próprio tribunal, um sistema educacional e o privilégio de ter uma milícia própria e outras instituições revelando por conseguinte o grande dinamismo que essa comunidade vivenciava.

Um episódio da história dos Portugueses no Suriname muito pouco divulgado foi aquele ocorrido alguns anos mais tarde quando em 1714 os Portugueses invadiram pelo sul a partir do Brasil o então território do Suriname dominado pelos Holandeses tendo-lhes tomado a cidade de Apetina visando com tal acção estratégica estimular a reacção por parte das tropas Holandesas que se encontravam estacionadas no litoral a Norte e que dessa forma tiveram que se deslocar para sul rumo a Apetina localizada no interior, desguarnecendo por conseguinte as suas fortificações no litoral e a capital Paramaribo que se localizavam a Norte.

O plano surtiu o efeito pretendido, visto que em 26 de Abril de 1714, as tropas Holandesas avançaram efetivamente para Sul rumo ao interior até Apetina, momento em que os Portugueses astutamente recuaram para o Brasil atraíndo em seu encalço as tropas Holandesas para o interior da selva Amazónica onde estas foram numa sua grande parte impiedosamente dizimadas pelas inúmeras contrariedades que tal território adverso lhes causou nomeadamente pelos nefastos efeitos resultantes da Malária que os acossou bem como pelos combates travados contra tribos hostis locais tendo levado á dispersão, desbarato e morte de grande parte das tropas.

Entretanto, acometíveis que estavam as fortificações no litoral e a capital Paramaribo a Norte tal como havia sido preconizado pelos Portugueses, uma frota Portuguesa comandada pelo Almirante Luís Paez bombardeou o litoral, tendo posteriormente desembarcado tropas de infantaria que invadiram o território e o ocuparam durante algum tempo até que mais tarde na sequência de ordens do Rei de Portugal, as tropas Portuguesas então já comandadas pelo Almirante Teixeira dos Santos, abandonaram aquela região.


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