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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

DEFINITIVAMENTE NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO (1ª PARTE)

Definitivamente Não ao Acordo Ortográfico (1ª parte)
No final de 2009 visitei pela sétima vez a capital da Finlândia, e mais uma vez fui reencontrar o meu amigo Timo Riiho, professor de línguas românicas na Universidade de Helsínquia e um dos maiores divulgadores da língua e cultura portuguesa naquele país nórdico. O nosso ponto de encontro foi num pequeno bar na Liisankatu, o “Harry Bar”, bem perto da universidade. Este local de aspecto típico, tosco mas acolhedor, algo raro naquela cidade do báltico onde quase tudo parece igual, é frequentado por pessoas de diferentes idades e estratos sociais – estudantes, professores, “marinheiros”, oficiais da marinha, reformados e bêbados, uma mescla de individualidades e de comportamentos que tornam aquele espaço especial.

Nesse dia quando fui entregar a revista Raia Diplomática ao Timo, pois ele também pertence ao conselho editorial, estávamos a poucos dias do final do ano, e a excitação para antecipadamente dar as boas-vindas ao novo ano era bem audível, e uma crescente algazarra irrompe no “Harry” ao que o Timo interroga-se – O que se passa? Ao que de imediato repliquei – Estão um pouco contentes. E o nosso Timo respondeu – Boa Bruno, muito diplomático!

Não sei também se quem engendrou o acordo ortográfico (AO) também estava muito “contente” ou estava a fazer uma diplomacia descrente.

Voltando à conversa com o nosso “Vainamöinen” das línguas que para além de saber falar e ensinar o português, também como é óbvio o finlandês a sua língua materna, o espanhol, basco, catalão, italiano, francês, alemão e sueco, perguntou como ia Portugal, eu suspirei e disse – Na mesma, olhe agora querem implementar o acordo ortográfico.

No nosso diálogo sobre essa temática, ele finalizou-o dizendo o seguinte – Para mim como linguista é impossível retirar um simples acento só porque sim! E acrescentou – Vou continuar a escrever conforme ensinaram-me.

Esta coisa que alguns chamam de acordo ortográfico pode ser analisada em três vertentes – técnica, económica e política.

Em primeiro lugar quero acreditar na boa-fé dos agentes que promoveram o AO, só assim posso compreender tamanha anormalidade, pois pensaram que removendo um acento, um “c”, um “p” não estariam a fazer grande mal pois só representava 1,4% das alterações. Partiu-se do princípio que a língua portuguesa, não forma um sistema, é uma espécie de uma coisa descartável que possuí apêndices supérfluos, e que praticamente tudo pode ser manipulado ao livre arbítrio das vontades e continuará a funcionar na perfeição. Para exemplificar, é como construir um edifício não respeitando as normas do projecto vai-se adicionando ou eliminando elementos ao seu gosto, e com o tempo verificar-se-à que quando finalizado não terá as características nem a finalidade previamente concebidas.

Há imensos exemplos sobre esta barbaridade linguística e aconselho vivamente a quem tem dois dedos de testa a ler e a ouvir as opiniões da professora Maria do Carmo Vieira que são esclarecedoras quanto ao imediato e quanto ao futuro da língua.

Apenas quero frisar um exemplo em que sou várias vezes oprimido na minha visão, nomeadamente quando a televisão pública que tem o desplante de projectar algumas maldades. Será que “espectador” tem o mesmo significado que “espetador”? 

Interrogo-me se estou a ver um programa televisivo ou se querem espetar-me algo. É claramente uma incongruência absurda, pois o simples facto da remoção de uma humilde letra faz destoar por completo o sentido da palavra. E só mais um exemplo do grotesco a que chegamos. Há semanas o jornal Expresso, um dos poucos jornais de referência que aderiu a esta moda anacrónica, muito possivelmente por razões de interesse económico e das parcerias do grupo Impresa que tem no Brasil, tinha como título de uma notícia o seguinte “Assage para a máquina”. Depreende-se que o fundador do Wikileaks vai para uma máquina, um movimento activo, mas não, o verdadeiro sentido da frase é precisamente o contrário, a forma passiva, de interrupção da acção. É extraordinário como a simples omissão de um acento desvirtua a construção de uma frase, e afinal o Timo Riiho tinha toda a razão.

Em conclusão, do ponto vista técnico o AO não tem ponta que se lhe pegue, e a longo prazo, a fonética vai-se transformando, pois não é a mesma coisa ler “directo” e “direto” porque é uma falsa sílaba muda. Cegos, surdos e mudos foram aqueles que inventaram esta “coisa”.

Bruno Caldeira

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