«Batávia, a Rainha do Oriente, como lhe chamavam os holandeses era, em meados do século XVIII, um cadinho de mercadores. A VOC atingira o zénite e começava o declínio, mas com a Companhia continuavam a negociar indianos, siameses, malaios, chineses e japoneses. Porém, na capital do Oriente holandês mal se falava o neerlandês para lá dos portões reforçados do palácio do governador, das casamatas da guarnição militar e das muralhas em rocha de coral. Os grupos étnicos agrupavam-se por kwartiers (quarteirões), ou seja, Kampong periurbanos fora de muralhas. A cidade em tijolo era para os brancos, pois dos javaneses suspeitava-se e dos chineses a atitude era de franca segregação desde a revolta de 1740 que terminou com o massacre por atacado da maioria de população chinesa vivendo dentro das muralhas.
As comunidades viviam para si, mas quando se encontravam no bazar falavam as línguas francas: o português e o malaio. Nos templos da Igreja Reformada, os serviços religiosos eram oficiados em português. Das três escolas da Companhia, o português era usado numa, o malaio nas outras, pois a maioria dos alunos não conhecia o holandês e não conseguiam acompanhar as lições . Em casa, os senhores falavam português com os seus escravos, os poucos meninos holandeses aprendiam o português com as amas-de-leite. »
Miguel Castelo-Branco, in Relações entre Portugal e o Sião (1782-1939).
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