Estamos a poucas semanas, da cerimónia de coroação de King Charles III - Rei do Reino Unido, o que é sempre um momento de reflexão, de sobriedade, de exaltação histórica e de afirmação da nacionalidade britânica. A cerimónia também resume de uma forma maravilhosa as tradições e os diversos factores que ligam e são comuns a todos os britânicos e à Commonwealth, como cidadãos de um mundo multicultural e cosmopolita, moderno e virado para o futuro, mas que mantém o respeito pela histórica e pela memória.
E sendo assim, ao acompanhar os preparativos da cerimónia e já antevendo a competência e organização que os britânicos têm nestes momentos e, em tudo o que este momento representa para os milhões de cidadãos do Reino Unido e da Commonwealth, não pude deixar de pensar em nós, em Portugal.
Decidimos destruir a tradição, a sobriedade, a história e a glória da monarquia para a substituir pelos jogos políticos da República; decidimos abdicar de ter uma figura acima da chicana dos bastidores e dos favores da política, que nos liga ao nosso passado comum e aos nossos “avós”, para a substituir por um “capo político” que ocupa o seu posto com tiques do oportunismo.
Demos preferência ao superficial e efémero, em troca do permanente e de um garante de independência e estabilidade.
Criamos a ideia peregrina, em nome de uma falsa igualdade, de que todos podemos um dia ser presidentes, quando o sabemos de antemão não ser verdade.
Nestes dias, olho para Portugal e sinto-me, ainda mais monárquico. A abolição da monarquia não resolveu de todo nenhum problema e, estou em crer que mesmo a restauração, per si, o não faria, mas seria o início de um novo caminho, mais justo, mais sereno e com maiores garantias de independência política e social para Portugal e para os Portugueses.
O caso TAP ou toda a discussão sobre a dissolução do parlamento por exemplo, ou os últimos 7 anos de Marcelo e Costa, deixam isso bem presente e claro para todos nós.
Miguel Baumgartner
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