HÁ 637 ANOS MORREU, EM VALLADOLID, DONA LEONOR TELES DE MENEZES

Dona Leonor Teles de Menezes, Rainha Consorte de Portugal (mulher de Dom Fernando I, Rei de Portugal) filha de D. Martim Afonso Telo de Menezes.

27 de Abril de 1386: Morre, em Valladolid, Dona Leonor Teles de Menezes, Rainha de Portugal, mulher do Rei Dom Fernando I de Portugal.

Dona Leonor Teles de Menezes, Rainha de Portugal, mulher do Rei Dom Fernando I de Portugal, * 1350 - † Valladolid, Tordesillas, 27.04.1386, era filha de D. Martim Afonso Telo de Menezes, Rico-Homem, Mordomo-Mor (*1310 - †1356) e de D. Aldonça Anes de Vasconcelos (*1320); Neta paterna de D. Afonso Teles Raposo (Menezes) (*1280) e de D. Berengária Lourenço de Valadares (*1280), e neta materna de D. João Mendes de Vasconcelos, Alcaide-Mor de Estremoz (*1300) e de D. Aldara Afonso Alcoforado (*1300).

Dona Leonor Teles, cognominada "a Aleivosa" foi Rainha de Portugal entre 1372 e 1383, pelo seu casamento com o Rei Dom Fernando I de Portugal. Foi Regente de Portugal de 1383 a 1384.

Dona Leonor Teles era sobrinha de D. João Afonso Telo de Menezes, 1º Conde de Ourém e 4º Conde de Barcelos, descendia por seu pai D. Martim Afonso Telo de Menezes do Rei Fruela II das Astúrias e Leão e, por sua mãe D. Aldonça Anes de Vasconcelos, de Dona Teresa Sanches, filha bastarda do Rei Sancho I de Portugal.

Ainda muito jovem, Dona Leonor casou com D. João Lourenço da Cunha, filho do morgado do Pombeiro, com quem teve um filho: D. Álvaro da Cunha. O casamento foi anulado, pois o Rei Dom Fernando quis casar com ela, rompendo o noivado que tinha com a filha do Rei de Castela, também ela de nome Leonor.

Dona Leonor Teles foi a primeira Rainha nascida em Portugal. Foi Regente por alguns meses e foi afastada depois duma revolta.

Dom Fernando I, Rei de Portugal esposo de Dona Leonor Teles.

Rainha:

Conta-se que, numa altura em que visitou a irmã D. Maria Teles de Menezes, Aia da Infanta Dona Beatriz, o Rei Dom Fernando I de Portugal ficou loucamente apaixonado por Dona Leonor – que Fernão Lopes descreveu como sendo "louçana e aposta e de bom corpo (...), com suas fremosas feiçõoes e graça", querendo-a tomar por amante. Dona Leonor resistiu e o Rei ficou sabendo que só a teria por via de casamento. Alegando-se uma remota consanguinidade, foi obtida a anulação do primeiro casamento de Dona Leonor Teles e preparado o casamento com o Rei. Isto motivou uma enorme reprovação popular, a revolta foi reprimida e manchou negativamente a imagem da Rainha.

O casamento público com o Rei, ocorreu no Mosteiro de Leça do Balio, a 15 de Maio de 1372, havendo notícia de que teria sido precedido por um outro, este secreto, ainda em 1371. Leça do Balio era pertença da Ordem do Hospital, o Prior era D. Álvaro Gonçalves Pereira, pai de D. Nuno Álvares Pereira.

Em Fevereiro de 1373, nascia a Infanta Dona Beatriz. Nesse mesmo ano, na altura da segunda guerra fernandina, a Rainha armou por sua vontade D. Nuno Álvares Pereira, Cavaleiro, ficando o jovem, com cerca de treze anos, Escudeiro da Rainha.

Temendo o prestígio do Infante Dom João, Duque de Valencia de Campos, (filho do Rei Dom Pedro I e da Rainha póstuma Dona Inês de Castro), que se casara com sua irmã D. Maria Teles de Menezes, Dona Leonor Teles concebeu o plano de casar o Infante com sua filha Beatriz. Mas para isso era preciso eliminar D. Maria Teles de Menezes, sua própria irmã, acção por que terá sido responsável, ao insinuar que esta seria adúltera. Dom João, enfurecido, matou a mulher, e apresentou-se como viúvo disponível à cunhada, que logo o acusou de homicídio, tendo sido preso e exilado pelo crime cometido, afastando assim um temível rival ao trono. Seguindo a mesma linha, em 1382, mandou prender em Évora, outro cunhado: Dom João, Mestre de Avis e com ordem de execução. Valeu a Dom João a ajuda do Conde de Cambridge e foi solto.

As Rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Dona Leonor Teles, através de doação do Rei Dom Fernando, recebeu Vila Viçosa, Abrantes, Almada, Sintra, Torres Vedras, Alenquer, Atouguia, Óbidos, Aveiro, bem como os reguengos de Sacavém, Frielas, Unhos e a terra de Melres, em Ribadouro. Trocou Vila Viçosa por Vila Real em 1374 e adquiriu Pinhel em 1376.

Em 1382 terminou a última guerra fernandina. No ano seguinte é assinado o Tratado de Salvaterra de Magos que estipula as condições de paz e quem seria o próximo rei.

Crise de 1383–1385:

Com a morte do Rei Dom Fernando a 22 de Outubro de 1383, Dona Leonor assumiu a Regência do Reino e o seu amante, D. João Fernandes Andeiro, passou a exercer uma influência decisiva na Corte. Esta ligação e influência desagradavam manifestamente ao povo e à burguesia e a alguma nobreza que odiavam a regente e temiam ser governados por um soberano castelhano.

Dom João, Mestre de Avis, apoiado por um grupo de conspiradores, entre os quais o jovem D. Nuno Álvares Pereira, que terá tido a ideia original, e D. Álvaro Pais, foi incentivado pelo descontentamento geral a assassinar o Conde Andeiro. A acção ocorreu no Paço, a 6 de Dezembro de 1383 e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do Infante Dom João, mas este foi preso pelo Rei de Castela.

Dona Leonor abandonou Lisboa (cidade apoiante do Mestre de Avis) e refugiou-se em Alenquer e depois em Santarém, (cidades fiéis à causa da Rainha Dona Leonor), onde tentou manobrar politicamente a sua continuidade no poder. D. Álvaro Pais propôs à rainha casar com o Mestre de Avis, mas ela recusou. Com o desenvolver do conflito entre o Mestre de Avis e o rei castelhano, a regente perdeu espaço de manobra e acabou por ser constrangida a abdicar da regência a favor de João I de Castela e de Dona Beatriz, sua filha, a esposa do rei castelhano.

Com a vitória do partido do Mestre de Avis na guerra civil e contra Castela, este tornou-se regente e depois rei. O Rei João I de Castela, genro de Dona Leonor, logo em 1384, pouco depois dela ter renunciado à regência, havia-a internado no Mosteiro de Tordesilhas, perto de Valladolid onde, segundo alguns historiadores, faleceu a 27 de Abril de 1386.

Túmulo de Dona Leonor Teles (foto de David Fernandes).

Família e Descendência:

Do seu primeiro casamento com D. João Lourenço da Cunha, filho do morgado do Pombeiro, nasceu:

• D. Álvaro da Cunha (c.1371-1415), partidário de D. João, Mestre de Avis, durante a Crise de 1383–1385, morreu de peste no regresso da Conquista de Ceuta.

Depois de anulado o primeiro matrimónio por motivos de consanguinidade, a 15 de Maio de 1372, Dona Leonor casou, em segundas núpcias, com o Rei Dom Fernando I de Portugal. Desta união nasceram:

• Dona Beatriz de Portugal, Infanta de Portugal (1373), pretendente ao trono do pai, Rainha consorte de Castela, casada com o Rei João I de Castela;
• Dom Afonso, Infante de Portugal (1382), que morreu quatro dias após o nascimento;
• Menina (1383), que morreu logo à nascença.

(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, Geni, GeneAll, Geneanet, Roglo.eu, Genearc, Mariana Bonat Trevisan, Armeiro Mor, jessi-aleal blog, David Fernandes, App.- Family Tree Maker 4.0 e Wikipédia)

António Carlos Janes Monteiro

HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro