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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 29 de abril de 2023

PORTUGAL E A ARGENTINA

A “participação” dos Portugueses na História da Argentina foi uma constante que perdurou ao longo de séculos.

Essa presença começou a esboçar-se a partir do momento que foram os Portugueses o povo Europeu a quem se deve o mérito de ter descoberto, sulcado, explorado e cartografado antes de qualquer outro povo Europeu o Rio da Prata que banha as costas Argentinas, onde jaz a capital Buenos Aires para cuja prosperidade e consequente “consolidação” esses Portugueses participaram de forma assinalável graças à sua significativa contribuíção não só para o desenvolvimento do comércio, como também para a construção de uma indústria local, de embarcações e ainda para a produção de uma nova agricultura que se viria revelar determinante para o progresso daquele país que se situa na América do Sul.

As dúvidas geográficas que perduravam no início do Século XVI, relativamente a esse imenso Novo Mundo (Americas) cuja existência havia sido recentemente revelada aos Europeus, suscitavam a necessidade de fomentar viagens de exploração que pudessem esclarecer as várias incógnitas ainda existentes.

Na sequência dessa necessidade de desvendar uma dessas questões, em 1503, foi enviada ao Brasil uma expedição Portuguesa comandada por Gonçalo Coelho afim de apurar a configuração geográfica da parte ainda então desconhecida da costa sul-Americana que se crê ter alcançado o estuário do Rio da Prata

Contudo a dúvida sobre se a America seria uma grande ilha que separava a Europa das ambicionadas Indias Orientais ou se pelo contrário seria terra firme e se por conseguinte existiria alguma passagem que possibilitasse uma ligação da Europa ao Oriente através desse território, continuava a pairar na mente dos Europeus.

Foi nesse contexto que em 1511, D. Nuno Manuel e Cristovão de Haro armaram uma expedição licenciada pelo Rei de Portugal para efetuar descobrimentos na América do Sul que zarpou de Lisboa no último trimestre desse ano rumo ao Brasil e cujo comando foi confiado a Diogo Ribeiro arauto do soberano Português

Diogo Ribeiro levava instruções reais para que “averiguasse bem” os “Segredos dessa terra” não só relativamente aos achados geográficos como também sobre a existência de metais preciosos e produtos de valor

A expedição era composta por duas caravelas, uma pilotada por Rodrigo Álvares onde seguia o comandante Diogo Ribeiro e o escrivão Estevão Fróis ( Flores) e a outra pilotada e comandada por João de Lisboa.

A pequena frota fez uma primeira escala algures na Baía de Todos os Santos, onde foram atacados por Indígenas que mataram alguns tripulantes entre os quais se encontrava o comandante da expedição Diogo Ribeiro.

Com a morte de Diogo Ribeiro, Estevão Frois (Flores) foi “elevado” a comandante da expedição.

A expedição progrediu para Sul tendo dobrado o Cabo de Santa Catarina e entrado no Rio da Prata, penetrou cerca de 300 quilómetros pela bacia desse rio, crendo que se encontravam no mar e que haviam encontrado uma passagem para o Oriente até que próximo ao local onde hoje se situa Buenos Aires foram acometidos por ventos contrários tendo sido forçados a regressar á costa do Brasil.

Entretanto, tendo-se inteirado dessa expedição de Estevão Fróis e João de Lisboa, o Rei de Espanha enviou em 1516 uma expedição comandada pelo Português João Dias de Solis a fim de encontrar uma passagem para o Oceano Pacífico. Contudo tal missão não foi bem sucedida, pois o melhor que Solis logrou foi entrar no Rio da Prata e no seu estuário ter tomado posse em nome do Rei de Espanha das terras localizadas na margem Setentrional onde se crê que hoje se localiza a cidade de Punta del Este (Uruguai)

Quatro anos mais tarde (em 1520), uma nova expedição Espanhola, comandada por outro Português, Fernão de Magalhães subiu o rio da Prata tendo procurado em vão uma passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico que só veio a descobrir no decurso dessa expedição mais a sul ao atravessar o estreito que hoje ostenta o seu nome.

Uma década depois (em 1530), D. João III, Rei de Portugal enviou uma expedição ao Brasil, comandada por Martim Afonso de Sousa que tinha por finalidade “a guarda” do litoral, o descobrimento de novas terras e a assumpção da posse das mesmas para a coroa Portuguesa.

Essa armada era composta por cinco embarcações, cuja nau capitânia era capitaneada por Pêro Lopes de Sousa, irmão do Capitão-Mor.

A expedição zarpou de Lisboa no dia 03 de Dezembro de 1530 tendo chegado á vista do Cabo de Santo Agostinho na costa Brasileira no dia 31 de Janeiro já do ano seguinte (1531) onde apresararam 3 embarcações Francesas carregadas de Pau Brasil.

Depois de terem escalado Olinda (Pernambuco), partiram no dia 01 de Março de 1531 rumo á Baía de Todos os Santos que atingiram no dia 13 de Março e onde se abasteceram e consertaram algumas embarcações.

Dias mais tarde partiram para o Rio de Janeiro aonde chegaram no dia 30 de Abril.

Após ter ordenado que se construísse aí uma casa-forte cercada e que se estabelecesse uma ferraria para fabricar o que fôsse necessário, Martim Afonso de Sousa, enviou quatro homens ao sertão que voltaram depois de dois meses, acompanhados por um Indio que informou Martim Afonso de Sousa acerca da Prata e Ouro que existia no Paraguai.

No prosseguimento da expedição, em Agosto de 1531, quando se encontravam na Ilha de Cananeia (Ilha do Bom Sucesso), Martim Afonso enviou a terra Pêro Anes a contactar os Indios, tendo este regressado trazendo sete Europeus entre os quais constava um degredado chamado Francisco Chaves que prometeu a Martim Afonso que ao fim de dez meses regressaria trazendo 400 escravos carregados de Ouro e Prata.

Seduzido por essa informação, o Capitão-Mor Português enviou 80 homens ao interior de onde jamais regressariam.

Posto isso, a expedição rumou para Sul tendo penetrado no Rio da Prata.

Uma vez no Rio da Prata, Martim Afonso de Sousa, determinou que um bergatim com 30 homens comandado pelo seu irmão, Pêro Lopes de Sousa subisse o Rio da Prata para nas suas margens colocar Padrões proclamando a soberania Portuguesa sobre esse território.

Foi assim que na sequência desta ordem, numa quinta-feira, dia 12 de Dezembro de 1531, os Portugueses liderados por Pêro Lopes de Sousa atingiram o “Esteiro dos Caradins” (“perto” da actual Buenos Aires) tendo ido a terra e colocado dois Padrôes com as Armas de Portugal tomando por conseguinte posse daquelas terras na atual Argentina para a coroa Portuguesa

Embora o Rio da Prata e nomeadamente Buenos Aires se situassem a Oeste da linha das Tordesilhas e por conseguinte na área atribuída á Espanha, os Portugueses frequentemente agiam patenteando a ideia de que era sua intenção extender o seu domínio a territórios da actual Argentina

Daí que não tivesse sido estranho que em 1536 os Espanhois tivessem enviado uma expedição liderada por Pedro de Mendonza fundar no Rio da Prata um assentamento batizado com o nome de “Nuestra Señora Santa María del Buen Aire” que seria a génese de Buenos Aires

Esse assentamento não viria contudo subsistir por muitos anos devido aos permanentes ataques de que eram alvo os habitantes por parte dos Indios e ás frequentes roturas no abastecimento de bens que originou um surto de fome e consequentemente levou a que em 1541, o assentamento fôsse incendiado e abandonado.

Cerca de quatro décadas mais tarde (em 1580) os Espanhóis através duma expedição liderada por Juan de Garay refundaram com o nome de “Ciudad de Trinidad” aquilo que viria a ser a cidade de Buenos Aires.

Poucos anos após a fundação de Buenos Aires, comerciantes Portugueses , com ligações ao Brasil, ramificaram os seus negócios para o interior e para sul do continente Sul Americano tendo expandido assim os seus interesses também a Buenos Aires, não sendo por conseguinte surpreendente a relação de conivência entre Portugueses e Espanhóis que desde então passou a verificar-se naquela cidade que viria a beneficiar de uma dinâmica social, graças ás relações de cumplicidade entre Portugueses e os Governadores, Comerciantes, Funcionários da coroa e Moradores que permitiu aos Portugueses e seus descendentes participarem de forma activa na vida da cidade ao ponto de puderem adquirir terras, ocupar cargos Municipais e de desempenhar outras funções importantes

A formação e desenvolvimento de Buenos Aires desenrolou-se em condições completamente distintas das que regeram a de outras cidades Espanholas na América do Sul naquela época.

A falta de riquezas minerais no seu solo e de indios capazes (os Indios da região eram nómadas e indómitos) diferenciavam-na de outras cidades no novo Mundo

Embora se localizasse nas margens de um rio profundo facilmente navegável, que propiciava excelentes condições para desembarcar e embarcar mercadorias com a devida comodidade, o porto de Buenos Aires esteve interditado ao comércio por ordens reais espanholas durante cerca de dois séculos

Durante esse período, Buenos Aires governada pelo vice-reinado do Peru, permaneceu uma cidade isolada e “estagnada”. O seu crescimento era dificultado pelas rígidas regulamentações comerciais da Coroa, segundo as quais apenas determinados portos na América Espanhola estavam autorizados a “movimentar” as mercadorias destinadas à Espanha.

Nessa conformidade, qualquer mercadoria de Buenos Aires tinha que viajar por grandes distâncias por terra até o porto Peruano de Callao, de onde era embarcada para o Panamá e só depois transferida para navios que iam para Espanha

As maiores produções de Buenos Aires eram couros, sêbos e carne salgada ou seja produtos faceis de se deitar a perder, de escasso valor em relação ao seu grande volume que por sua vez tornava dificil o seu transporte através de todo o continente afim de poderem ser embarcados no Porto de Portobello rumo a Espanha

As despesas resultantes do frete e gastos aduneiros da terra, somados ao prejuízo resultante da perda de mercadoria que já chegava ao seu destino inconsumivel devido á deterioração resultante das condições do clima durante o seu transporte que demorava meses bem como á demora sofrida até que o produto estivesse disponível para o envio, eram circunstâncias mais que suficientes para fazer com que os moradores de Buenos Aires procurassem uma alternativa mais conveniente para os seus interesses.

Essa necessidade de viabilizar a prosperidade da cidade tornou imperioso que se contornasse essas leis reais restrictivas vigentes abrindo excepções que tolerassem o comércio que segundo a legislação era proibido, tendo por conseguinte emergido dessa ânsia a prática do contrabando

As vantagens naturais do território a norte de Buenos Aires não podiam ser mais adequadas para a prática do contrabando, visto que a tranquilidade do rio, o sossego da região de San Isidro , a proximidade da cidade e os caminhos que a percorriam incentivavam os hábeis comerciantes Portugueses a aproveitar tais condições para através de lá praticar um comércio com Buenos Aires que se revelou indispensável para durante um período de cerca de dois séculos aliviar a situação de um comércio que se encontrava então excessivamente comprimido pela legislação inadequada vigente e dessa forma escoar a abundância de produção que existia na cidade.

Daí que o relevante desempenho dos Portugueses no Porto de Buenos Aires, tenha-se revelado fundamental para a "sobrevivência" e o progresso duma cidade marginal em situação económica melindrosa.

Os Portugueses eram o grupo de estrangeiros mais numeroso por ser aquele que mais apto se revelava para lidar com as condições de vida que a pobre cidade de Buenos Aires propiciava aos seus habitantes.

Numa população que ao longo do século XVII nunca ultrapassou os 1.500 habitantes, mais de 370 eram Portugueses

Embora esse “comércio ilegal” com os Portugueses se afigurasse prejudicial para o tesouro da coroa Espanhola, ironicamente levou ao desenvolvimento das bases que provocaram a prosperidade da cidade.

Além disso, o enriquecimento e consequente desenvolvimento da cidade de Buenos Aires claramente beneficiou da sua proximidade (vizinhança) aos domínios Portugueses que cada vez mais se expandiam por aquele que é hoje território Uruguaio mas sobretudo também após a fundação da colónia de Sacramento pelos Portugueses em finais do século XVII

Contudo, se a assinalável crescente importância dos Portugueses no “quotidiano” da cidade de Buenos Aires já era motivo para preocupação entre as autoridades Espanholas, essa fundação da colonia de Sacramento na costa oposta a Buenos Aires claramente provocou o alarme nas hostes Castelhanas que passaram a encarar com desconfiança todo esse persistente interesse Lusitano na região do Prata não se tornando por conseguinte surpreendente os atritos entre Portugueses e Espanhóis que se vieram a desenrolar naquela região.

No período da União Ibérica, os Portugueses planearam conquistar Buenos Aires e tal intento reforçou-se quando estes começaram a se deparar com dificuldades para comercializar com esta praça em função dos conflitos com os Espanhóis surgidos na sequência da Restauração de Portugal.

Com efeito, em 1643, Salvador Correia de Sá e Benevides, membro do Conselho Ultramarino e Almirante das Frotas do Brasil, sugeriu ás autoridades em Lisboa a invasão de Buenos Aires

A intervenção dos Portugueses em território Argentino chegou a Santa Fé e a Corrientes, graças ás acções dos Bandeirantes. Auspiciava-se então a ocupação, por parte de Portugal, das atuais províncias Argentinas de Misiones, Entre-Rios e Corrientes afim de dominar as vias de comunicação entre a cidade de Buenos Aires e o interior das possessões Espanholas que não chegou a se consumar.

Porém, mais tarde (no início do Séc. XIX) quando começaram a despontar movimentos independentistas por toda a América Espanhola, os Portugueses organizaram na Capitania de Rio Grande de São Pedro no Brasil um exército a que chamaram “Exército de Observação” cujo comando foi confiado ao Capitão Geral e Governador, Diogo de Sousa.

A constituição pelo Governo Português de tal força deveu-se á necessidade de se precaver de forma a evitar que tais focos revolucionários se alastrassem a território Português assim como para intervir em território Espanhol sempre que tal se revelasse necessário.

Na sequência das diversas campanhas ocorridas durante esse período, várias foram as acções militares que os Portugueses realizaram no atual território Argentino.

Em 1811 os Portugueses capturaram Yapeyú, a partir de onde invadiram Mandisovi e pouco depois apoderaram-se de San António del Salto Chico e tomaram Curuzú Cuatiá tendo em Dezembro desse ano saqueado Gualeguay e ainda ocupado San Tomé e La Cruz.

Cerca de meia década mais tarde as tropas do caudilho Andrés Guazurary cruzaram o Rio Uruguay afim de tentar conquistar aos Portugueses o território de Misiones Orientales mas sem sucesso.

Em resposta os Portugueses comandados pelo grande Marechal de Campo, Francisco das Chagas Santos, então comandante militar Português de Misiones Orientales contra atacaram tendo atravessado o Rio Uruguay por Itaqui em 19 de Janeiro de 1817 e entrado em actual território Argentino tendo tomado e saqueado as cidades de Concepción, San Tomé, Santa Maria, San Javier, Mártires e reocupado Yapeyú e La Cruz que anos antes haviam desocupado.

No ano seguinte (1818) as tropas Portuguesas do glorioso Francisco das Chagas Santos expugnaram as cidades de Apóstoles e San Carlos que se situam em pleno território Argentino. 

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