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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 16 de abril de 2023

VISIGODOS E SUEVOS NA GALÉCIA E LUSITÂNIA

Em 460, um conde visigodo tomou Scallabis (Santarém) e, em 468 (já no reinado de Eurico – 466-484 –, sucessor de Teodorico II), quando os suevos foram conquistar Olisipo, deram de frente com um poderoso exército visigodo que, de uma só vez, venceu os suevos e os hispano-romanos que lhes estavam sujeitos na Lusitânia. Dessa contenda resultou que os visigodos empurraram os suevos para a Galécia, e ocuparam a Lusitânia. No reinado de Eurico, continuaram a lutar contra os suevos, com o propósito manifesto de garantir o seu domínio na Hispânia.
Alguns autores afirmam que no reinado do visigodo Eurico, os suevos se viram restringidos à dominação da Galécia, perdendo todas as suas conquistas para lá dessa região. Parece que, a confirmar-se a frase de Orósio, “os suevos trocaram a espada pelo arado”, dedicando-se este povo germânico a construir um Estado onde houvesse um mínimo de convivência com os autóctones. O pouco que sabemos deste Estado reduz-se a que os suevos se dedicavam praticamente à agricultura, sendo eles os introdutores do cultivo do centeio no noroeste peninsular.
Vagas enormes de visigodos atravessaram os Pirenéus para criar as primeiras implantações góticas na Hispânia, em 494. O crescimento e a consolidação do reino visigótico criaram a divisão territorial por distritos governados por príncipes. A etnogénese dos godos, ou seja, a sua capacidade de fusão e assimilação (características, aliás, tão próprias do gene luso) permitiu a inclusão nesse povo originário da Escandinávia, de elementos étnicos tais como os suévicos e os dos povos autóctones da Hispânia.
Os godos intervieram mais como pacificadores do que como conquistadores, não tendo a sua invasão o carácter das migrações militares. Constituíram uma aristocracia que, de certo modo, veio substituir a antiga administração romana. Eurico, com o seu génio político e militar, começou a dar os primeiros passos firmes para a realização da unidade política da Península, sob o domínio visigótico, projecto que Leovigildo concluiu.
Eurico, após uma luta sangrenta, conseguiu tirar aos suevos todas as suas conquistas e reduzir o seu domínio ao primitivo território da Galécia. Entretanto, os suevos converteram-se ao catolicismo, graças à intensa acção evangélica de S. Martinho de Dume, que fundou muitos mosteiros, entre os quais Dume, Tibães e Lorvão. Mas, se Leovigildo, ao conquistar o reino dos suevos, conseguiu estabelecer a unidade política na Península sob o domínio visigótico, a luta religiosa entre católicos e arianos continuava a dividir a população do reino em dois campos inimigos.
No século VI, em particular no ano 537, a rainha Sancha dos visigodos mandou vir de Itália doze monges que fundaram o primeiro convento em Tomar, onde terá vivido S. Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos (*).
(...) A ocidente da cadeia pirenaica, Eurico organiza e Alarico II, seu filho e sucessor, mantém, desde o país dos suevos até Bordéus, uma forte linha de defesa alheia às fronteiras ou províncias antigas, e submete o território assim reunido a condes e a governadores de castelos, estabelecidos sob a autoridade de um duque. Por outro lado, os visigodos não descuram a defesa e a protecção do litoral atlântico que, do lado da Ibéria e exterior ao domínio suevo, se encontram organizadas sob a jurisdição ducal de Mérida, que se estende para além e para aquém da antiga Lusitânia.
Durante a sua governação, Alarico II (484-507) completou a obra legislativa do seu predecessor com a compilação das normas e preceitos mais importantes do direito romano num código chamado Lex Romana Visigothorum, ou Breviário de Alarico, pelo qual se regeriam, até meados do século VII, os provinciais do reino godo.
Há testemunhos quanto aos contactos estabelecidos entre os visigodos e os suevos na Lusitânia, mas também daqueles com os vândalos, instalados em Cartago desde 439. O facto é que ambos os povos seguiam o cristianismo ariano, considerado herético pela religião oficial de Roma.
Na época romana, o Douro marcava a fronteira entre a Galécia, com a capital em Braga, e a Lusitânia, cuja capital era Mérida. O reino suévico, aquando das invasões germânicas, abrangia a Cantábria, a Galiza romana e uma parte da Lusitânia que se estendia a sul do Douro, mas sem alcançar o Tejo.
A capital do reino dos suevos era Braga, que já fora na época romana capital da Galécia. Durante o período suévico, a Galécia e a parte litoral da Lusitânia a norte do Tejo estavam unidas na mesma entidade política. Neste conjunto, a região à volta de Portucale, que se estendia um pouco a norte e a sul do rio Douro, afirmava-se com uma identidade própria. Assim, fora abolida, nesta região, a antiga fronteira romana entre a Galécia e a Lusitânia.
No tempo dos visigodos, os limites da Lusitânia foram alterados. Com efeito, atribuíam este nome a uma região que compreendia o Ribatejo, o Alentejo, a Estremadura espanhola, o território de Salamanca e parte do de Toledo, ou seja, o correspondente à antiga Lusitânia romana, excluindo o reino suévico. O seu limite sul era o Guadiana, e a sua capital era, tal como na época romana, Mérida. Já no tempo dos visigodos, as dioceses de Braga e Porto eram as mais povoadas e bem organizadas, tendo-se mantido esta situação até ao início da monarquia.
(*) Falta saber que tipo de cristianismo professavam estes monges que, vindos de Itália, chegaram à Península por intermédio da rainha visigoda: se o católico romano, se o ariano, uma vez que os visigodos, até ao ano de 586, eram cristãos arianos.
in “Templários”, Vol 2, Eduardo Amarante



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