♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quarta-feira, 26 de abril de 2023

JANJA LULA DA SILVA, GRÃ-CRUZ DA ORDEM DO INFANTE D. HENRIQUE

"É o novo provérbio de Belém: por trás de um Grande-Colar, há sempre uma Grã-Cruz" @PRESIDENCIA_BR

A condecoração de Janja por serviços relevantes prestados à cultura portuguesa é aquilo a que tecnicamente se chama uma “marcelice”. “Marcelices” são gestos gratuitos ou insensatos.

Como se não bastasse ter enfiado Lula da Silva a martelo nas comemorações do 25 de Abril, criando a polémica que se conhece, Marcelo Rebelo de Sousa resolveu aproveitar a visita do Presidente do Brasil para agraciar o casal Lula com duas condecorações. Lula da Silva recebeu o Grande-Colar da Ordem de Camões, por promover as relações “entre os povos e as comunidades que se exprimem em português” – o que me parece apropriado. Rosângela Lula da Silva recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída a quem promove a “expansão da cultura portuguesa e dos seus valores” – o que me parece ridículo.
 

Rosângela Lula da Silva – uma socióloga de 56 anos que começou a namorar com Lula em 2018, tinha ele enviuvado há alguns meses da segunda mulher e quando ainda se encontrava na prisão – casou-se com o Presidente do Brasil em Maio de 2022. Foi há menos de um ano, e ainda se sente um certo entusiasmo de lua-de-mel. Todos conhecem Rosângela por Janja, o que dá um toque de familiaridade popular, e a sua ascensão mediática foi fulminante. Janja não desgruda de Lula; adora ser primeira-dama; é uma das suas principais conselheiras; e foi uma das grandes estrelas da campanha eleitoral. E pergunta o caro leitor: mas o que é que isso tem que ver com o facto de ela ter sido condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique? O ponto é mesmo esse: não tem nada que ver.

A condecoração de Janja por serviços relevantes prestados à cultura portuguesa é aquilo a que tecnicamente se chama uma “marcelice”. "Marcelices" são gestos gratuitos ou insensatos, em que o sentido de Estado nem sempre abunda, e que só mesmo Marcelo se lembraria de fazer. Por que raio é que a mulher de Lula da Silva foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique? Que “serviços relevantes” prestados a Portugal e à “expansão da cultura portuguesa” é que ela praticou nos últimos 11 meses? Ninguém sabe e, até agora, nada foi explicado – talvez porque a única explicação seja esta: as “marcelices” expandiram-se imprudentemente até às ordens honoríficas.

Saloio, não? Desde a sua eleição, Lula da Silva já foi a muito lado, e Janja foi atrás dele. Os dois foram à Argentina – e Janja não foi condecorada. Foram ao Uruguai – e Janja não foi condecorada. Foram aos Estados Unidos – e Janja não foi condecorada. Foram à China – e Janja não foi condecorada. Vieram a Portugal – e pimba, uma banda a tiracolo e uma placa dourada para Janja, que, segundo a sua página de Wikipédia, é a primeira que recebeu até hoje. Grande Marcelo.

Parece um episódio irrelevante? Sim, se não levarmos nada a sério. No seu convite para o 25 de Abril, Marcelo desvalorizou a questão da corrupção, ignorou a guerra na Ucrânia e ainda resolveu brincar à endogamia honorífica. Lula é um grande amigo de Portugal, donde, Janja também deve ser. É o novo provérbio de Belém: por trás de um Grande-Colar, há sempre uma Grã-Cruz.

O autor é colunista do PÚBLICO


Sem comentários:

Enviar um comentário