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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 29 de agosto de 2023

♔ | EM 29 DE AGOSTO DE 1966 MORRIA A RAINHA D. AUGUSTA VITÓRIA

A Princesa Augustine Viktoria Wilhelmine Antoinette Mathilde Ludovika Josephine Marie Elisabeth nasceu em Potsdam, a 19 de Agosto de 1890, e morreu, em Eigeltingen, a 29 de Agosto de 1966). Foi a mulher de D. Manuel II, último Rei de Portugal, sendo considerada Duquesa de Bragança, pois quando se casou, a Monarquia Portuguesa já havia sido abolida.
D. Augusta Vitória era filha de Guilherme, Príncipe de Hohenzollern (*1864 - †1927) e de Dona Maria Teresa de Bourbon, Princesa das Duas Sicílias (*1867 - †1909); neta paterna de Leopoldo, Príncipe de Hohenzollern (*1835 - †1905) e de Dona Antónia de Bragança, Infanta de Portugal (*1845 - †1913), filha de Dom Fernando II e de Dona Maria II, Reis de Portugal, e neta materna de Luigi Mari di Borbone, Conde de Trani (*1838 - †1886) e de Matilde, Duquesa na Baviera (*1843 - †1925).

Dona Augusta Vitória era a única filha do Príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen (ramo católico dos Hohenzollern) e tinha dois irmãos, os príncipes Frederico Victor e Francisco José.

El-Rei D. Manuel II de Portugal, já no exílio, havia ficado muito impressionado com a Princesa alemã havia um ano antes do casamento, num encontro orquestrado pela Infanta Dona Maria Antónia de Portugal, tia-avó do Rei e avó da Princesa. Assim, após uma pequena conversa a dois, em Abril de 1913, El-Rei pede a mão, em casamento, à Princesa, que aceita prontamente. Segue-se uma pequena comemoração entre noivos e Augustos Pais e, consequência do exílio, um rápido e singelo comunicado oficial: ‘É com a maior alegria que anúncio o ajuste do meu casamento com a Princesa D. Augusta Victória de Hohenzollern-Sigmaringen. Manuel Rei’.

Assim, com este matrimónio era cimentado meio século de aliança entre a Sereníssima Casa de Bragança e a Casa de Hohenzollern, que teve início com o casamento da Infanta Dona Maria Antónia de Bragança com o Príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen.

No dia 4 de Setembro de 1913, após um curto noivado de 4 meses, a Princesa D. Augusta Victoria von Hohenzollern-Sigmaringen, aos 22 anos, casou-se na capela do Castelo de Sigmaringen, na Prússia, Alemanha, com Sua Majestade Fidelíssima El-Rei D. Manuel II de Portugal, que era seu primo em segundo grau, pois ambos eram bisnetos da Rainha Dona Maria II de Portugal, uma vez que Dona Augusta Vitória neta da Infanta Dona Antónia de Bragança, filha de D. Maria II e irmã dos Reis D. Pedro V e D. Luís I.

À cerimónia religiosa do casamento católico entre o Rei de Portugal e a Princesa germânica presidiu D. José Sebastião de Almeida Neto, cardeal-patriarca de Lisboa, à altura exilado em Sevilha - expulso pelos republicanos após a golpada do 5 de Outubro de 1910 -, e que já havia baptizado D. Manuel. Assistiram cerca de 200 convidados, entre os quais a convalescente Rainha Dona Amélia, Edward David, Príncipe de Gales e futuro Edward VIII (Duque de Windsor após a abdicação), a Duquesa de Aosta, os Príncipes Franz Joseph e Frederik Victor, irmãos da noiva, o Marquês de Soveral e várias senhoras da aristocracia e damas portuguesas, assim como oficiais ingleses que faziam a guarda a El-Rei - por especial deferência do primo e Rei britânico, George V.

Dom Manuel II fez questão de casar permanecendo de pé sobre um caixote carregado de terra portuguesa, e trajou casaca, complementada com o calção da Ordem da Jarreteira de que era simultaneamente o mais jovem cavaleiro de sempre e o último português a ser agraciado com a mais distinta das Ordens Honoríficas britânica e mundiais. No calção distinguia-se a liga azul-escuro com rebordo e letras a dourado colocada no joelho esquerdo com a divisa da Ordem, ‘Honni soit qui mal y pense’. Da mesma Ordem usava a Estrela, presa ao peito esquerdo, com uma representação colorida esmaltada do escudo heráldico da Cruz de São Jorge, rodeado da Ordem da Jarreteira, cercada por um emblema de prata de oito pontos. Ao pescoço, El-Rei usava a Ordem do Tosão de Ouro, e para além de mais Ordens usava a Banda com a Placa das Três Ordens Militares Portuguesas, colocada debaixo da casaca, para o lado da anca esquerda. Já Dona Augusta Victória usou um vestido de noiva matizado a azul e branco, prestigiando as cores da Bandeira do Reino de Portugal e da Monarquia Portuguesa. Na cabeça segurando o véu que fora usado pela sua avó a Infanta Dona Antónia de Bragança quando casara com o Príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen, um diadema com motivos de flor-de-lis. O casal real teve ainda direito a uma Bênção enviada por S.S. O Papa Pio X.

Como El-Rei estava exilado na Inglaterra consequência da implantação da república, D. Augusta Vitória nunca recebeu oficialmente o título de Rainha - pelo casamento seria apenas Duquesa de Bragança -, embora, mesmo no exílio, os monárquicos dispensavam-lhe o tratamento de “Rainha”, porque nunca reconheceram que a Monarquia havia sido formalmente abolida em Portugal. Nunca teve, naturalmente, o estilo de tratamento de "Rainha de Portugal", mas foi Rainha-consorte 'de jure' (pelo direito). A última Rainha de Portugal foi, naturalmente, a Senhora Dona Amélia. O casamento feliz, mas que, infelizmente, não gerou descendência - o que tem provocado grandes problemas para os monárquicos portugueses -, durou até à trágica morte de Sua Majestade o Rei, em 1932.

A 23 de Abril de 1939, Dona Augusta Vitória, viúva de D. Manuel II, aos 48 anos, casou com o Conde Karl Robert Douglas, natural de Constança, Suíça. Karl Robert Conde Douglas fez 59 anos no dia seguinte ao matrimónio, e era divorciado de Sofie von Fine Blaauw. Do segundo casamento também não teve descendência, e Dona Augusta Vitória ficou, novamente, viúva em 1955.

Faleceu aos setenta e seis anos de idade, em Münchhof, em Eigeltingen, no dia 29 de Agosto de 1966. Jaz sepultada no Castelo de Langenstein, propriedade da família Douglas, em Hegau.

Era considerada uma mulher triste, pois raramente sorria, mas talvez isso se deve-se mais a frieza de ânimo, natural dos germânicos, do que a antipatia da Senhora Dona Augusta Vitória.

Dizem que não tinha especial afecto de Portugal, mas numa das fotos da publicação, um cliché datado do primeiro quartel do século XX, a Rainha D. Augusta Victoria, casada com Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II, último Rei de Portugal, é retratada, vestida à lavradeira de Viana do Castelo no jardim da mansão do casal real, Fulwell Park, em Twicknham, nos arredores de Londres, pelo que, mesmo durante o exílio em Inglaterra, e nunca tendo visitado Portugal, a Rainha sentia as tradições portuguesas, e como retrata a fotografia trajou-se à Vianense, mais precisamente com o tradicional traje de lavradeira, vermelho com a faixa negra na saia, certificando o interesse das populares festas minhotas da Romaria da Senhora D’Agonia.

O Traje à Vianense ou Domingueiro de mulher é confeccionado artesanalmente, usando materiais como a lã e o linho. O Traje à Lavradeira é uma criação das camponesas de freguesias de Viana do Castelo, e hoje em dia é usado principalmente em festas, feiras ou grupos folclóricos. O Traje à Vianense é composto por várias peças, realçando-se a saia que vai identificar a aldeia da rapariga; essa saia característica é de tecido vermelho com estreitas listras pretas e brancas, mas como é usada em toda a região possui variantes em azul, verde ou preto ou branco. O Avental é bordado de acordo com a flora da região. As cores mais comuns dos bordados de linha de algodão são o vermelho, o branco e o azul. Os lenços são de cores diferentes consoante as freguesias, sendo que que o Traje da Areosa é o copiosamente vermelho e que corresponde ao Traje que a retina melhor identifica como o à Vianense: saia vermelha com barra vermelha com motivos bordados a algodão, por vezes com missangas e lantejoulas, colete vermelho com a cinta preta e os lenços típicos da cabeça e do peito, os dois vermelhos. Depois o traje varia consoante as Freguesias do Distrito de Viana do Castelo, sendo que o que emprega mais preto na saia é o de Santa Marta de Portuzelo. O de Dem é o mais azul e garrido.

No concorrido e emblemático desfile das mordomas e lavradeiras na Romaria D'Agonia, as mulheres Trajadas à Vianense progridem pelas principais ruas do Centro Histórico de Viana do Castelo, desfilando a sua chieira (orgulho) e envergando os tradicionais e coloridos Trajes à Vianense de lavradeira, de mordoma, de noiva, de meia senhora ou com traje de festa, segurando na mão, envoltos num lenço de Viana, uma vela votiva ou um palmito e envergando ao peitilho os mais variados artefactos do chamado Ouro de Viana: gramalheiras, fios – alguns de três metros - com e sem pendente, colares de contas, peças, custódias, borboletas, cruzes de raios e de Malta, Corações de Viana em filigrana, brincos à Rainha, escravas, tudo em ouro.




Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

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