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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

"O NOVO PRÍNCIPE", DO MIGUELISTA GAMA E CASTRO


Por vezes críptico, outras vezes sagaz, “O Novo Príncipe”, do miguelista Gama e Castro, sintetiza todo o ardor político que entrincheirava hostes mortalmente inimigas. Obra marcada e maculada pelas circunstâncias é, também, um documento histórico que merece a atenção devida para compreender a gangrena da pátria no duro conflito e a necessidade de apresentar uma legitimação coerente ao pensamento da contra-revolução. Se não brilha pelo estilo, brilhará certamente pela audácia. Contemporâneo, aliás, de Tocqueville, e da publicação de “Da Democracia na América” (separados por escassos anos), não alcança a sublimidade do francês, mas arrisca maior intrepidez ao confrontar os delírios de um século refém da revolução.

Na dianteira dos novos tempos, Gama e Castro e Tocqueville entrincheiram hostes. Um brilha na defesa do mundo antigo, o outro entusiasma-se pela descoberta de um mundo novo. O fascínio do aristocrata francês pela democracia americana tem, em Gama e Castro, o seu mais eloquente opositor.

Na monarquia católica Gama e Castro descobre a sobrevivência da nação, sem a qual a própria independência e soberania ficariam arruinadas. Tocqueville não tem uma opinião muito divergente. O problema é que vem fascinado com um mundo completamente antagónico, principalmente para um aristocrata católico como ele, mas é esse novo mundo que ele sente prevalecer, como então impedir que degenere numa tirania? A resposta é a mesma, está na religião católica. Ambos denotam como esta se adapta a qualquer forma de governo. Neste sentido, Gama e Castro postulava uma advertência para a sempre crescente tentação dos países católicos (principalmente Portugal) copiarem instituições estrangeiras, e que nada têm a ver com a sua cultura. Era isso que queria dizer quando afirmava “mas o unico bom para huma nação determinada he aquelle que resulta da historia, isto he, da experiência dessa nação”.

A isto chama o autor de “política histórica”, uma boa recomendação para os homens do seu tempo, os tais reformistas impacientes e revolucionários determinados em construir uma sociedade nova (que já criticava Burke), aquilo que designa como o “problema do optimismo político”, definindo talvez as linhas cimeiras do que poderia ter sido um pensamento da “direita” portuguesa. Sem dúvida podemos dizer que a verdadeira direita foram os miguelistas.

A propensão que Gama e Castro sempre lembra para o catolicismo não é a democracia, como julgava Tocqueville, mas o governo absoluto. Mas é preciso esclarecer o conceito: "E nesta completa independencia de todas as autoridades do mundo consiste o motivo secreto por que o rei absoluto está muito mais habilitado para fazer a felicidade do povo do que aquelle que o não he."

Um rei pela graça de Deus, defende, será sempre justo, porque realiza o bem-comum, e conclui que já não será assim naquele caso em "que he rei pela graça do povo".

Evidentemente não tinha interesse o rei sagrado pelo povo, como sentirá sempre o seu poder periclitante e inseguro quando o mesmo povo que lhe deu o poder o pode também tirar. 

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