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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 4 de fevereiro de 2023

EM 30 DE JANEIRO DE 1580 MORRIA O CARDEAL REI DOM HENRIQUE I

Dom Henrique I, Rei de Portugal, mais conhecido por Cardeal-Rei Dom Henrique, * Lisboa, Lisboa, 31.01.1512 -† Almeirim, Almeirim, 30.01.1580. Era filho do Rei Dom Manuel I e de Dona Maria de Aragão e Castela, Infanta de Espanha (filha dos Reis Católicos); Neto paterno de Dom Fernando, Infante de Portugal, 1º Duque de Beja e 2º Duque de Viseu e de Dona Beatriz de Portugal e neto materno de Fernando II o Católico, Rei de Aragão e de Isabel I a Católica, Rainha de Castela. O Infante Dom Henrique era irmão do Rei Dom João III e de Dona Isabel de Portugal, Imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico, casada com seu primo, o Imperador Carlos V.

Dom Henrique, apelidado de "o Casto" e "o Cardeal-Rei", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1578 até sua morte em 1580, além de cardeal da Igreja católica desde 1545. Era o quinto filho do Rei Dom Manuel I e de sua segunda esposa Dona Maria de Aragão e Castela, tendo servido entre 1562 e 1568 como regente de seu sobrinho-neto o Rei Dom Sebastião.

Biografia:

Nascimento e infância de Dom Henrique:

No dia em que nasceu, apesar de tal não acontecer habitualmente, caiu em Lisboa muita neve, facto que serviu aos "investigadores dos futuros" para traçarem horóscopos preconizando um temperamento virtuoso e candura de espírito. Foi baptizado pelo Bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida.

Estudou, com esmero, Latim, Grego, Hebraico, Matemática, Filosofia e Teologia, e cavalgava bem.

Vida religiosa:

Como se compreende, enquanto Infante de Portugal, não era esperado de Dom Henrique que subisse ao trono.

Aos catorze anos, Dom Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na Igreja Católica, na altura dominada pela Espanha. Ocupando primeiramente a dignidade de Dom Prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, subiu cedo na hierarquia da Igreja, tendo sido rapidamente Arcebispo de Braga, primeiro Arcebispo de Évora, Arcebispo de Lisboa e ainda Inquisidor-mor antes de receber o título de Cardeal (sendo portanto um Cardeal-Infante), com o título dos Santos Quatro Coroados (1546).

Não pelas suas mãos, mas com sua autorização dada ao frei Luís de Granada (dominicano) que editou em português uma obra sua, intitulada "Meditações e homilias sobre alguns mysterios da vida de nosso Redemptor, e sobre alguns logares do Santo Evangelho, que fez o Serenissimo e Reverendissimo Cardeal Infante D. Henrique por sua particular devoção" em Lisboa, editada por António Ribeyro, em 1574. Esta obra, em português, visava substituir a palavra oral pela escrita, num esforço de chegar às recuadas aldeias onde dificilmente chegava, pela escassez de religiosos conhecedores do latim. Foram publicadas em latim pelos jesuítas em 1576 e depois em 1581.

Participou do conclave de 1549–1550, que elegeu ao Papa Júlio III e dos conclaves de Abril e Maio de 1555, nestes chegou a ser apontado como um dos favoritos a suceder no trono de São Pedro.

O seu irmão Dom João III de Portugal pediu ao cunhado, o imperador Carlos V que favorecesse a ascensão do seu irmão ao sólio pontifício, através da compra dos votos do Colégio dos Cardeais. Porém, não participou dos conclaves de 1559, 1565-1566 e de 1572.

Dom Henrique, mais do que ninguém, empenhou-se em trazer para Portugal a Ordem dos Jesuítas, tendo utilizado os seus serviços no Império Colonial. Dom Henrique era muito próximo e apoiou bastante Santo Inácio de Loyola na fundação da Companhia de Jesus, tendo sido Évora (e a Universidade) um pólo de referência desta companhia.

Regente e Rei:

Quando Dom João III de Portugal morreu, muitos discordavam da atribuição do poder da regência a Catarina de Áustria, irmã de Carlos V (Carlos I de Espanha). Dom Henrique sucedeu assim à sua cunhada em 1562, servindo como regente para Dom Sebastião I, seu sobrinho-neto de segundo grau, até este assumir o trono (1568).

Após a desastrosa Batalha de Alcácer-Quibir em 1578, depois de receber a confirmação da morte do rei, no Mosteiro de Alcobaça, acabou por suceder ao sobrinho-neto. Dom Henrique renunciou então ao seu posto clerical e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar continuidade à dinastia de Avis, mas o papa Gregório XIII, que era um familiar dos Habsburgos que eram pretendentes ao trono de Portugal, não o libertou dos seus votos.

Foi aclamado Rei na igreja do Hospital Real de Todos os Santos, no Rossio, sem grandes festejos. Caber-lhe-ia resolver o resgate dos muitos cativos em Marrocos.

Morte e Crise de 1580:

Mesmo com o sério problema da sucessão em mãos, Dom Henrique nunca aceitou a hipótese de nomear Dom António o Prior do Crato, outro seu sobrinho (filho natural do Infante Dom Luís e neto de Dom Manuel I) , herdeiro no trono, pois não reconhecia a legitimidade de D. António. Por consequência, após a sua morte, de facto Dom António subiu ao trono, como Dom António I, mas não conseguiu mantê-lo, perdendo-o para seu primo Filipe II de Espanha, na batalha com o duque de Alba.

O Rei-Cardeal morreu durante as Cortes de Almeirim de 1580, deixando uma Junta de cinco governadores na regência: o arcebispo de Lisboa D. Jorge de Almeida, D. João Telo, D. Francisco de Sá Meneses, D. Diogo Lopes de Sousa e D. João de Mascarenhas.

Em Novembro de 1580, Filipe II de Espanha enviou o Duque de Alba para reivindicar o Reino de Portugal pela força. Lisboa caiu rapidamente e o rei espanhol ( Felipe II) foi aclamado rei de Portugal como Dom Filipe I, com a condição de que o reino e seus territórios ultramarinos não se tornassem províncias espanholas.

Dom Henrique foi sepultado inicialmente em Almeirim, mas em 1582 o seu sobrinho Filipe II de Espanha transladou o seu corpo para o transepto da igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Encontra-se junto ao túmulo construído para Dom Sebastião, cuja sepultura foi também aí colocada por ordem de Filipe II.

Títulos e Honrarias:

31 de Janeiro de 1512 – 13 de Abril de 1539: "Sua Alteza, o Infante Henrique de Portugal"

13 de Abril de 1533 – 24 de Setembro de 1540: "Sua Excelência Reverendíssima, o Senhor Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas"

24 de Setembro de 1540 – 16 de Dezembro de 1545: "Sua Excelência Reverendíssima, o Senhor Arcebispo de Évora"

16 de Dezembro de 1545 – 21 de Junho de 1564: "Sua Eminência Reverendíssima, o cardeal-infante D. Henrique, Arcebispo de Évora"

21 de Junho de 1564 – 14 de Novembro de 1569: "Sua Eminência Reverendíssima, o cardeal-infante D. Henrique, Arcebispo de Lisboa"

14 de Novembro de 1569 – 15 de Dezembro de 1574: "Sua Eminência Reverendíssima, o cardeal-infante D. Henrique"

15 de Dezembro de 1574 – 4 de Julho de 1578: "Sua Eminência Reverendíssima, o cardeal-infante D. Henrique, Arcebispo de Évora"

4 de Julho de 1578 – 28 de Agosto de 1578: "Sua Eminência Reverendíssima, o cardeal-infante D. Henrique"

28 de Agosto de 1578 – 31 de Janeiro de 1580: "Sua Alteza Real, o Rei"

Título oficial de Dom Henrique enquanto Rei de Portugal:

"Pela Graça de Deus, Henrique I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."

Enquanto monarca de Portugal, Dom Henrique foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:

- Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo

- Ordem de São Bento de Avis

- Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de Sant'Iago da Espada

- Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada


(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, GeneAll e Wikipédia) 

Na imagem, túmulo do Cardeal-Rei D. Henrique no Mosteiro dos Jerónimos


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