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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

♔ | ELOGIO AO PRÍNCIPE REAL D. LUÍS FILIPE DE BRAGANÇA

‘Todos os íntimos do falecido Príncipe, seus mestres e familiares são concordes em afirmar que ele era uma excepção, um espírito não vulgar, de razão sólida e atilada, de imaginação bem organizada, em que se distinguia às vezes um leve instinto poético, e de memória felicíssima, proverbial nos Braganças; sobretudo, um coração de ouro, de uma nobreza de sentimentos verdadeiramente encantadora. A natureza dotou-o juntamente de uma bela organização física e de todas as prendas naturais que o tornavam amável a todos quantos se acercavam d’Ele. A sua inteligência, se não primava pela vivacidade, pela generalização intuitiva e rápida, e se portanto não era brilhante, pertencia contudo a essa categoria de inteligências que, sem terem uma espontânea mobilidade, não deixam por isso de ser mais poderosas e firmes. Era uma d’essas inteligências germânicas que lenta mas seguramente aprofundam os conhecimentos; recolhem dentro de si as manifestações do seu trabalho intelectual; trabalho aturado, exigentíssimo na assimilação rigorosa e completa de uma doutrina e na ponderação de todos os seus aspectos. Pertencia enfim a essas inteligências que buscam de preferência a exactidão e a propriedade, ávidas da cor local d’uma situação e de pormenores incisivos d’uma ideia que localizam e quase retratam na memória. (…) Os exercícios físicos de que gostava sobre maneira era a caça, equitação, jogos de armas e outros, mostrando em todos qualidades não vulgares. (…) Desde as línguas vivas, historia e literaturas clássicas e modernas, até aos ramos científicos das ciências matemáticas, físicas, politicas e filosóficas, o seu estudo era perfeitamente orientado conforme um plano preconcebido; todos os anos devia fazer os seus exames como prova de adiantamento. (…) Na sua viagem a Inglaterra, por ocasião da coroação de Eduardo VII, foi tratado com todos os mimos pela corte inglesa; e o próprio Soberano o recebeu apesar do seu estado melindroso de saúde; (…) Como prova do seu espírito observador basta notar que tinha para seu uso um diário que escrevia em alemão além do que escreveu na viagem às colónias. (…) Falava a própria língua, o francês, o inglês, o alemão. Era conhecedor das literaturas; e como tal, mesmo dentro da portuguesa tinha as suas predilecções. Estimava em extremo no período moderno, assim o afirma um seu antigo mestre, distintíssimo oficial do exército [Oliveira Ramos – Illustração Portuguesa, 19 de Março de 1908], “estima em extremo três escritores que lhe açambarcavam quase por completo a admiração: João de Deus, Antero de Quental e o Eça de Queiroz de – A cidade e as serras – o Eça que ele conhecia e que era o melhor do Eça, quando o analista começa a enternecer-se e o ironista a crer”. (…) lia com grande entusiamo, no original alemão, a obra capital de Schmoller, o eminente economista austríaco e a obra de Chamberlain, uma obra filosófica da cultura humana, ambas de larga envergadura.

(…) Amava, venerava, quase adorava seus Pais. Tinha profundíssimo sentimento de respeito e amor por seu augusto Pai. (…) De seu augusto irmão era amicíssimo. Entre os dois eram frequentes esses actos de delicadeza do coração, manifestações encantadoras de amor fraterno. (…) Para com os mesmos inferiores, para com os seus criados era a mesma bondade; não lhe faziam o mínimo serviço sem receberem logo um muito obrigado. Os mesmos sentimentos transpareciam no seu trato com toda a classe de pessoas, com os humildes, com as crianças; dava tudo: as suas obras de caridade, às escondidas, em favor dos pobrezinhos eram muitas, constantes.

Pequito Rebello | Excerto do “Elogio Académico de Sua Alteza Real Dom Luiz Filipe”, Lisboa, 1908

Fotografia: SAR O Senhor Dom Luís Filipe de Bragança, 5.º Príncipe Real de Portugal, 4.º Príncipe da Beira, 22.º Duque de Bragança e 14° Duque de Barcelos (n. 21/03/1887 – m. assassinado 01/02/1908), in Palácio das Necessidades, Circa 1905

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