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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 14 de abril de 2023

A "MEMÓRIA HISTÓRICA" DE QUE FALAM OS CHAMADOS ACTIVISTAS


Uma das muletas mais em uso nestas discussões sobre a História é a da "memória histórica". Trata-se, obviamente, de um palavrão tomado de empréstimo da Psicologia e que remete para várias interpretações: a memória colectiva, recitativo que confere um sentido à existência de uma comunidade (o roman national de que falam os franceses, criação de um grupo que projecta no passado a sua identidade), mas também - é aqui que estamos - a da pura invenção de um passado insusceptível de qualquer comprovação documental; logo, algo que remete apenas para a subjectividade.

Li há tempos no Público um texto sobre essa "memória" e ali está, sem maquilhagem, a invocação de uma "memória histórica" não objectiva (i.e. não científica) que trata de fabricar proposições que nunca se definem para além da sua enunciação. A "memória histórica" a que alude não existe, nomeadamente a memória da escravatura. Qualquer pessoa minimamente avisada reconhecerá a impossibilidade da "memória" sobreviver a duas ou três gerações. Se raros são os indivíduos capacitados para elencar o nome dos seus bisavôs e trisavôs, a suposta "memória" infusa de sete, oito ou nove gerações de antepassados é uma impossibilidade biológica e uma raridade cultural, salvo entre linhagens muito específicas em que importa manter essa "memória", nomeadamente nas famílias cuja antiguidade pesa na afirmação de um status social hodierno (famílias reais, linhagens castrenses, famílias de banqueiros). Aí houve meios para fixar o passado, encomendar biografias e crónicas, destacar os viris illustribus. Dos outros, da História da Gente Pouco Importante (título de uma obra de José Andrés Gallego) pouco ou nada fica, nem as estruturas sociais em que viveram, nem a sensibilidade e "mentalidades", nem mesmo o nome.

Tratar de converter grupos sociais inteiros em participantes numa "memória comum", remetendo para um mítico traumatismo invisível, é uma fantasia e até uma notória demonstração de falta de percepção no reconhecimento de que a generalidade dos grupos humanos trata de esquecer momentos, acontecimentos e factos desagradáveis, preferindo assinalar momentos, factos e acontecimentos que preencham a sua necessidade de realização e auto-estima. Ora, o que hoje se torna notório é a tentativa de construir memória onde nunca a houve, tratando de convencer certos grupos de indivíduos de que todos os seus problemas e fracassos são projecção de uma "memória" surda enterrada em silêncios. No fundo, trata-se de uma estratégia de culpabilização da sociedade, obrigando-a a reparar culpas que não só não existem, como trata, pois, de garantir privilégios sobre os demais. Para quem tanto fala em igualdade, reduzir grupos sociais a vítimas é uma desonestidade, mas, sobretudo, um expediente para tribalizar grupos sociais, desligando-os da restante sociedade. É uma impostura marcada pela agenda política.

Miguel Castelo-Branco 

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