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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A 25 DE AGOSTO DE 1091 MORRIA D. SESNANDO DAVIDES, CONDE DE COIMBRA

Arca tumular de D. Sesnando Davides, na sua actual localização (Sé Velha de Coimbra).

25 de Agosto de 1091: Morre, em Coimbra, D. Sesnando Davides, Conde de Coimbra nobre Cavaleiro moçárabe, 1º Governador de Toledo, amigo e companheiro de Rodrigo Díaz de Bivar "El Cid Campeador", acompanhou Fernando I "o Magno", Rei de Leão e Castela, na reconquista de Coimbra. Foi bisavô de Gonçalo Mendes da Maia "o Lidador" e tetravô de D. Telo Peres de Menezes, 1º Senhor de Menezes.
Sesnando Davides, Sisnando Davidiz ou Sisnando Davídez, Conde de Coimbra, 1º Governador de Toledo, * Montemor-o-Velho, Tentúgal, 973 - † Coimbra, Coimbra, 25.08.1091, era filho (provavelmente) de David e de Susana. Foi um nobre Cavaleiro moçárabe ( de ascendência judia), líder militar da Reconquista da Península Ibérica, onde foi Senhor/Conde das terras de Coimbra e Governador (wasir ou vizir) desta mesma cidade. Nasceu em Tentúgal, perto de Coimbra, foi contemporâneo e amigo de Rodrigo Díaz de Bivar "El Cid Campeador".
"...O poderoso conde de Coimbra é uma das personalidades mais fascinantes do seu tempo. Os seus pais chamavam-se David e Susana, nomes de origem hebraica e que no século XI eram quase exclusivamente utilizados por Judeus, o que faz supor que Sisnando Davides fosse judeu ou filho de judeus. Essa é de resto a opinião de José Hermano Saraiva...
...Experiente, sagaz, ele conhece bem a natureza humana. Homem de poder, amigo do poder, não nos custa admitir que publicamente se tenha convertido para ganhar a confiança de Fernando Magno e para manter a lealdade dos moçárabes de Coimbra (seria deste modo o primeiro cripto-judeu português). A opção mostrou-se correcta, pois governaria como um rei todo o centro de Portugal, até ao último dos seus dias, em 25 de Agosto de 1091...
...Governando como um rei até ao último dos seus dias, e não tendo um filho para lhe suceder, Sisnando tentou impor no “trono condal” o seu genro. Mas a monarquia leonesa desenvolvia uma política unificadora e punha fim às antigas hereditariedades condais. O antigo condado/ducado de Portucale tinha desaparecido em 1071. O condado de Coimbra desaparecia em 1091. Da junção dos dois, da união do condado do norte com o do sul iria nascer o novo Condado Portucalense, com capital em Coimbra..."
(Publicada por José Galazak in, "Sisnando Davides: A vida aventurosa de um judeu português do século XI")
Muita informação pode ser recolhida sobre a vida de Sesnando a partir das narrativas detalhadas nos diplomas emitidos pela sua chancelaria moçárabe de Coimbra, influenciada por Abbadid, embora ultimamente a autenticidade destas tenha vindo a ser posta em dúvida.
Biografia:
Tendo sido educado em Córdova, tendo chegado a exercer altos cargos na Corte de Sevilha.
Terá sido ele quem convenceu Fernando I "o Magno"Rei de Castela e Leão a reconquistar Coimbra, acontecimento ocorrido em 25 de Julho de 1064, cidade erigida em sede do condado coimbrão cujo governo lhe foi concedido por este soberano, possivelmente devido aos serviços prestados ao rei, visto que esteve presente no conflito armado, sendo chamado nos documentos por Cônsul ou Alvazil (wasir ou vizir).
D. Sesnando Davides foi Senhor Feudal de extensos territórios na zona coimbrã, podendo exemplificar-se com os latifúndios dos nossos dias. Foi detentor do título de Conde de Coimbra.
Sesnando Davides manteve os seus domínios que estendeu por todo o vale do rio Mondego, mantendo, graças à sua origem moçárabe, a paz com as taifas muçulmanas mais a Sul.
Foi o responsável pela construção ou reconstrução de diversos castelos entre os quais se destacam o de Castelo de Coimbra, o Castelo da Lousã, o Castelo de Montemor-o-Velho (na foto), o Castelo de Penacova e o Castelo de Penela.
Manteve-se, tanto quanto possível, sempre separado da influência do Condado Portucalense, tal como se procurou manter independente das casas nobres do norte de Portugal.
Tendo governado até cerca de 1091, foi o responsável não apenas pela pacificação e defesa do território, mas principalmente pela sua reorganização, tornando Coimbra um centro florescente, onde a cultura moçárabe viria a conhecer o seu apogeu.
Morreu dia 25 de Agosto de 1091 e o seu túmulo pode ser visitado na Sé Velha de Coimbra (nas fotos).
Sesnando Davides terá sido sepultado no adro da Sé Velha de Coimbra e o seu túmulo foi erigido mais tarde, nos finais do século XV, por ordem do bispo D. Jorge de Almeida em memória do poderoso governador de Coimbra do século XI, cujos feitos são exaltados na inscrição esculpida no frontal. A arca alberga os seus ossos, bem como as cinzas de um seu sobrinho Pedro que morreu na juventude, conforme a inscrição:
"AQUI JAZ HUM QUE EM OUTRO TEMPO FOY GRANDE BAROM / SABEDOR E MUITO ELOQUENTE AUONDADO E RICO E AG(ORA) / HE PEQUENA CINZA ENCARADA EM ESTE MOIMENTO / E COM EL JAZ HUUM SEU SOBRINHO DOS QUAES HUU / ERA JA VELHO E OUTRO MANCEBO E O NOME DO TIO / SESNANDO E PEDRO AUIA NOME O SOBRINHO"
Última campanha e morte:
A 15 de Março de 1087, Sesnando Davides ditou um testamento "in procinctu" por ocasião da sua partida para uma campanha com Afonso VI de Castela contra Yusuf ibn Tashfin, o general almorávida. Sesnando Davides morreu a 25 de Agosto de 1091, após mais de vinte anos de governo semi-independente em Coimbra. Foi sepultado na Sé Velha de Coimbra, sendo sucedido pelo genro D. Martim Moniz de Montemor.
Concelho de Coimbra desapareceu como Feudo autónomo em 1093, tendo sido integrado no segundo Condado de Portugal no momento da sua restauração em 1095 sob o reinado de Henrique da Borgonha.
Família e Descendência:
Sesnando Davides casou com D. Loba Aurovelido Nunes, filha de D. Nuno Mendes, Conde de Portucale, o derradeiro Conde de Portucale descendente da família de Vímara Peres, e de D. Goncinha, Condessa de Portucale de quem teve:
  • D. Unisco Sesnandes, c.c. D. Gonçalo Trastamires, 2º Senhor da Maia
  • D. Elvira Sesnandes, c.c. D. Martim ou Martinho Moniz, da família de Riba Douro, filho de Munio Fromariques e Elvira Gondesendes, que sucedeu a seu sogro D. Sesnando Davides no governo do Condado de Coimbra. Também foi governador de Arouca em 1094, e talvez de Lamego. Martim esteve em Valência na corte de "El Cid" e em 1111 na corte do Afonso I de Aragão contra a Rainha Urraca de Leão.

Arca tumular de D. Sesnando Davides, na sua primitiva localização (Sé Velha de Coimbra).

Castelo de Montemor-o-Velho.

(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, GeneAll, Genearc, Geni, Prof. Dr. Francisco Maria Botelho Barata Isaac, José Galazak, App.- Family Tree Maker 4.0 e Wikipédia)

 

HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro

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