A COLONIZAÇÃO ALEMÃ DA NAMÍBIA

De 1884 a 1915, o Sudoeste Africano Alemão foi uma colónia (também Schutzgebiet ) no território do actual estado da Namíbia. Foi a única das colónias alemãs em que um número significativo de colonos alemães se estabeleceu..

Há hoje uma comunidade de aproximadamente 30.000 namibianos alemães que residem actualmente na Namíbia. Culturalmente, ambos os países fazem parte da Germanosfera .

Os primeiros alemães na Namíbia eram missionários, inicialmente enviados através da London Missionary Society e depois também da Rheinish Missionary Society. Ambas as instituições trabalharam juntas no final do século XVIII, já que a Sociedade Missionária do Reno ainda não tinha nenhuma instalação estabelecida na África Austral. A partir de 1805, os irmãos Albrecht, seguidos por vários outros missionários, estabeleceram-se no sudoeste da África. Eles se dedicaram ao trabalho cultural, mas também lançaram as bases para a colonização posterior.

Em 1868, missionários alemães da Sociedade Missionária Renana queriam interessar o rei da Prússia na área e pediram sua protecção. No entanto, a Guerra Franco-Prussiana de 1870/71 fez com que esses esforços fossem esquecidos. Em 1876, os britânicos tentaram tomar posse da área da Colónia do Cabo, mas não tiveram sucesso

Em nome da tabacaria de Bremen Adolf Lüderitz, o assistente do comerciante Heinrich Vogelsang, de 22 anos, adquiriu em 1º de Maio de 1883 a baía de Angra Pequena, hoje Lüderitzbucht e oito quilómetros de sertão do povo Nama em Betânia

Depois que Lüderitz convenceu o governo alemão da importância económica de seu ramo no sudoeste da África e pediu protecção soberana com urgência, Gustav Nachtigal foi nomeado Consul Geral Imperial e Comissário para a África Ocidental Alemã em 1884 . O tratado de protecção com os Nama foi assinado durante seu breve mandato. Em 1885, após a morte de Nachtigal, o Chanceler do Reich, Bismarck , nomeou Heinrich Göring , pai do futuro político nazista Hermann Göring, como o novo Comissário do Reich. Ele concluiu mais contratos de protecção com as tribos locais. Ele foi auxiliado por Carl Gotthilf Büttnercomo negociador adicional e como "chanceler" interino, o ex-escrivão do tribunal Louis Nels e o sargento Goldammer, que deveriam exercer o poder de polícia.

A Colonização alemã da Namíbia foi marcada por uma série de conflitos com os povos locais. Os Hereros, os Witbooi e os Namas.

A rebelião dos Herero sob o comando de seu capitão Samuel Maharero começou em 12 ou 20 de Janeiro de 1904, depois que a etnia se viu cada vez mais afastada de sua área de assentamento devido à compra massiva de terras pela Companhia Colonial Alemã e foram levados para à beira da existência económica por comerciantes sem escrúpulos. Primeiro, fazendas individuais, linhas ferroviárias e postos comerciais foram atacados.

Segundo várias fontes, até 60% dos hererós morreram durante os combates e a fuga. Isso ficou na história como o genocídio dos Herero e Nama .

A economia do Sudoeste Africano alemão estava quase paralisada como resultado dos levantes, a agricultura teve que ser completamente reconstruída e quase não havia gado. A reconstrução já havia sido iniciada pelo novo governador Friedrich von Lindequist , nomeado em 19 de Novembro de 1905 . Com uma compensação totalizando 7 milhões de marcos do Reich, o governo do Reich garantiu que a maioria dos fazendeiros pudesse ser mantida no país.

Em 1908 , Bruno von Schuckmann tornou-se o novo governador. Ele garantiu uma distribuição efectiva de subsídios, pôs fim à especulação de terras e incentivou a importação de gado. A importação de ovelhas karakul , cujas peles e carne podiam ser muito bem comercializadas, teve um efeito muito benéfico na economia do Sudoeste Africano. A abertura da linha ferroviária Lüderitzbucht–Keetmanshoop em Julho de 1908 também ajudou a promover a vida económica.

Por insistência da população branca, o governo do Reich emitiu um regulamento sobre o autogoverno no sudoeste da África alemã em 28 de Janeiro de 1909, com o qual foram criadas associações municipais e distritais e um conselho estadual. O Landesrat, que se reuniu pela primeira vez em Abril de 1910, tinha a função de assessorar o governador, que continuava à frente da administração colonial.

A Alemanha tentou recrutar órfãos como trabalhadores de baixos salários para empresários e comerciantes. Os jovens destinados ao Sudoeste Africano Alemão seriam apenas alojados com colonos que parecessem dignos de confiança e que tudo fizessem para “formar moral e profissionalmente” os seus pupilos. Os jovens e meninas a serem libertados de orfanatos tiveram prioridade, não os de reformatórios e as chamadas casas de resgate.

Em Junho de 1908, o primeiro diamante foi encontrado a leste de Lüderitz, o que desencadeou uma corrida em massa para a área e deu ao país uma nova indústria, a mineração de diamantes. Depois de apenas três meses, havia diamantes totalizando 2.720 quilates apurado, no final do ano o valor do financiamento já era de 1,1 milhão de marcos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a área foi conquistada pelas tropas da União Sul-Africana em 1915, colocada sob sua administração militar e em 1919 de acordo com as disposições do Tratado de Paz de Versalhes como um Mandato da Liga das Nações Sudoeste da África transferido para a administração da África do Sul .

Durante a subsequente "sul-africanização" do sudoeste da África, cerca de metade dos 15.000 residentes alemães restantes foram deportados com suas fazendas entregues aos sul-africanos. Esta chamada política de 'desgermanização' só mudou após o Acordo de Londres de 23 de Outubro de 1923, segundo o qual os alemães remanescentes receberam a cidadania britânica. A imigração alemã, bem como a difusão da língua alemã, também foram expressivamente encorajadas. Ao todo, 3.200 alemães aproveitaram a oportunidade para adquirir a cidadania.

A maioria dos actuais namibianos alemães são descendentes de agricultores, oficiais, artesãos e parentes dos chamados Schutztruppe (tropas de protecção), bem como descendentes das ondas migratórias que se seguiram às duas guerras mundiais. Desde cerca de 1980, um aumento no turismo levou a um aumento na propriedade de casas de férias e de idosos pelos alemães. Hoje, muitos alemães na Namíbia são pequenos e médios empresários

Muitos nomes de lugares na Namíbia carregam nomes de origem alemã. A estrada principal da capital, Windhoek, manteve o nome Kaiserstrasse ("Rua do Imperador") até a independência da Namíbia em 1990.

Em Agosto de 2004, a ministra alemã do desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul , reconheceu a responsabilidade histórica e moral da Alemanha pelo genocídio do povo Herero e Nama após 100 anos. Como resultado, a Alemanha decidiu fornecer ajuda ao desenvolvimento para a Namíbia. Em Setembro de 2011, o governo alemão devolveu à Namíbia crânios de assassinatos da era colonial. Mais crânios e ossos são devolvidos durante cerimónias separadas em 2014 e 2018.

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