♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

♔ | VIVA A FAMÍLIA REAL PORTUGUESA! | ♔

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 13 de agosto de 2023

♔ | 13 DE AGOSTO DE 1433 - MORRE EL-REI DOM JOÃO I, 'O DA BOA MEMÓRIA'

Dom João I (Lisboa, São João da Praça, 11/04/1357 - † Lisboa, Castelo, 13/08/1433), foi denominado ‘O de Boa Memória’, pela grata recordação que deixou em todos os portugueses.

O 10.° Rei de Portugal era filho d'El-Rei Dom Pedro I e de Teresa Lourenço, que segundo uns seria filha do mercador lisboeta Lourenço Martins, o da Praça, Cidadão honrado de Lisboa, filho de Martim Lourenço; e, segundo outros, seria uma dama galega que estava ao serviço de D. Inês de Castro, tendo vindo no séquito de D. Constança Manuel.

Sendo Dom João filho bastardo do Rei Dom Pedro I e de D. Teresa Lourenço, o rei terá confiado a educação de D. João a Lourenço Martins "o da Praça" e a sua mulher D. Sancha Martins – quer fossem, de facto, os avós maternos ou não. Com a morte de Lourenço Martins, D. João foi entregue a D. Nuno Freire de Andrade, Mestre da Ordem de Cristo, que cuidou da sua instrução e educação.

E quantos feitos couberam nesta vida?!

Em 1363, Dom João foi designado Grão-Mestre da Ordem de Avis.

Em 1376, de uma ligação romântica com Inês Pires, uma mulher solteira, tem um filho natural, D. Afonso (futuro Conde de Barcelos e 1.° Duque de Bragança).

Sendo perseguido pela Rainha D. Leonor Telles, que inclusive, o manda aprisionar – sendo solto pelo meio-irmão El-Rei Dom Fernando, por intervenção do Conde de Cambridge –, é nesse cativeiro que nasce no Mestre a ideia de que o seu destino lhe reservava algo de grandioso.

Falecido D. Fernando I de Portugal, iniciou-se a Crise de 1383-85, pois os filhos varões do Rei, com D. Leonor Telles de Menezes, haviam morrido; e D. Beatriz (1372 - 1410), Infanta de Portugal, havia casado com D. Juan I, Rei de Castela, pelo que, sob pena de anexação de Portugal pelo Reino de Leão e Castela se pretendia mantê-la afastada da sucessão. E era fortíssima a ameaça da união – que soava a integração - de Portugal com Castela e Leão, resultado do Tratado de Salvaterra de Magos, de 1383. Também, a burguesia mostrava-se desagradada com a regência da Rainha D. Leonor Telles e do seu amante, o Conde D’Andeiro e com a ordem da sucessão.

D. João elimina, então, o Conde Andeiro, o valido da Rainha. João Fernandes Andeiro (c. 1320 - Lisboa, 6 de Dezembro de 1383), era um fidalgo galego natural da vila da Corunha (Andeiro-Cambre), que veio para o Reino de Portugal com o intento de se vingar do “aleivoso e cobarde fratricídio perpetrado por Henrique de Trastamara (Henrique II -13 de Janeiro de 1334 - 29 de Maio de 1379) contra D. Pedro I de Castela”; que ganhou a confiança do Rei D. Fernando e que se tornou uma das figuras mais influentes da corte e que interferiu na política portuguesa na segunda metade do século XIV, sendo inclusive agraciado com o título de 2.º Conde de Ourém.

A 6 de Outubro de 1384, Dom João é nomeado Regedor e Defensor do Reino.

Estava por essa altura o país fragmentado em três facções que reclamavam a legitimidade à sucessão:

De um lado estava o partido legitimista composto sobretudo pela Alta Nobreza, fiel a Castela, que defendia a causa da Infanta D. Beatriz, mulher do rei de Castela D. Juan I, a quem consideravam a única herdeira legítima do Rei de cujus, e entendiam vigorar plenamente o Tratado de Salvaterra de Magos, uma escritura antenupcial. que defendia a união dos dois reinos ibéricos, e ainda a regência da Rainha-viúva D. Leonor Telles, consorte do rei decesso.

Outro partido era o legitimista-nacionalista, a quem repugnava a ideia da perda da independência nacional – o que excluía D. Beatriz - e que era constituído pelos irmãos de D. Inês de Castro, D. Álvaro Pires de Castro e D. Fernando de Castro, e que defendiam a legitimidade da pretensão dos seus sobrinhos, o Infante D. João e o Infante D. Diniz, filhos do Rei D. Pedro I e D. Inês, e que portanto eram meios-irmãos do finado el-rei D. Fernando, e filhos legítimos de D. Pedro, pois que o rei Cru, havia por casamento clandestino desposado D. Inês.

O terceiro partido, estritamente nacionalista, pugnava por um Rei português e colocava a supremacia e independência nacional acima de qualquer legitimidade, o que excluía a Infanta D. Beatriz, rainha de Castela e os filhos de D. Inês de Castro que viviam em Castela e, inclusive, já haviam combatido por esse Reino. Era constituído por membros do baixo Clero, da baixa Nobreza, Burguesia e Povo, ou seja, por todos aqueles que viam neste partido a melhor forma de ascender socialmente e no caso da burguesia e do povo a mais evidente de adquirirem direitos sociais e políticos, que até então lhe estavam vedados. Para estes últimos partidários, nos quais se incluíam o fervoroso D. Nuno Álvares Pereira, não restava então outra solução do que esquecer as habituais regras de sucessão e considerar o trono vago – trono vacante -, como forma de salvaguardar a soberania nacional, elegendo como Rex Portucalensis D. João, Mestre de Avis, ainda que filho ilegítimo de D. Pedro.

O exercício de retórica para convencer a elite de Portugal congregada nos Três Estados, reunidos nas Cortes em Coimbra, a 06 de Abril de 1385, coube a João das Regras, que demonstrou que quer D. Beatriz quer os Infantes não eram filhos legítimos, a primeira porque o casamento entre D. Fernando e D. Leonor Telles de Menezes era inválido uma vez que o 1.º casamento da rainha não havia sido dissolvido legalmente, e que quanto ao filhos de Pedro e Inês o rei e os seus cortesãos havia prestado falsas declarações no que ao concerne ao casamento secreto de D. Pedro e D. Inês, embuste com a qual pretendeu legitimar os filhos. Já os argumentos do vigor no olhar perscrutante ficaram a cargo da presença de D. Nunes Alves Pereira – engrandecido pela vitória nos Atoleiros, a 6 de Abril de 1384 -, a vigiar os poucos velhos nobres, alguns com as bolsas cheias por Castela, embora a maioria da Alta Nobreza nem estivesse presente.

Assim, todos os ali reunidos renderam-se ao exercício de oratória empolada de João das Regras e aos argumentos musculados de Nun’Álvares – que tinha o seu “exército” aquartelado às portas de Coimbra - e D. João foi eleito e Aclamado Rei pelas Cortes. Rei de Portugal, não por “direito próprio”, mas por eleição unânime e instado pelos Três Estados o que de acordo pela Lei medieval correspondia a um sinal da vontade Divina. D. João I consolidou definitivamente a sua posição e a de Portugal ao ser proclamado Rei de Portugal pelas Cortes reunidas em Coimbra.

Apesar das sucessivas derrotas militares, como em Lisboa e nos Atoleiros, o rei Don Juan I de Castela não desistira da Coroa de Portugal, que entendia advir-lhe ius uxoris pelo casamento e opondo-se a tal resolução, responde invadindo Portugal, pela Beira-Alta, em Junho de 1385, e desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa. Quando as notícias da invasão chegaram, Dom João I encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o condestável do reino, e do seu exército, e mais uma vez, o chicote de Portugal, D. Nuno Álvares Pereira resolve tomar rédeas à situação e sitia as cidades que entretanto se converteram em fiéis a Castela. Avança e a decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português interceptou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha e a 14 de Agosto de 1385 tem a oportunidade de exibir toda a sua mestria e génio militar em Batalha. A Batalha de Aljubarrota representa uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da História de Portugal. No campo militar significou a inovação de uma táctica, onde os homens de armas apeados foram capazes de vencer a poderosa cavalaria medieval. No campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até aos dias de hoje, pois no ano seguinte foi assinado o Tratado de Windsor, aliança consolidada em 1387 pelo casamento de D. João I com a Princesa Inglesa Dona Filipa de Lencastre.

A Rainha Dona Filipa de Lencastre (em inglês: Philippa of Lancaster; Leicester, c. Março de 1360 — Odivelas, 19 de Julho de 1415), nasceu no Castelo de Leicester e era uma princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha mais velha de John de Gaunt ou Gante, 1.º Duque de Lencastre iuris uxoris , i.e., "em direito de uma esposa", e de Blanche de Lancaster. Neta do Rei Eduardo III de Inglaterra, quando tinha 18 anos, Philippa foi agraciada com a dignidade inglesa de Dama da Ordem da Jarreteira.

Lady Philippa foi primorosamente educada para uma mulher da época e estudou ciências com Frei John, poesia com Jean Froissart, e filosofia e teologia com John Wycliffe.

Foi no encontro com John of Gaunt, pai de Philippa, para negociar o apoio que o monarca português poderia dar à causa do duque inglês - que se proclamava rei de Leão e Castela e queria reconquistar o trono -, em Ponte de Mouro a 1 de Novembro de 1386, que D. João I tomou a decisão de casar com Philippa of Lancaster.

Assim, D. Filipa de Lencastre chegou a Portugal, com 27 anos – idade pouco comum para a época – e casa com D. João I, a 2 de Fevereiro de 1387, no Paço Episcopal anexo à Sé Catedral da cidade do Porto, tornando-se Rainha-consorte de Portugal. O matrimónio, esse, foi comemorado por todo o reino durante quinze dias, cimentando a Aliança Luso-Britânica. Em 1372, El-Rei D. Fernando de Portugal e o poderoso magnate inglês John de Gaunt, Duque de Lencastre (filho de Eduardo III de Inglaterra) firmaram uma aliança contra Castela e Aragão, que o duque se preparava para guerrear, aliança cimentada no Tratado Anglo-Português de 1373, e que é mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi com base neste Tratado de aliança que os ingleses, com os seus poderosos arqueiros, lutaram ao lado da Casa de Avis na Batalha de Aljubarrota, em 14 de Agosto de 1385. Depois dos ingleses lutarem ao lado dos portugueses contra os castelhanos e franceses na batalha, foi assinado o Tratado de Windsor, em 9 de Maio de 1386, com o intuito de renovar a Aliança. Foi no âmbito desta aliança que se organizou o casamento entre o Rei D. João I e a Princesa Philippa, para cimentar as relações e a aliança anglo-portuguesa.

Casamento de D. João I e D. Filipa de Lencastre, excerto da ‘Crónica de D. João I’ de Fernão Lopes:

‘E El Rei saiu daqueles paços em cima de um cavalo branco, em panos de ouro realmente vestido; e a rainha em outro tal, mui nobremente guarnida. Levavam nas cabeças coroas de ouro ricamente obradas de pedras de aljofar e de grande preço, não indo arredados um do outro, mas ambos a igual. Os moços de cavalos levavam as mais honradas pessoas que eram e todos de pé muito corregidos. E o arcebispo levava a Rainha da rédea. Diante iam pipas e trombetas e outros instrumentos que se não podiam ouvir. Donas filhas dalgo isso mesmo da cidade cantavam indo de trás, como é costuma de bodas. A gente era tanta que se não podiam reger nem ordenar pelo espaço que era pequeno dos paços à igreja e assim chegaram à porta da Sé, que era dali muito perto, onde dom Rodrigo, bispo da cidade, já estava festivalmente em pontifical revestido, Esperando com a cleresia. O qual os tomou pelas mãos, e demoveu a dizer aquelas palavras que a Santa Igreja manda que se digam em tal sacramento. Então disse a missa e pregação; e acabou seu ofício, tornaram El Rei e a Rainha aos paços donde partiram com semelhante festa, onde haviam de comer. As mesas estavam já guarnidas e todo o que lhe cumprira; não somente onde os noivos haviam de estar, mas aquelas onde era ordenado de comerem bispos e outras honradas pessoas de fidalgos e burgueses do lugar e donas e donzelas do paço e da cidade. E o mestre-sala da boda era Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal; servidores de toalha e copa e doutros ofícios eram grandes fidalgos e cavaleiros, onde houve assaz de iguarias de desvairadas maneiras de manjares. Enquanto o espaço de comer durou, faziam jogos à vista de todos, homens que o bem sabiam fazer, assim como trepar em cordas e tornos de mesas e salto real e outras coisas de sabor; as quais acabadas, alçaram-se todos e começaram a dançar, e as donas em seu bando cantando a redor com grande prazer.’

Chegada à corte portuguesa, D. Filipa não negou a Sua estirpe, e tratou de implementar o protocolo, etiqueta e regras do seu país natal. Também, a praxe das refeições foi alterada introduzindo se o hábito de se lavar as mãos antes e depois das refeições, os alimentos passam a ser manuseados de forma higiénica. Desempenhou, também, um importante papel na política da Corte e, apesar de não mais ter pisado solo inglês, não se manteve alheia da inglesa, correspondendo-se por carta com o pai e irmão o Rei Henry IV.

Do casamento com D. João I nasceu a Ínclita Geração: D. Duarte, de seu verdadeiro nome Edouard – influência inglesa da mãe -, que foi rei; o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra senhor de grande cultura , conhecido como o "Príncipe das Sete Partidas"; o Infante D. Henrique, Duque de Viseu e promotor e impulsionador dos Descobrimentos marítimos Portugueses; D. Isabel, mais tarde Duquesa de Borgonha, sábia administradora do território governado pelo seu marido, Filipe, o Bom; o Infante D. João, designado em 1418, Mestre da Ordem de Santiago de Espada; e o Infante D. Fernando, conhecido como o "Infante Santo", que morreu, em Fez. Ilustres filhos a que não foi alheia a educação ministrada pela Mãe.

A Rainha D. Filipa de Lencastre participou ainda com as suas ideias na idealização e construção do Mosteiro da Batalha. Não menos importante foi o seu incentivo à expedição a Ceuta.

A Rainha foi tocada pela peste em 1415, morrendo poucos dias antes da partida da expedição a Ceuta.

A 21 de Agosto de 1415 o exército Português sob o comando d’El-Rei D. João I de Portugal, desembarca em Ceuta, conquistando a cidade norte-africana.

Finda uma noite de intensa peleja, pela manhã de 22 de Agosto, Ceuta estava abduzida pelas tropas portuguesas, e coube a D. João Vasques de Almada hastear a bandeira de Ceuta, com os gomos brancos e pretos como na bandeira de Lisboa, e com o então brasão de armas do Reino de Portugal ao centro, e que perdura até aos dias de hoje.

Após a tomada da mais bela e mais florescente cidade da Mauritânia, no norte de África, El-Rei Dom João I procede ao ritual de armar cavaleiros os filhos D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique, que se haviam ilustrado pelas armas no campo de batalha.

Após a Santa Missa, os três Infantes, usando reluzentes armaduras, foram armados cavaleiros pelo Rei seu Pai, com a espada abençoada pela Rainha Dona Filipa de Lencastre, mulher de D. João I e mãe de tão Ínclita Geração.

Oficialmente, D. João I, que inaugurou a 2ª Dinastia, dita a 'De Avis' morre a 14 de Agosto de 1433, embora a data do seu falecimento tenha ocorrido no dia anterior. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

Imagem: Retrato de D. João I na Sala dos Reis na Quinta da Regaleira 


Em 1364 foi consagrado Grão-Mestre da Ordem de Avis. Nomeado Rei de Portugal nas Cortes de Coimbra de 6 de Abril de 1385. A 14 de Agosto do mesmo ano, vence a Batalha de Aljubarrota. Manda erigir o Mosteiro da Batalha. D. João I. Morre a 14 de Agosto de 1433.



Sem comentários:

Enviar um comentário