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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 30 de julho de 2023

A BATALHA NAVAL DE VILA FRANCA

Quadro alusivo à Batalha de Vila Franca 

No dia 26 de Julho de 1582, as forças afectas a D. António, o Prior do Crato (D. António I de Portugal), e as forças afectas a Filipe II (Filipe I de Portugal), travaram a “Batalha Naval de Vila Franca”, também conhecida na historiografia portuguesa como a “Batalha de Ponta Delgada”.

Esta “Batalha”, aconteceu no contexto da guerra civil que se seguiu à aclamação de D. António como Rei de Portugal, e à entrada de Filipe I de Espanha, na posse do “Reino Português”. Travada a sul da ilha de São Miguel, nos Açores, entre uma força Luso-Francesa, comandada por Filippo Strozzi, e uma armada espanhola (mas que incluía boa parte da armada portuguesa), comandada pelo marquês de Santa Cruz de Mudela, D. Álvaro de Bazán.

No contexto da crise de sucessão de 1580, os Açores declararam-se a favor de D. António, o Prior do Crato e, sob a liderança do corregedor ”Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos”, prepararam-se para a resistência armada. Mas, a aristocracia micaelense aconselhada pelo capitão do donatário na ilha, Rui Gonçalves da Câmara, futuro 1.º conde de Vila Franca em prémio dos seus serviços a Castela, adere ao partido de Filipe II, entregando a ilha voluntariamente. Por seu lado, na ilha Terceira, a nobreza e o povo de Angra, sede do bispado açoriano e residência do corregedor, decidiu manter a sua adesão á causa de D. António, tornando-se no principal centro de resistência à união Ibérica.

Filipe II de Espanha já havia consolidado a sua posição em Portugal e segurada a obediência do país, e numa tentativa de conciliação, envia emissários à Ilha Terceira, com a promessa de perdão pela rebeldia e algumas generosas honrarias. Mas esta proposta é recusada. Face ao insucesso da diplomacia, em Julho de 1581 Filipe II de Espanha envia uma expedição militar com o intuito de forçar a submissão da ilha, mas que sai derrotada na “Batalha da Salga”, sendo obrigada a retirar.

No Verão do ano seguinte, já quando o D. António se encontrava nos Açores com uma armada composta por cerca de 50 navios maiores e 20 mais pequenos, comandada pelo italiano e ex-marechal de França, Filippo Strozzi e, retomado parcialmente o controlo da ilha de São Miguel, Filipe II, envia uma nova e mais poderosa armada às águas dos Açores com o intuito de acabar com aquele foco de resistência, porque, não podia prescindir da posição geoestratégica do arquipélago no contexto do seu império ultramarino, já que os navios vindos das Caraíbas, do Atlântico Sul e da Índia os obrigava a que demandassem aquelas latitudes, para não se opor às pretensões açorianas de D. António.

A batalha de Vila Franca foi o maior recontro de toda a campanha entre as forças de Filipe II, e as forças afectas a D. António, prior do Crato, causando no conjunto das partes, mais de 2500 mortos. Foi a primeira batalha naval onde intervieram os grandes galeões, servindo de ensaio a novas tácticas e manobras. A vitória castelhana abriu caminho para o reforço naval de Castela, que levaria à ”Invencível Armada” premiando a experiência táctica do marquês de Santa Cruz de Mudela, D. Álvaro de Bazán, um veterano de Lepanto.

Com a derrota das forças afectas a D. António, seguiu-se um enorme massacre à população de Vila Franca do Campo, o maior de que há registo nos Açores. Este desfecho sangrento que culminou com as execuções de Vila Franca teve um importante reflexo em França, que a partir deste incidente mudou a sua postura política face a Castela.

Texto retirado do futuro livro “365 dias de História”.
Luís M. Cunha.

Bibliografia:
Meneses; Avelino de Freitas de. ”Os Açores e o Domínio Filipino (1580-1590)” Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1987; Amaral, J. M. S. C. Real e Amaral. «Ciprião de Figueiredo. Exemplo de Honra e Lealdade» in Biografias e outros escritos. Angra do Heroísmo, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1989; Alexandre Borges,” Histórias secretas de reis portugueses”. Ed. Leya, Lisboa, 2012;

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