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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 23 de julho de 2023

EM 22 DE JULHO DE 1550 MORRIA DOM JORGE DE LENCASTRE, 2.º DUQUE DE COIMBRA


Dom Jorge de Lancastre, 2º Duque de Coimbra, *Santarém, Abrantes, 11.11.1481 - †Setúbal, Setúbal, 22.07.1550, era filho bastardo do Rei Dom João II (*1455 - †1495) e de D. Ana de Mendonça (*1460); Neto paterno de Dom Afonso V, Rei de Portugal (*1432 - †1481) e de Dona Isabel de Portugal (*1432 - †1455) e neto materno de Nuno Furtado de Mendonça (*1420) e de D. Leonor da Silva (*1420).
Dom Jorge de Lancastre era filho bastardo do Rei Dom João II de Portugal com Ana de Mendonça, foi 2.º Duque de Coimbra, Grão-Almirante de Portugal, 13.º Mestre da Ordem de Santiago e 9.º Administrador da Ordem de Avis.
Nascimento e criação:
Aos três anos de idade seu pai mandou-o confiar para criar à sua única irmã, Santa Joana Princesa, já nessa altura professa em Aveiro. Ali foi educado, no Convento de Jesus, até à morte de sua tia em 1490, quando tinha nove anos, idade em que, a pedido do rei, veio acabar de se educar na corte junto do seu irmão,o príncipe Dom Afonso, e do jovem futuro rei Dom Manuel I, todos sob a égide da rainha Dona Leonor, que aceitou recebê-lo e dar-lhe os cuidados de mãe.
Porém, diante da prematura morte do príncipe, único filho da rainha, passou a custar a Dona Leonor manter esse papel, que tanto lhe avivava o seu natural desgosto, enviando-o então o rei seu pai para junto de João Vaz de Almada, fidalgo da sua maior confiança, guarda-mor d'el-Rei, irmão de Álvaro Vaz de Almada, Conde de Avranches, encarregando este seu criado predilecto de lhe dar a formação de príncipe que permitisse a Dom Jorge, apesar de ilegítimo, vir eventualmente a suceder no trono, conforme começara a desejar conseguir obter para o último filho que lhe restava.
Segundo refere António Caetano de Sousa, foi aluno do célebre latinista Cataldo Sículo desde tenra idade. No seu tempo foi também tratado Dom Jorge como Duque-Mestre, na junção simplificada das duas maiores dignidades que deteve: Duque de Coimbra, e Mestre da Ordem de Santiago. Foi também administrador da Ordem de Avis. Recebeu o senhorio de Aveiro, que antes integrara o Ducado de Coimbra do seu bisavô o infante-regente Dom Pedro, por carta régia de 12 de Abril de 1502. Os estados e a Casa do Duque-Mestre foram instituídos de juro e herdade para todo o sempre, fora da Lei Mental, o que significa juridicamente que passariam todos os seus bens e senhorios eternamente pela sua descendência legítima, masculina ou feminina, sem necessidade de qualquer confirmação régia na sucessão.
Casa própria e casamento:
Dizem que era de baixa estatura, culto e de boas maneiras.
Conta-se, também, que sendo ainda de pouca idade o pai quis casá-lo com uma filha dos reis de Castela, Fernando e Isabel, com vista a assegurar-lhe um futuro real. Para isso, mandou Dom João II, secretamente a Castela, Lourenço da Cunha que foi levado à presença da Rainha Isabel a católica.
Exposto o assunto, a rainha, com manifesta cortesia e ironia, respondeu ao fidalgo português que não poderia casar a sua filha com um bastardo, embora real. E acrescentou que, como o seu marido (Fernando) também tinha uma filha natural, talvez pudessem tratar desse outro casamento. Incomodado, Lourenço da Cunha que tinha respostas rápidas, terá dito: "Senhora, El-Rei meu Senhor, não pretende tanto aparentar-se com El-Rei Don Fernando, mas com V. M., por isso se V. M. tiver outra filha bastarda, ele a tomará para seu filho."
Dom Jorge, por ser considerado Pessoa Real, visto ter sido legitimado por seu pai, e não sendo embora filho ou neto de infante, era tratado por "Senhor Dom Jorge", e não por Duque, visto em Portugal a simplicidade máxima piramidal nos tratamentos ser privilégio exclusivo dos mais elevados escalões sociais. Pela mesma razão, e à semelhança da família real de que fazia parte, e tal como outrora o primeiro Duque de Bragança, filho natural de Dom João I, não usou qualquer sobrenome.
Os Estados e Casa do Senhor Dom Jorge foram-lhe sendo atribuídos por mercê régia ao longo dos anos, tendo acumulado grande fortuna, própria de príncipe da Renascença.
A 12 de Abril de 1492, com apenas onze anos de idade, foi investido pelo pai nos cargos de mestre de Santiago e de administrador da Ordem de Avis. Foi em adulto criado duque de Coimbra e alcaide-mor da mesma cidade, com o padroado das suas igrejas, senhor das vilas de Montemor-o-Velho, com todas as suas rendas, de Penela, Reguengo-do-Campo, do lugar de Pereiro, da terra de Castelo Novo, Alcácer, Ponte de Almeara, dos lugares de Aboril, de Condeixa, da Lousã, do Casal de Álvaro, da terra de Dalbaster, acima de Águeda, da vila de Aveiro com suas lezírias e ilhas dentro da foz do Vouga, dos coutos de Avelãs de Cima, de Ferreiros, de Reguengos, de Coimbra e da vila de Torres Novas; e ainda senhor da beetria de Amarante, das honras de Ovelha, de Canaveses, de Galegos, Paços de Goselo, Gondim e Santo Isidro.
Dom Manuel I criou o 2.º duque de Coimbra ao dar-lhe casa, a fim de cumprir os últimos desejos do testamento do seu primo e cunhado Dom João II; Dom João III virá a criar o Duque de Aveiro o Marquês de Torres Novas, título já antes dado ao filho primogénito sucessor da casa de Dom Jorge, a quem não será permitido depois dele a continuação do uso da designação de Duque de Coimbra, por ser esta cidade ducado da coroa.
Dom João II, antes de morrer, havia pedido ao seu cunhado e sucessor que continuasse a servir de pai ao filho Dom Jorge, e o casasse na idade própria com a primeira infanta, sua filha, que lhe viesse a nascer depois de casado. Porém o rei o mandou casar com D. Brites de Vilhena (1483-1535), em 1500, senhora que, não sendo infanta de Portugal, tinha no entanto a mesma varonia real ilegítima, ao ser filha do Senhor Álvaro de Bragança, irmão de D. Fernando II, Duque de Bragança e de sua mulher D. Filipa de Melo, Condessa de Olivença.
Dom Jorge de Lancastre morreu em 1550 e foi sepultado na Igreja de Santiago de Palmela, no interior do castelo da cidade, onde funcionava a sede da Ordem de Santiago.
Descendência:
Dom Jorge teve vários filhos do seu casamento com D. Beatriz de Vilhena. Toda a sua geração portuguesa se encontra descrita no conhecido livro A Descendência Portuguesa de El-Rei Dom João II, pelo coronel Fernando de Castro da Silva Canedo. Essa descendência vem usando o apelido sob a forma original Lancastre, mais perto do inglês, e não Lencastre, como depois também foi conhecido este sobrenome, oriundo da rainha Dona Filipa de Lancastre (Lancaster), mulher de Dom João I.
Filhos:
- Dom João de Lancastre, 1.º Duque de Aveiro, 1.º Marquês de Torres Novas
- Dom Afonso de Lancastre, 1.º Comendador-Mor da Ordem de Santiago (c. 1505), casado com D. Isabel Henriques (c. 1510)
- Dom Luís de Lancastre, 1.º Comendador-Mor da Ordem de Avis (c. 1505 - 1574), casado em 1540 com D. Madalena de Granada (c. 1510) – filha de João de Granada e de sua mulher Beatriz de Sandoval, que era, por sua vez, filho natural do rei de Granada Abu Haçane Ali e de Isabel de Solís, com descendência
- Dom Jaime de Lancastre, Prior de São Pedro de Torres Vedras, 1.º Inquisidor-Geral do Reino
- Dona Helena de Lancastre, Comendadora do Real Mosteiro de Santos
- Dona Maria de Lancastre (Soror Maria Madalena), Religiosa no Mosteiro de São João, em Setúbal
- Dona Filipa de Lancastre, Prioreza do Mosteiro de São João, em Setúbal
- Dona Isabel de Lancastre, Religiosa no Mosteiro de São João, em Setúbal, e depois no Real Mosteiro de Santos.
E também teve vários filhos naturais:
- Dom Jorge de Lancastre
- Dom Jorge de Lancastre
- Dom Jorge de Lancastre (Frei Antônio de Santa Maria) (? - Leiria, Leiria, 16 de Maio de 1623), 6.º Bispo de Leiria (1616-1623)
- Dona Joana de Lancastre
- Dom Sérgio de Lancastre
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"A Filiação ilegítima dos Reis de Portugal:
A Filiação ilegítima dos Reis de Portugal foi sempre tema recorrente ao longo da História – dos 26 que tiveram filhos, só dois ou três os não terão tido também, que se saiba, fora do casamento.
Entendendo-se por “ilegítima” toda a filiação nascida fora da constância do casamento, podiam estes reais filhos ser de duas “qualidades” distintas:
“Bastardos” - quando filhos de uma relação extra-conjugal de Rei casado, ou “Naturais” - quando filhos de Rei não casado à data do nascimento.
A Heráldica, ciosa da “qualidade” dos detentores das Armas, representava tais filhos de forma distinta, conforme se demonstra nestes dois brasões da autoria de Frei Manuel de Santo António e Silva, Rei-de-Armas d´El-Rey D. José I.
Nas Armas Reais da direita, um filete de negro posto em contrabanda e atravessante sobre tudo, representando um filho bastardo d´El-Rey.
Nas da esquerda, uma cotica em banda, representando um filho natural d´El-Rey.
(é curiosa a subtileza do Rei-de-Armas (ver fotos em baixo) ao qualificar os filhos d´El-Rey utilizando apenas iniciais – N para Natural, B para Bastardo - , quiçá para atenuar o estigma de tal “qualidade”)" (por, José Luís Espada-Feyo).




(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, GeneAll, Wikipédia e José Luís Espada-Feyo)

HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro 

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